E é isto…

frederico
Felizmente para Portugal, ainda há gente séria e honesta para com as suas convicções na política. É bom que assim seja. Infelizmente, toda a sociedade devia orientar-se por estes princípios, mas nem sempre as convicções se apresentam tão convictas como deviam, nem a honestidade e a seriedade intelectual são fatores que ponderação máxima aquando da definição de uma qualquer tomada de decisão.
Olhando então para as suas verdadeiras convicções, respeitando-as e conferindo-lhes a honestidade intelectual que se exige a uma pessoa séria, o socialista Francisco Assis deu esta semana uma entrevista bastante objetiva e clara sobre o que pensa sobre o atual posicionamento e formas de atuação do governo e do Primeiro Ministro, bem como do estado em que se encontra o partido politico em que milita.
Se em relação ao Partido Socialista as opiniões, não só de Francisco Assis, mas também de outro militante qualquer, pouco ou nada me importam, já não posso dizer o mesmo quanto às opiniões sobre a forma como o nosso país está a ser conduzido. Francisco Assis é daqueles socialistas que eu considero como sendo alguém ponderado, racional e inteligente. Felizmente, pessoas com estes pergaminhos há-as em todos os partidos, quer estejam eles mais à direita, mais à esquerda e mais ao centro.
Nesta recente entrevista ao Jornal “Observador” (Online) Francisco Assis, com a objetividade e lucidez que se lhe reconhecem (aliás foi inclusivamente o último elemento Socialista a ganhar umas eleições de âmbito nacional – Eleições Europeias 2014) foi bastante esclarecedor quanto ao rumo que o nosso país está a levar. Para quem não leu, vou transcrever algumas citações que melhor exemplificam aquilo a que me refiro, numa espécie de personificação do pensamento que os mais ponderados socialistas pensam do seu próprio governo:
“A coligação nada trouxe de bom ao país”
“Não faço uma boa avaliação da ação de António Costa como primeiro-ministro”
“BE e PCP atrofiam a capacidade reformadora do Governo”
“PSD e CDS não são neoliberais”
“Esta coligação, sendo contranatura, é atrofiadora… O PS mantém-se no poder, mas os partidos extremistas — BE e PCP –, alcançam algo ainda mais importante que é a possibilidade de condicionarem o poder”

Como todos sabemos, por mais que o aparelho socialista tente esconder, negar e ocultar, Francisco Assis não é uma voz isolada. Não é apenas o espelho de si próprio. Representa aquilo que de mais sensato existe no PS. É isto que pensam e pior que tudo, é isto que constatam a cada dia que passa.
Se é assim que mais lúcidos e racionais socialistas pensam, não tendo inclusivamente receio de o dizer e afirmar publicamente, o que dirão e pensarão aqueles que, despidos de qualquer capa partidária e com um pensamento totalmente independente e imparcial, olham para o rumo que o nosso país está de novo a levar, numa espécie de “Socratismo Travestido” que a passos largos nos vai levando para mais um resgate? Pois é… a continuar por este caminho, o 4º resgate está já ao virar da esquina.