António Guterres

frederico
Muitas vezes conseguimos estar perante um simples e banal monitor de um computador, com mil ideias a fervilhar, com cem vontades de escrever, mas apenas com uma decisão para tomar: o que escrever?
Num mundo que passa a correr, onde a palavra devagar está cada vez mais em desuso e a vida é construída de forma altamente rotativa, por vezes, quem sabe, demasiadamente rotativa e veloz. É o mundo que temos e a sociedade que estamos a construir. Assim, nesta azáfama diária e neste turbilhão de informação constante com que diariamente somos brindados, não é fácil escolher um tema e um assunto para, perante vós, dar a minha humilde mas honesta opinião.
Nesta publicação decidi escrever um pouco sobre António Guterres. Como social-democrata convicto que sou, consigo rever-me em pessoas de alto gabarito intelectual e com fortes qualidades éticas e humanas. Nesse campo, António Guterres consegue dar cartas e ser um dos nossos melhores.
É certo que como Primeiro-Ministro não foi brilhante. Longe disso. Talvez por estar mal acompanhado, talvez por ser “bom demais”, talvez porque passou um forte drama pessoal e familiar durante esse tempo ou, simplesmente, porque a gestão efetiva de um país não fosse a sua verdadeira vocação. Contudo, todos os restantes cargos que desempenhou a nível internacional, desempenhou-os com elevada distinção, honrando Portugal, não só com o seu desempenho, mas também com a sua capacidade ímpar de construir consensos onde o humanismo e o respeito pela opinião do próximo são sempre a tónica dominante.
António Guterres tomou agora a decisão de se candidatar ao cargo de Secretário-Geral das Nações Unidas. Já prestou a sua audição (elemento obrigatório neste processo de candidatura) perante um júri representativo de 50 países. Como é seu timbre, a sua prestação perante a Assembleia Geral da ONU foi de elevada craveira, e as suas ideias e propostas foram elogiadas pela grande generalidade dos auditores.
Sinceramente, como patriota que sou, gostaria de o ver ocupar a cadeira à qual se candidata. Seria uma grande honra para o nosso país. A sua experiência como Alto Comissário das Nações Unidas para os refugiados seria, sem qualquer sobra de dúvidas, uma mais valia para o desempenho da função, principalmente tendo em conta os tempos difíceis que atualmente se vivem.