Aleitamento materno e amamentação


Uma das alegrias da maternidade deveria ser o ato amamentar, a existência deste momento único de união entre a mãe e o bebé, confere um vínculo emocional que prevalece na memória de cada mulher e dá conforto ao recém-nascido. Muitas são as campanhas que fomentam este comportamento, com informações difundidas e mobilizadas por vários mediadores, no entanto ainda existe uma dúvida escamoteada: dar leite materno exige amamentar?
Para os mais puristas, tal ideia apenas é ajustada quando a mãe não tem competência para ter leite, quase sempre suportada por motivos médicos, porque existe um dever maternal em amamentar. É frequente a mãe querer amamentar, mas devido a complicações com a mama, mais especificamente com o mamilo, a alegria passa a sofrimento, que passa a dilema: “Se tenho dor, se tenho os mamilos em ferida, porque devo manter este sofrimento?”, e depois surge este pensamento, “Mas se deixo de amamentar, prejudico o meu filho (a), então vão pensar que sou má mãe!”
Glorifica-se o aleitamento materno, o bem mais precioso nos primeiros meses de vida de um filho, e minimiza-se as complicações maternas da amamentação. Porque ser mãe é uma caminhada de sacrifícios, e a dor faz parte dessa caminhada…. Será? Esse papel submisso imposto por ideologias machistas, já deveria estar obsoleto, mas verifico que é continuado por muitas vozes iluminadas, e tristemente, femininas. Informar que os mamilos ficarão expostos a agressões nunca antes sentidas, que o frio será um grande aliado para o alívio da inflamação, seria algo óbvio, e até quase intuitivo para quem apoia a recente mãe. Mas tal não acontece, seja por falta de tempo, por ser um assunto delicado, seja qual for o motivo, muitas mulheres desistem de amamentar após semanas terríficas de dor, sangue e lágrimas. Mulheres que incutem culpa por não dar o seu leite, e que são impelidas para as latas do leite artificial (sabia que existe uma lei que obriga a colocação de informação a favor do aleitamento materno no leite artificial?). Mulheres que podiam ser ajudadas durante o desconforto mamário, a extrair o seu leite materno para aliviar as dores de uma ferida exposta, ou um mamilo dorido pela sução ávida do seu filho. Porque essencial é dar o leite materno, sem dor ou desconforto. Amamentar é benéfico para os dois, criar aquele olhar recíproco com sorrisos silenciosos, e sentir uma sintonia nos afetos. O leite materno é o tesouro, mas dar mama não tem que ser um suplicio. Peça ajuda, não desista, afinal é uma experiência única que ninguém a pode substituir!