Redes sociais: as relações que estabelecemos ou a solidão que nos impomos?!…

fátima tavares cds
As relações interpessoais de amizade influem na vida quotidiana de todos nós. Ninguém vive sozinho, atrevo-me mesmo a dizer que ninguém é feliz sozinho. Ter amigos torna-se numa necessidade imperiosa para uma sobrevivência saudável e equilibrada.
Nos dias que correm, onde navegamos num mar de imediatismo e urgências quotidianas e onde uma boa parte de tudo é descartável, precisamos manter-nos à tona da água, resistindo a qualquer tipo de intempéries com que a vida, aqui e ali, nos vai atropelando. Talvez por isso, vezes sem conta, sente-se pairar no ar, uma necessidade premente de nos distanciarmos do mundo real e mergulharmos no mundo virtual em busca de relações interpessoais. Elas são importantes, é um facto. Encurtam distâncias, aproximam amigos, deixam-nos perto de todos, ainda que a quilómetros de distância. Não menos verdade, constata-se que desta forma, e com toda a subtileza, corre-se o risco de nos afastarmos das tão saudáveis conversas de café e privamo-nos, assim, de tomar uns canecos à roda de uma boa mesa, em amena cavaqueira com uns bons amigos reais, daqueles que nos olham nos olhos, percebem o que nos vai na alma, leem os nossos receios, os nosso anseios e partilham das nossas animadas esperanças.
Perante isto, faz sentido que questionemos até que ponto os amigos virtuais provocam em nós o mesmo impacto positivo que a amizade ao vivo? Será que retiramos mais benefícios da interação social na rede, do que daqueles que encontramos nas relações presenciais? Ou não estará inerente um fator de risco para a proximidade aos outros, tornando-nos solitários, ainda que rodeados de umas consideráveis centenas de amigos?
Internet, é sem dúvida uma criação absolutamente fantástica, por tudo aquilo que permite que possamos fazer e que a maioria de nós tão bem sabe! Mas não deixa de ser também verdade absoluta que pode tornar-se num sério obstáculo à criação de redes pessoais, onde o contacto, o abraço e o afeto tomam conta de nós e são incremento de relações humanas saudáveis. Não tenho qualquer dúvida de que na presença do amigo real, rimos mais, exprimimos melhor todas as emoções, sentimos mais apoio e por consequência, somos com certeza, mais otimistas.
Ligarmo-nos aos outros demasiado ou quase em exclusivo através dos meios virtuais, vai obrigar-nos a tendencialmente construirmos redes de ilustres amigos desconhecidos que muitas vezes apenas nos passam a imagem de ricos bonitos e bons e na verdade, nem estão próximos, nem são quem pensávamos serem. Estou absolutamente convicta de que se o contacto virtual for a única forma de relação com as pessoas, então isso reforçará, num não muito longo espaço de tempo, sentimentos de solidão.
Ter amigos faz bem à saúde. Virtuais, ou reais, precisam-se! Mas ter amigos presenciais, desculpem que vos diga, é outro nível! Eu não dispenso os meus, por poucos que sejam, sabem sempre bem e são sempre os melhores do meu mundo.