TEMPO SECO

Paradoxal Peritagem
Se a questão não fosse tão dramática até haveria razão para rir.
Integrados num contingente da EU, Portugal enviou para o Chile, o mês passado, 144 peritos de coordenação do combate a incêndios florestais. Destes “diligentes peritos” trinta não levaram o equipamento complementar de proteção ( proteção de última linha), embora esta dotação tenha sido previamente articulada com a famosa ANEPC - Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.
Todavia, o estranho, nem é o esquecimento do equipamento complementar de última linha, porque já sabemos como a nossa proteção civil funciona. Mas, a existência de tanto perito de “coordenação” do combate a incêndios, num país que deixou arder toda a sua floresta, restando o matagal de infestantes, que cresce agora nas áreas ardidas, e algumas fileiras de eucaliptos, que são protegidos, pelo pessoal afeto às empresas exploradoras.
A nossa proteção civil, que nunca serviu para nada de útil, além da desorganização que veio induzir ao combate aos incêndios, desde a a sua criação, e que tem servido de refúgio, aos clientelismos políticos, dos partidos da governação, não passa de uma organização trapalhona, igual a tantas outras criadas neste indigente país, cuja finalidade assenta na sustentação de inaptos boys, que nada sabem coordenar, além da angariação votos, em atos eleitorais, para os seus astutos fundadores.
Se existem, tantos e bons peritos de coordenação do combate aos incêndios, porque esperam para coordenar a necessária prevenção, em tempo útil: antes das primeiras ignições, que o tempo mais quente atiça?! Alguém os vê, providenciando qualquer ação, para o fim a que as suas capacidades de peritos suscitam? O tempo urge. É em tempo de tréguas, que se preparam as defesas. Só não o vê quem está incapacitado de o ver. Os nossos peritos e quem os articula, nada vêm, porque não são peritos de coisa alguma, além da peritagem que fazem mensalmente, às importâncias, do erário público, e que lhes caem nas contas bancárias.
Os verdadeiros peritos, existiram na meada, do século passado. Eram os camponeses que viviam nas proximidades do traçado da linha do caminho de ferro, de locomotivas ainda a vapor, que acorriam todos e imediatamente logo que vislumbravam qualquer indício de ignição, e apagavam com ramos e terra escavada do chão esses flagelos, antes de ganharem as proporções gigantesca como hoje, em que os peritos ficam a aguardar que uma barreira natural, caminho, estrada ou milagre os detenha, para, eles, então coordenarem, um exército de viatura e homens, depois de tudo arder.
Dizer que os incêndios não são uma questão política, é pura mentira. Nunca antes do 25 de Abril de 1974, se viveu este drama com tanta intensidade e com a devastação de vidas humanas, ambiental e económica dos 50 anos procedentes. Assim, a política de liberdades de alto risco, que se vive desde essa data, e a praga de chulos que se sustentam à custa deste drama, é a causa e o efeito desta dramática situação, por demais insustentável, e o preço de uma democracia sem regras, que se institucionalizou neste podre país, que jamais deixará de ser o “rabo da Europa”.