DIVAGANDO…

Entre a hipocrisia e o silêncio
As chamas de Pedrógão ainda estão activas. Os incendiários, aqueles que empunharam as mangueiras depois do fogo extinto, ainda vagueiam por aí, pois rezam os cânones que ainda têm mais um tempo de validade. Há quem lhes augure vida até Outubro mas, se isso for verdade, não passa de uma maldadezinha grosseira, protagonizada pelo inábil timoneiro da geringonça, que prefere o banho-maria a uma banhada geral. Que anda tudo muito chamuscado, já nós todos percebemos, mesmo sem ninguém nos ter explicado nada. De uma coisa não restam dúvidas: o estado de graça acabou. Pressuroso corria o Costa aos microfones, a todos os microfones, aos holofotes, a todos os holofotes, de cada vez que deficit baixava um “cagagésimo” ou a percentagem de desempregados diminuía. Agora, como que por artes mágicas, alguém lhe terá berrado ao ouvido a letra do Hino da “Bufa” (leia-se Mocidade Portuguesa) na parte em que diz “cale-se a voz que turbada, já de si mesma se espanta… …” e o silêncio passou a imperar, a reinar e a ser a alma do negócio. E a propósito de negócio, já alguém nos explicou esse tal de SIRESP? Afinal de quem é a culpa? Do Durão Barroso, do Santana Lopes ou do António Costa? Sim, é que, cá o Zé Pagante tem o direito de saber como, quem e por que razão arranjaram essa parceria que só funciona para um lado, o de quem recebe, e quando é preciso servir não está lá. Não se esqueçam que foi assim em tempos no Caramulo e agora em Pedrógão!... Vamos lá a ter respeito por quem paga porque, sendo uma parceria público-privada, estamos todos nós a pagar uma renda choruda por uma coisa que, quando é preciso, não funciona. Eu já nem quero falar de culpas e sabem porquê? – Porque uma culpa arrasta consigo um combóio de desculpas e não é preciso tanto!... É que, é necessário perceber que não está em causa a seriedade de quem quer que seja, pois se calhar a culpa até é do sistema, da metodologia ou da bácora da lei!... Tudo bem, mas falem ao Povinho, àquele a quem mendigam votos e enganam continuadamente, àquele a quem prometem o sol e a lua e na volta dão-lhe um tremoço. Aflitiva, para não apelidar de indigesta, é a postura das muletas de António Costa. Jerónimo, por exemplo, anda acabrunhado, infeliz e desgostoso. Nota-se no semblante, na voz e nas palavras que queria dizer e que acaba por engolir. Resta-lhe, para não ficar mal na fotografia, atirar as culpas para trás, para o “governo de direita do PSD e do CDS”. Catarina, cobre o rosto com o manto diáfano da hipocrisia, e pretensamente atira recados ao governo, mas sem direcção alguma, saindo todos ao lado ou mergulhados no lodaçal que eles próprios engodaram. Todos nós sabemos, como teria sido o discurso desta esquerda radical, se a tragédia do Pedrógão e o desvio de Tancos tivessem acontecido com o governo anterior!... Quantas manifestações, quantos boicotes, quantos protestos de rua já teriam enxameado as nossas ruas e as nossas vidas quotidianas?!...
Sabemos que vai ser difícil apagar as cinzas e a dor de todos quantos foram tocados pela tragédia mas, um mês volvido, já era tempo para ter raiado uma nova esperança. E, se calhar, por todos os motivos e mais um, as férias nas Baleares podiam ter sido adiadas.
Elmano Beirão