Síndrome de Burnout: a pressão em época de exames


“A Síndrome de Burnout é definida pela exaustão física, emocional ou mental acompanhada por motivação e desempenho reduzidos e atitudes negativas em relação a si mesmo e aos outros. Resulta de um esforço elevado para satisfazer as exigências solicitadas explicita ou implicitamente, até que a sobrecarga de trabalho é tal forma elevada e prolongada, que a pessoa entra em crise.” Disponível em https://www.oficinadepsicologia.com/burnout-em-epoca-de-exames/
Recordo-me, em tempos que fui estagiária num serviço de Psiquiatria, a quantidade de rapazes e raparigas internadas por privação de sono devido às horas de estudo para entrar a faculdade. Era difícil de alcançar ao estado de sofrimento emocional e psicológico daqueles adolescentes, quando nós próprios ainda eramos adolescentes… O olhar vazio, os tiques nervosos, o medo constante de desiludir, eram os sinais da proximidade da hora da visita. Seria de se esperar, uma recepção entusiasmada, mas o silêncio constrangedor e os olhares acusadores eram os comportamentos aguardados. Sorte, de quem os tinha, porque muitos dias eram ausentes de visitas, potenciando ainda mais o sentimento de rejeição e desilusão, implicitamente sentido pela família mais próxima.
Todos sabemos a exigência de obter melhores notas para ter aprovação, validação na sociedade, neste caso, na comunidade escolar ou académica. Tudo é medido em números, e é apenas valorizado o resultado final. O esforço, a dedicação são estandartes para o sucesso escolar, no entanto por serem subjetivos e difíceis de quantificar, mantém-se ocultos na avaliação final. Temos futuros adultos, ansiosos para estabelecer objetivos que agradem os pais, avós e amigos, desconetando do momento de aprendizagem. No fundo apreender conhecimento é algo idealista, o que é fundamental é “despejar” a matéria no papel, e ter a nota que faz sorrir os pais.
As ferramentas para atingir o sucesso escolar, são lógicas e acessíveis a qualquer aluno: Gestão de tempo (planear antecipadamente o estudo); manter-se saudável (ter um ritmo de sono regular e boa alimentação, previne o desgaste físico); Descansar (com atividades que sejam prazerosas, para manter o foco no estudo). No entanto, esquecemos, dentro do papel familiar, que devemos de fornecer um ambiente seguro, onde a exposição dos medos e ansiedades são aceites e potenciar o processo de ser pessoa, através do reforço e apoio nos momentos mais negativos. Motivar que tem capacidade para atingir, de forma realista, o que quiser. Afinal dizer “Sinto muito orgulho de ti”, custa assim tanto? Consolar nos momentos mais difíceis da vida, é uma das variadas formas de amar….