SANFONINAS

dr. jose

A tirania da Informática
O senhor pediu a palavra, levantou-se e declarou:
- Não dou parecer favorável, porque este relatório foi apreciado há um ano!
Estava a brincar, porque se tratava, naturalmente, de inofensiva gralha na data; contudo, era um documento oficial e havia mais adiante outros indícios de que se tivera, para poupar tempo, uma apressada atitude de «cópia e cola».
Dei comigo a pensar na tirania da Informática, que nos poupa, de facto, longas canseiras, mas nos causa, outras vezes, mui sérias dores de cabeça, mormente quando, perante um erro evidente, nos respondem:
- Foi o computador, não há nada a fazer!
No talão de multibanco daquela firma, há anos que a rua da sede vem indicada como sendo «de Mente Real» e é «de Monte Real»; mas… não há nada a fazer, «trata-se de um erro informático»!
Na escritura daquela clínica puseram-na como estando localizada num bairro e está bem no coração de um outro. E não há nada a fazer: «Trata-se de um erro informático»!
Na etiqueta de um produto sólido vem a informação de que pesa 300 ml. Chamei a atenção: mililitro é medida de capacidade! «Lamentamos, não se consegue corrigir, foi um erro informático!».
Noutra, vem escarrapachado que ‘contém 6 unidades’, mas… estão lá é 4! Temos pena, amigo, mas não pode ser corrigido: foi um erro informático!
A minha rua tem o código postal 662; a segunda transversal é a 663; a terceira, a 653; mas à primeira foi dado o código 560 e a do 561 está a… 1,7 km dela!... E a do 559 fica num bairro do outro lado da ribeira! Para lá se chegar, a pé, reza o Google maps que são precisos 25 minutos para percorrer esses 1,9 km! Chamei a atenção dos Correios. Lamentamos, senhor, foi um erro informático, não há nada a fazer!
Gramava mesmo que um «Senhor Computador» se enganasse – para mais! – no processamento dos nossos ordenados e depois alguém viesse proclamar alto e bom som: «Não há nada a fazer: trata-se de um erro informático!». Porque será que, num caso desses, o estapor do computador permitiria de imediato a correcção?!... Ná! Cá para mim, essa «do erro informático» é, amiúde, mais marosca do que realidade! Oh se é!..