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Portugal dendrodescoberto

Esse, o título deste ano do habitual cartão de boas festas do Doutor Jorge Paiva, botânico, da Universidade de Coimbra. Mais um alerta para os erros cometidos ao longo de séculos.
A mostrar como a desflorestação contribui – eficazmente! – para a progressiva aridez do solo. Não se favorecendo a plantação de árvores capazes de proporcionarem a fixação de mais e variadas espécies vegetais, o desastre ecológico está à vista – e mostra Jorge Paiva a fotografia do Pico da Nevosa, Serra do Gerês: «deserto rochoso, sem árvores nem arbustos». Incêndios, cheias, intenso desequilíbrio climático…
Há que limitar drasticamente a opção por pinheiros e por eucaliptos («facilmente inflamáveis pela elevada concentração de produtos aromáticos voláteis dos eucaliptos e resina dos pinheiros») e privilegiar espécies como o castanheiro, a azinheira, o sobreiro… Aliás, o caminho a seguir está devidamente sinalizado, toda a gente o conhece, falta é vontade política para por ele decisivamente se encarreirar.
E o Doutor Jorge Paiva bem o verbera:
– «o abandono a que foram votadas as serras pela diminuição de técnicos florestais»;
– «como já não há Serviços Florestais»…
Por isso, «um país florestal que éramos está a transformar-se num Portugal dendrodescoberto (do grego dendron = árvore), sem água e com enorme perda de biodiversidade».
Daí o seu voto: «Que a época festiva do final do ano ilumine a consciência de todos para que não se continuem a destruir e poluir os ecossistemas naturais».
E não são apenas as montanhas do Norte e Centro do país. É um dó d’alma ver olivais e mais olivais, a perder de vista, nas terras alentejanas!… Rega gota a gota, oliveirinha ao pé de oliveirinha, para se carregar de azeitona. Nada mais no chão. Nem erva nem bicheza – que nem para os bichos comida há! Quatro-cinco anos, uma fartazana! Depois, amigos, já não rende, a teta secou, ala que se faz tarde!…