SÓCIOS FUNDADORES E CENTRO RECREATIVO E CULTURAL DE SANTO ANDRÉ HOMENAGEARAM BERNARDINO AZEVEDO


No passado dia 29 de outubro, foi promovida uma singela, mas sentida homenagem, com descerramento de placa comemorativa pelos cinco sócios fundadores ainda vivos em colaboração com o C.R.C. de Santo André, ao sócio fundador e principal impulsionador da construção deste Centro Recreativo e Cultural - BERNARDINO ANTÓNIO AZEVEDO  
Aos muitos presentes, que se associaram nesta homenagem, dos quais destacamos o Presidente da Câmara de Mangualde, Marco Almeida e o Presidente da União de Freguesias de Mangualde Mesquitela e Cunha Alta, Carlos Gonçalves, o senhor Carlos Rodrigues, também ele sócio fundador, deixou as seguintes palavras que expressam o sentimento de gratidão que todos têm pela construção deste Centro e para com Bernardino Azevedo.
“A nossa história é terreno fértil, narra e faz reviver um passado que não queremos esquecido, enaltece factos e ressalta obras de um passado, ora longínquo ora recente, que de alguma maneira terá influenciado a nossa vida comunitária. Relembramos também o fim de muita gente, muitos amigos, mas que foram eles que deram grandeza e sentido á nossa comunidade. A nossa história encerra os momentos mais marcantes do nosso povo e também daqueles que nos precederam. Por isso é sempre bom relembrar a herança, o legado, a relíquia, as recordações que as gerações passadas nos legaram. Boas ou más, serão sempre lembranças, e que com maior ou menor valor foram elas que fizeram de nós aquilo que hoje somos. A essência de um povo está nos seus costumes, na sua cultura e tradições, na forma como transforma aquilo que a Natureza lhe dá e utiliza aquilo que lhe é legado. Deu-nos uma terra generosa, por isso devemos oferecer o melhor que por cá se faz. Brindou-nos com uma paisagem maravilhosa, de montes e vales a perder de vista na linha longínqua do horizonte. Somos gente humilde, trabalhadora, empreendedora, e de muita iniciativa, amiga do seu amigo, sempre disposta a colaborar nas mais diversificada atividades populares, gentil e doce, que sabe receber como ninguém, mas também muito apegada e orgulhosa de um passado brilhante.
PASSADO QUE É A NOSSA HISTÓRIA. A história não é um cemitério, um lugar de mortos, terreno inóspito de sombras e penumbras, de esquecimento. Pela veneração, pelo respeito que sentimos pelos nossos antepassados que partiram, mas que a pulso construíram e nos deixaram tão vasto e rico legado, será justo recordarmos com carinho estes que humanamente tanto nos marcaram. Foram eles que escreveram a letras de ouro a NOSSA HISTÓRIA, talvez na esperança de verem perpetuado nas gerações presentes e vindouras o orgulho, o brilho, a raça da nossa comunidade e das nossas gentes, que nunca virou a cara ás dificuldades e á luta. 
É ESTA COM ORGULHO A NOSSA HISTÓRIA.  
Passavam os murmúrios dos anos, num fumo sentimental e contemplativo. Eram vários os movimentos desportivos, culturais e recreativos desta aldeia, mas não existia um espaço com dignidade e conforto para o acolhimento e desenvolvimento desses grupos. Sentia-se a existência de uma enorme lacuna. Mas paira no ar a ideia de construir um local digno e apropriado. Rapidamente criou raízes profundas e avidamente é absorvida pela população da nossa aldeia. Traçam-se diretrizes, agendam-se reuniões no largo do Outeiro e na escola primária. Estava em marcha o plano para a construção do C. R. C. de Stº André. A população dá-lhe corpo e um grupo de homens e mulheres de vontade férrea “de antes torcer que quebrar”, gente com alma, dá-lhe espírito. Vivia em nós o futuro porque já sentíamos a aurora que havia de vir.  
