Conflitos de interesses na saúde


Há sempre polémica quando se fala de um profissional ou técnico de saúde, que tenha conflitos de interesses no cuidado ao utente. Existem códigos que regem as profissões dedicadas à saúde, priorizando sempre os benefícios da pessoa a ser tratada. Deontologia, ética, valores, moralidade, todos sustentam o profissionalismo da pessoa que trabalha na área de saúde, como passo a citar “…exige que coloquemos os interesses daqueles que servimos acima dos nossos próprios, e obriga à definição e manutenção de padrões de competência e integridade.”
https://academianacionalmedicina.pt/Backoffice/UserFiles/File/Documentos/Conflitos.pdf
De fato, a confiança e prestígio de quem trabalha na área, é suportada por esta premissa, em que a população confere o estatuto social com base no grau de excelência de valores, que são a integridade e a competência!
A verdadeira assimetria entre relação do profissional de saúde e utente, ainda é muito evidente na realidade portuguesa, em que o médico omite informação ao utente, por motivos variados (linguagem não adaptada ao utente, falta de tempo….), colocando as escolhas de tratamento, apenas na decisão do médico. Esta atitude autoritária, deve-se à falta de literacia da população em geral, tendo sido bastante valorizada no regime Salazarista, com base na desigualdade ao acesso ao ensino. Nos tempos que correm, esta atitude é tolerada pelos utentes por uma questão de cortesia, no entanto diminui a confiança para com os profissionais de saúde, em geral.
A descredibilização dos profissionais de saúde devido a interesses pessoais, tem sido bastante alimentada pela impressa, que expõe (E bem!) patrocínios para benesse pessoais, sem qualquer benefício para a pessoa\ população.
A remuneração é sempre o tema que fundamenta este desvio do profissionalismo e integridade, no entanto, tudo isto foi gerado por várias décadas em canalizar o sistema para a comercialização
O diminuto tempo para consultas; a subcontratação de médicos, enfermeiros e outros técnicos; a destruição de condições para a constituição e estabilização de equipas multidisciplinares; a falta de capacitação de trabalhadores com funções auxiliares, encaminham a população os privados.
Há cada vez mais ameaças, reclamações, sem clarificar o motivo principal. A falta de recursos humanos! A falta de capacitação em trabalhar com o público! O descuido crónico em desvalorizar o mérito de quem é dedicado! A falta de liderança, quase sempre delegada a pessoa cuja filosofia é “Quero lá saber disto! Isto nem é meu”, orienta para este dilema de conflito de interesse. Quem dá a cara é penalizado, quem se esconde sai airoso. Quem é dedicado desmotiva, quem é insensível conta os anos para a reforma.