lendas, historietas e vivências

UMA HOMENAGEM FRATERNA
Hoje… ontem… desde há muitos dias tenho o meu coração abalado… que se pode dizer quando perdemos alguém que toda a Vida tivemos agarrada ao nosso íntimo! Durante noventa e dois anos fez parte do meu Mundo, do nosso Mundo. A MINHA IRMÃ EURIDES. Que quis ser sempre a ouvinte, a conselheira, a cautelosa no discurso…Quis ser sempre a que queria a família junta nos momentos mais agradáveis ou difíceis desta vida terrena. Eu percebia-a muito bem quando estava feliz junto dos familiares, como na linguagem popular se diz “fazia a festa e deitava os foguetes.” Era assim também com colegas e Amigas de trabalho, os próprios alunos a viam como grande Amiga e esperavam ansiosos pela Festa que ela estava a preparar com eles em datas especiais da Escola… Por isso, já homens e mulheres a visitaram tanta vez na sua casa da Urgeiriça, em datas especiais que encerravam muito boas memórias para eles e para ela… Feliz é o Professor que vê reconhecida a sua relação com estes meninos, já adultos. E Ela merecia!
De vez em quando na brincadeira eu chamava-lhe “abelhinha” porque não parava, estava atenta a tudo. Quando se pensava num passeio ou num convívio familiar ela pugnava para que tudo corresse como tinha idealizado. E corria. Tinha o dom de juntar, nunca de afastar. O seu conceito de ser humano era de ser solidário, sempre atento às necessidades dos outros fossem materiais ou afectivas. Quando paro para reflectir na nossa vida de família acho que se desenrolou numa sequência de hábitos raianos, puros, que moldaram a nossa personalidade transparente e que nos levava tantas vezes às nossas digressões pelas terras do Côa, Jarmelo e Cova da Beira, deliciar-nos com o seu ambiente genuíno… Era a “abelhinha” que conseguia tempo para tudo. Com uma sensibilidade apurada escrevia os seus lindos poemas e crónicas que publicou em pequenos livros. Pintou lindos quadros que foi oferecendo a familiares e amigos e já no encerramento da sua vida terrena ainda conseguiu ver a publicação da vida do nosso Pai Ernesto Lourenço Matias que ela escreveu e organizou. Assim partiu em Paz. Tanto mais que quero dizer-lhe, mas ela já terá adivinhado, lá, nesse lugar do Universo que será o nosso, imagino… Estaremos sempre juntas em memórias e sonhos.