A magia do Natal

Já nos espreita a magia do Natal!...
O dia a dia das pessoas passa diferente, mergulhadas que estão em pensamentos que se perdem na abstracção dos seus ideais.
Tudo está a postos!...
As ruas estão bem iluminadas; as montras, vistosas e lucescentes; as lojas, ricamente recheadas com artigos de variada estirpe; os supermercados, atulhados com díspar conteúdo alimentar.
Circular por entre todo esse aparato de grandeza torna-se penoso e deprimente para muitas pessoas.
Muito do que vêem embriaga-as, encanta -as e revoluciona-lhes a alma.
Algo do que captam ambicionam e entra no mundo dos seus sonhos.
Para viver mais condignamente a quadra do Natal, gostariam de adquirir géneros alimentícios mais substanciais; uma ou outra peça de roupa que melhor se adaptasse aos seus convívios; um ou outro utensílio doméstico; algum adorno; certo toque de requinte.
E as prendas para presentear os familiares e amigos?!...
Uma avolumada lista de provisões nasce em sua mente.
Mas, no silêncio do seu peito alvoroçado, escasseia o tilintar das moedas de que necessitam…
Das moedas que queriam ver, a reluzir em suas mãos, a fim de obter os mínimos rebusques considerados prioritários.
E entram em consternação!...
Orçamentam gastos, equiparam valias, remexem bolsos e mealheiros.
Em vão!...
A quantia monetária de que dispõem não lhes é suficiente.
Desiludidos, sofrem as suas carências.
De suas bocas atiram, ao léu, palavras de desespero.
E vêem-se rostos sulcados por lágrimas; corações feridos; olhos que procuram; mãos que tacteiam!...
Assiste-se a um verdadeiro cortejo de misérias que demove, sufoca e fere as susceptibilidades íntimas das demais pessoas!...
E cada qual se predispõe para a sua caminhada.
Há vários percursos a seguir, de acordo com as valias monetárias de cada pessoa, de cada casa, de cada família.
No entanto, encontram-se nos diversos espaços comerciais ricos e pobres, felizes e desventurados, deficientes e atingidos por vícios.
Todos se embriagam!...
Todos se quedam às evidências do perfume das lapinhas, emanado em si!...
Todos pressentem, já, o anunciante bimbalhar dos sinos da meia-noite!...
De qualquer jeito, todos se preparam para viver o Natal…
Para viver a festa da família de Nazaré, à qual pertencia o Menino Jesus!...
Mas é imprescindível lembrar-se de que fazem parte de uma família.
Unidos pelo mesmo sangue, justo será que uma comunhão de interesses e valias abranja todos os seus membros.
Que se estabeleça, entre eles, uma eficaz permuta de amizade consolidada com gestos, com dádivas, com prendas do coração.
Que, em qualquer sociedade familiar, existe sempre alguém monetariamente mais favorecido da sorte.
Na grande família da Terra, toda a gente faz parte do momento de Belém.
Que o viva, em magnitude de graça e espiritualidade, doando amor aos seus irmãos em Cristo.
O mesmo se processe na família portuguesa.
Que a magia do Natal possa atingir o coração de todos os seus constituintes!...
Que, com amor, fé e sentido de fraternidade, se ajudem uns aos outros, para que se amenizem as angústias provenientes das carências que pululam nos lares portugueses!...

Gizela Dias da Silva - FunchalTornar-se assinante para continuar a ler...