RELÓGIO VELHO

Velha Torre
Relógio Velho, velha torre esquecida, votada a um confrangedor ostracismo por parte de quem devia atentar no concelho como um todo. Mas, ao invés, prefere olhar para o umbigo, acomodar a camarilha porque os tempos não vão de modas e as eleições estão aí. Classificada desde o século XIX como ‘monumento de interesse concelhio’ faz lembrar, como diria Alexandre Herculano, um ninho de águias. O actual elenco camarário, até arregimentou um, supostamente experimentado, historiador e investigador com o objectivo, supõe-se, de preservar o pouco que vai restando do património mangualdense. Quais os resultados práticos de tal arregimentação para além, obviamente, de um emprego garantido enquanto durar o reinado? – Se os há não se vêem, não se mostram e também não são palpáveis.
Esta chamada de atenção, Torre do Relógio Velho, se outros frutos não colher no imediato, terá sempre o mérito de ser uma pedrada no charco, para que alguém acorde para a realidade de seres um património abandonado. Os poucos habitantes do teu bairro, cansados, talvez, de esperar por um amanhã que viesse, já não reivindicam, já não dizem e já nem esperam. A Torre do Relógio Velho, fisicamente degradada, não conta para quem manda, ou supostamente deveria mandar. Mas é urgente restituir dignidade ao imóvel, sinalizá-lo, dar a conhecer a razão da sua existência. Poderão dizer que é uma pequena parcela do património, que é insignificante, que tem reduzido valor histórico, mas é património, é de interesse concelhio e é nosso. É um marco, é um símbolo e está ali para perpetuar outro imóvel que ali terá existido. Por tal facto, que quem de direito olhe para esta realidade, que se sensibilize pelas pedras que falam, por todo esse património concelhio, mais ou menos ancestral, mas que tem sempre a particularidade de marcar um tempo, uma vida e uma história.
Será que dos milhões que vão para aí chover em catadupa, caberão alguns cêntimos a este pequeno imóvel?... O caminho que serve o amigo, confrade ou correligionário também será importante, mas é bom que quando estão em causa dinheiros públicos, se elenquem prioridades e estas se iniciem por aquilo que pertence ao domínio público e ao património público que o mesmo será dizer, que pertencem a todos nós.
J.A.