EDITORIAL Nº 834 – 1/12/2022

As Promessas…
As promessas devem ser cumpridas!…
Em 1962 o Escritor Brasileiro, Anselmo Duarte, que mais tarde pertenceu à Academia Brasileira de Letras, escreveu um livro que serviu de argumento para o filme “O Pagador de Promessas”.
O filme teve imenso suceso no Brasil e no Mundo, conquistando a Palma de Ouro em Cannes.
A personagem o “Zé do Burro”, um homem simples, humilde fez uma promessa para salvar o seu maior amigo o burro chamado Nicolau.
Promessa muito difícil de concretizar, mas que quis cumprir a ponto de se envolver num confronto violento e ter morrido.
Este filme curioso, cheio de críticas sociais vai desencadear a Reforma Agrária.
Este “Zé do Burro” só não cumpriu a sua promessa porque foi perseguido, violentado, morto.
Hoje, há muita gente a fazer promessas, mas com a convicção de não as cumprir. Por isso, a fazer promessas falsas. O que é uma promessa falsa?
É a promessa que não é cumprida por quem promete. São promessas vazias. É o que em Filosofia se chama de falácia. Falácia vem do latim e significa enganar. São raciocínios aparentemente verdadeiros, mas que não têm concretização. Um argumento falso, um logro, um engano, em suma uma mentira.
Vivemos num mundo em que se perdeu a consideração pela palavra. Tempos houve em que a palavra tinha peso.
Temos visto nos últimos anos uma tal quantidade de promessas, que nunca se concretizaram. E últimamento assistimos a algumas, que a concretizarem-se só serão vistas e utilizadas pelos nossos netos ou bisnetos.
E quais são? Basta ler os Jornais, ver grandes títulos, grandes anúncios. Depois vamos ler o texto e não há nada de concreto. É para fazer, é para ser feito. Mas quando?
O Título serve para chamar a atenção, o texto para desculpar o incumprimento.Há sempre um “mas”!
Já houve Governos que prometeram o comboio de alta velocidade. Não era uma ligação a Espanha, nem duas, nem três, nem quatro. Eram cinco!
Com a pandemia como desculpa, hoje não há uma única ligação ferroviária, decente, a Espanha.
O velhinho Sud Expresso foi desativado há dois anos e o Comboio Hotel Lisboa – Madrid levou o mesmo caminho.
Novo Aeroporto em Lisboa, Comboio em Viseu, Barragem de Fagilde, tudo promessas.
O grande Economista Keines, figura notável do Sec. XIX, tem uma frase que diz tudo – “A longo prazo estamos todos mortos”.
Daqui se conclui, hoje, que os nossos territórios do Interior morrem todos os dias. Até não haver mais território para morrer.
Esquecem-se que um Território é um somatório de Gentes, com as suas crenças, as suas felicidades, amarguras, a sua solidão e esquecimento.
O Governo votou ao abandono as pessoas do Interior nas suas mais elementares necessidades básicas.
Há por parte do Governo um sentimento de esquecimento, distância e ausência de Estado.
É assim que está o Interior com as suas assimetrias regionais e sociais.
Só um Deus nos pode salvar!