TEMPO SECO

Elogio ao Pessimismo
Nos últimos tempos tem-se falado muito do pessimismo dos portugueses, em relação ao relançamento robusto da nossa economia, de forma a abandonarmos a nossa persistente e incómoda posição de cauda da Europa.
Como pessimista contumaz que sou, vejo-me obrigado não só a defender esse pessimismo coletivo, que só peca por ser demasiado serôdio, como a minha visão cética da nossa vida, no contexto mundial.
Tal como acontece com o otimismo, há dois tipos de pessimismo: o ativo e o passivo. O último caracteriza-se pela aceitação fatal da adversidade, mas o primeiro implica uma luta para evitar que a mesma aconteça.
Considero-me um pessimista ativo, ou seja uma pessoa que pensa sempre que vai acontecer o pior e ativa os meios disponíveis para que não aconteça. Parece-me uma atitude mais saudável, que a dos otimista passivos, que cruzam os braços na esperança de que o futuro lhes seja favorável. O exemplo mais notório do otimismo passivo é António Costa, que confunde a realidade com os seus sonhos de grandeza ilimitada até ao limite máximo, e até que a desgraça lhe caia em cima e nos arraste a todos com ele.
A História está cheia de pessimistas que mudaram os acontecimentos e o rumo da História. Aí estão: Júlio César, Cromwell, Robespierre, Lenine e Churchill ao qual , até, de catastrofista apelidaram, pelo seu alerta insistente sobre as intenções beligerantes e hediondas de Hitler.
Também há muitos exemplos de otimistas que tentaram fazer frente à realidade. Napoleão parece-me o exemplo mais claro. O seu fracasso provocou a restauração da monarquia absolutista em França.
O principal perigo do otimismo é a sua crença imensurável no progresso. Rosseau, Locke e Hengell foram os três grandes culpados de terem difundido a perniciosa e ingénua ideia de uma evolução racional do mundo, do triunfo de uma ordem ideal sobre a realidade caótica. Mas, não é assim. Pretender que a etapa histórica em que vivemos seja uma fase superior, não deixa de ser uma suposição errada, porque mesmo com Internet e todas as facilidades que ela apresenta hoje, não superamos as muitas vantagens do agora verdadeiro, a tecnologia é apenas um meio, mas não um fim.
Ser otimista comporta uma perigosa confiança no futuro, que pode não acontecer e acarretar uma incorreta valorização das situações atuais. Ser pessimista supõe buscar a verdade por trás da aparência enganosa das coisas.
É muito mais fácil gozar a vida sendo pessimista que otimista, porque enquanto espera o mal o bem é sempre uma grata ajuda, ou uma espécie de dádiva inesperada.
O grande erro dos otimistas é não crer no azar. Mas, o azar existe e condiciona a nossa vida. O otimista é um determinista que crê numa imaginária harmonia universal da qual ele faz parte e isso não existe. O pessimista gravita sobre a dúvida. O otimista sobre a certeza. O primeiro possui uma atitude realista da nossa frágil existência, o segundo empurra-nos para ideias de uma certeza inexistente e absolutistas. Todavia, a experiência empírica demonstra, quase sempre, que o pior é o mais certo e o melhor o mais incerto.