E aos dezassete dias do mês de Junho de 1985 pelas 22 horas, reuniu-se em assembleia um elevado numero de pessoas residentes e naturais desta povoação de Stº André afim de tomarem conhecimento da existência de um projeto para a construção de um Cento Social, com finalidades recreativas e culturais e definir a localização do local de implantação.  
Era o despertar de um sono brando que em nós ressuscitava a esperança, havia que transformar esse sonho em realidade. E no dia 2 de Março de 1986, realizou-se no largo do Outeiro em Stº André pelas 10,30 horas, com representantes de todas as comissões e direcções dos grupos existentes, para analisar a possibilidade do denominado baldio do campo de jogos, ser feita a doação ao C. R. C. de Stº André (era a única maneira de obterem subsídios) 
A vontade foi a força e aos 25 dias do mês de Junho de 1986, reuniram-se os 9 elementos da comissão eleita, com a finalidade de entre si distribuírem os respetivos cargos dos órgãos sociais. 
E assim : 
Assembleia geral 
Presidente - Maria Elisete Ferreira; 1º secretário - António Azevedo Amaral; 2º secretário - José Manuel Rodrigues;
Direção  
Presidente - Bernardino António Azevedo; Secretário - Pedro Pais Amaral; Tesoureiro - Adrião Pais Almeida e Silva;  
Conselho Fiscal  
Presidente - Jorge Adelino Coelho de Sousa; Relator - Carlos Alberto Santos Rodrigues; Vogal - Pedro Coelho Costa;  
Estava formada a 1ª direção do Centro Recreativo e Cultural de Santo André. 
Nasce a obra que de campos incultos irá lavrar a sua história e:  No dia 25 de Setembro de 1985 é feita a escritura do C. R. C. Stº André com a finalidade de promover atividades culturais e recreativas, agrupando todos os movimentos existentes e que viessem a existir. O homem sonhou e a obra nasceu. Quatro trabalhosos anos durou a sua construção: 1985/86/87/88. 
Mas a história por si é feita de pequenas e grandes histórias….. AAAhhh…. Como me lembram ainda aqueles longínquos dias 7 e 8 de Setembro de 1985, de muito muito boliço e confusão com a festa da Srª do Castelo em que toda a população se mobilizou para trabalhar numa “barraca” de comes e bebes que rendeu a avultada soma que ultrapassou trezentos contos (repito 300 contos em 1985 há 37 anos), que ajudaram a alavancar a construção e o avanço das obras. 
Mas os líderes são intemporais, e a liderança é a conquista da confiança, não há melhor modo de mandar ou ensinar do que através do exemplo, do saber persuadir sem impor, do convencer sem atrito. Bernardino Azevedo foi um líder de uma força inquebrantável, incondicionalmente um mobilizador das massas trabalhadoras, incansável nos seus propósitos, um homem que sonhava e tinha na fronte o destino que o fazia avançar. As obras não param com o trabalho esforçado do Pedro Pais Amaral, o querer prestimoso do Aurélio Rodrigues, a força inefável do Adrião Silva, o apoio logístico na organização documental do Jorge Sousa. Entusiasticamente toda a população aderiu a esta causa que reconheciam ser necessária nobre e justa, sempre impulsionados pela capacidade mobilizadora do Bernardino Azevedo, incondicionalmente apoiado pela sombra amada e inspiradora da sua excelsa esposa a D. Dores, e na sua essência humana apoiado por seu irmão Fernando (Náná) e muitos outros aqui não citadas mas de igual valor, enlevados de um sonho imorredoiro.  
Muitos dias aqui se passaram em saudável convívio… E a obra avançou…. E foi concluída. Foi feita a sua inauguração com pompa e circunstancia no 20 DE AGOSTO DE 1989, além de toda a população de Santo André, muitas individualidades e o Sr. Presidente da Câmara de Mangualde, Dr. Mário Videira Lopes. 
O Bernardino idealizou, trabalhou realizou e concluiu o seu sonho. 
Um louvor também aos anónimos que tanto e tanto trabalharam para que esta obra fosse hoje uma realidade e o nosso orgulho.  
É hoje esta a nossa casa, com uma história de muito trabalho, muito suor e algumas lágrimas.”