IDENTIDADE ALIMENTAR DÃO LAFÕES

Na tarde do passado dia 24 de janeiro, o Salão Nobre da Câmara Municipal de Mangualde, recebeu a apresentação do Manual “Identidade Alimentar” Viseu Dão Lafões. A iniciativa tem como objetivo promover a dieta mediterrânica e combater o desperdício alimentar nomeadamente junto da comunidade escolar da região, num investimento que ultrapassa os 240 mil euros e é fruto de uma candidatura conjunta dos Grupos de Ação Local do território, mais concretamente, a ADRIMAG – Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras do Montemuro Arada e Gralheira (Castro Daire e São Pedro do Sul) que é a entidade coordenadora da parceria, a ADD – Associação de Desenvolvimento do Dão (Aguiar da Beira, Mangualde, Nelas, Penalva do Castelo e Sátão), a ADDLAP – Associação de Desenvolvimento Dão, Lafões e Alto Paiva (Oliveira de Frades, Vila Nova de Paiva, Viseu e Vouzela) e a ADICES – Associação de Desenvolvimento Local (Carregal do Sal, Santa Comba Dão e Tondela), e a CIM Viseu Dão Lafões que integra os 14 municípios da região.
O principal objetivo é ajudar a comunidade a reconhecer que tem um valor inigualável em termos alimentares, em termos de recursos e de variedades regionais e também, na forma como as adapta, como culturalmente procura seguir a sazonalidade que acaba por se transformar num valor em termos de saúde individual, coletiva e ambiental.

«A iniciativa tem como objetivo promover a dieta mediterrânica e combater o desperdício alimentar…»

A região Dão Lafões carateriza-se por ser uma região muito rica em variedade e rica em pessoas que sabem aproveitar os seus recursos e que os sabem adaptar. Esta variedade leva depois a que haja uma cultura agrícola muito forte nos minifúndios de produção sazonal das hortas e da proximidade do campo até às casas, ou seja, até à cozinha e por conseguinte à mesa. A acrescentar ainda, há também os animais que estão ao ar livre e que pastoreiam, sendo também um valor importante em termos de preservação da paisagem, de prevenção dos incêndios e de valorização de produtos com qualidade ímpar.
É assim, uma região rica, farta, com muita diversidade e por isso com muita riqueza que tem de ser salvaguardada que, se o for de uma forma respeitada em várias dimensões pode, de facto, preparar-se para o futuro e ser sustentável.
Este manual apresentado pode ser colocado em prática pelo consumidor no geral, que o pode ler, deixar-se inspirar e ali procurar os produtos que vai comprar para cozinhar no seu dia-a-dia em casa. Depois, surge como instrumento pedagógico, de educação alimentar, de educação para a saúde ambiental e como inspiração para as instituições que têm que gerir o seu ambiente alimentar para procurarem ter mais identidade. Também a nível da produção, para que os produtores se possam relembrar que há culturas próprias que são identitárias e que são mais adaptadas ao próprio território e, por isso, é benéfico preferi-las em detrimento daquelas que são as híbridas ou as não identitárias.
O projeto é faseado e, depois de terminado este primeiro eixo da apresentação, irá entrar no eixo 2 que é um programa de mentoria personalizada a cada um dos 14 municípios e, no qual estes, irão ser ajudados e acompanhados a ter uma intervenção piloto embaixadora de identidade alimentar, para que não fique só na teoria e possa passar à potencialização e salvaguarda, terminando depois em Novembro, com um seminário final, para a partilha das boas práticas.
Espera-se assim, que chegados ao fim, as associações de desenvolvimento local, a comunidade inter municipal e os municípios possam continuar a apostar numa continuidade.
A apresentação e explicação detalhada do manual Identidade Alimentar esteve a cargo das nutricionistas e autoras do trabalho, Maria Inês Paula e Ana Helena Pinto, da Nutrition for Happiness
Rui Costa, Vereador da Câmara Municipal de Mangualde abriu, no final da apresentação, um momento a interações do público, com a unanimidade dos intervenientes a saudar e felicitar as autoras, bem como, todas as entidades e pessoas envolvidas no projeto.
No final do evento todos os presentes foram convidados a saborear alguns dos produtos identitários de Mangualde.
Município quer aplicar nas cantinas escolares o Manual de Identidade Alimentar Dão Lafões

A Câmara de Mangualde quer começar a aplicar o Manual de Identidade Alimentar Dão Lafões na cantina da Escola Secundária Felismina Alcântara (ESFA) e alargar, numa segunda fase, a mais duas cantinas do Agrupamento de Escolas de Mangualde, onde, diariamente, são servidas, no total, 1300 refeições.
“O objetivo é incutir na nossa comunidade escolar a identidade alimentar da nossa região”, justificou o vereador com o pelouro da Educação, Rui Costa, no Salão Nobre dos Passos do Concelho, esta quarta-feira, durante a apresentação do livro que pretende promover a dieta mediterrânica, produção e consumos locais e combater o desperdício alimentar.
“Para que tenhamos uma alimentação mais saudável, é importante implementar o que consta no Manual de Identidade Alimentar Dão Lafões, uma ferramenta de utilidade pública”, sublinhou.
“Além das escolas, as IPSS´S [Instituições Particulares de Solidariedade Social] podem ser um parceiro importante, assim como a Confraria [das Febras e da Enogastronomia de Mangualde], os Bombeiros, que muitas vezes preparam refeições para os operacionais, e a sociedade civil”, afirmou Rui Costa.
Entre os parceiros a envolver neste projeto, o vereador da Educação, também com o pelouro da Agricultura, considera igualmente relevante para um fornecimento alimentar de qualidade “envolver os produtores e agricultores, que devem ser pagos a um preço justo”, afirmou. “É um caminho que teremos de fazer”, concluiu.