EDITORIAL Nº 699 – 1/1/2017

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Caro leitor
Felizmente ou infelizmente vou fala-vos de um caso triste mas real que se passou com o irmão mais novo que depois de vender a sua herança de meus pais e com o valor da mesma fez a casa onde hoje habita.
Meu pai dizia centenas ou milhares de vezes, “quem se deserda antes que morra, merece com uma cachaporra” e mesmo assim, ao fim de viúvo deu tudo a partilhas com o intuito deste filho mais novo ficar com a casa, pois era o único que não tinha casa. Toda a família assim concordou.
O pai passou a andar em casa de dois filhos, na minha e na de outro que Deus tem, uma vez que os outros dois estavam no estrangeiro e o mais novo durante três anos trabalhava e vivia comigo, ficando assim a sua casa desabitada.
Um dia alguém deve ter chateado meu pai, até este possivelmente, e disse aos filhos que queria ir para o lar da própria aldeia. Fui falar com o chefe do lar Sr. Silvério. Fiquei responsável pelo meu pai e lá ficou a passear a aldeia. Até aqui tudo bem, o pior é que, o filho mais novo e já sem trabalhar para mim, mesmo com a casa desabitada que era dos pais, troca-lhe as fechaduras para o pai nunca mais lá entrar, mesmo quando morreu o seu velório teve que ser em casa da filha emigrante na Alemanha, a 100 metros da sua. Nem aqui houve sentimentos. Imagino o desgosto de meu pai que se sentava nos degraus da sua ex casa e sem poder entrar na mesma, ao frio e à chuva, mas era lá que se sentia melhor que no Lar, pois era a sua casa.
A este irmão mais novo o último salário que lhe paguei da minha empresa, foi 180 contos em letra e ao fim da inspeção geral do trabalho, que ele chamou, e me obrigaram a pagar uma multa de 1300 contos pela diferença do ordenado mínimo até aquilo que eu lhe pagava, nesse momento pedi-lhe a letra e dei-lhe o valor da mesma. Convidei-o para irmos lanchar, porque éramos irmãos e fomos aos Galitos. No lanche, conversa puxa conversa e o mais novo diz “se não me pagasses a letra, já tinha pensado, ia à escola roubava-te a filha e matava-a”, digo-lhe eu compassadamente “quase a viste nascer, brincas-te tanto com ela, tinhas coragem de lhe fazer algum mal?”. Só esperava que o mesmo se desmentisse. Diz este Manel afirmando com uma gargalhada “ah, ah ah não se sabe!”.
Eu não quis porrada naquele lugar porque era o único a ficar mal como autoridade, pedi a conta e vi ali que aquele não é irmão mas sim um diabo. Não é pela traição, pela crueldade que se consegue encontrar Cristo, mas pelo Amor que devemos procurar a Deus.
Triste história, é a pura das verdades e não fica aqui tudo dito.
Peço desculpa ao leitor mais sensível, mas todos nós nos devemos precaver.

Neste momento quero expressar também a minha solidariedade aos familiares e amigos do Exmº Sr. Dr. Josué Rodrigues Pereira, Diretor do Jornal Noticias da Beira. Como diretor deste jornal de natureza cristã, sempre soube nortear estes designios não se deixando emiscuir em politiquices.
Mangualde ficou mais pobre com a perda deste nosso amigo. Um lutador de causas e defensor da verdade. Morreu um Homem bom, um Homem que muito fez pelo nosso concelho.
Paz à sua alma.

Abraço amigo,