Arquivo mensal: Junho 2022

O Combate à Pobreza

Uma Voz contra a Pobreza em Portugal
Monsenhor Agostinho Jardim Moreira, é muito mais que Pároco e Reitor de São Bento da Vitória (Zona Histórica do Porto), já que é o Presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza em Portugal.
A sua voz clama ao longo das últimas décadas no combate á Pobreza e às Desigualdades.
Homem de grande proximidade, simples, de diálogo, amável e generoso é uma voz activa e ouvida na Intervenção Social.
O Jornal Renascimento ouviu Monsenhor Jardim Moreira sobre a actual conjuntura em Portugal e a Obra que está a desenvolver para minorar esta difícil situação.

1- Agravou-se com a Pandemia e com a Guerra a Pobreza em Portugal.
A Rede Europeia Contra a Pobreza indica 2030 para ser erradicada. É uma possibilidade?
O momento histórico que vivemos é muito desafiante e incerto. Aos problemas estruturais do país que todos já conhecíamos somam-se agora outros problemas que decorrem da conjuntura internacional e que já estão a ter e terão no futuro um impacto muito significativo no bem-estar e nas condições de vida dos portugueses e portuguesas. Refiro-me, em concreto ao contexto de crise económica e social resultante da pandemia de COVID-19, ao qual se veio juntar a guerra da Rússia com a Ucrânia, que recentemente eclodiu no contexto europeu e que ameaça a Europa e o Mundo, bem como as suas múltiplas implicações económicas, sociais, humanitárias, geopolíticas, energéticas, comerciais, ambientais e tecnológicas.
O agravamento da pobreza em Portugal com esta pandemia foi forte, sendo ainda mais preocupante o facto do maior aumento ter ocorrido nos limiares de pobreza mais baixos. No limiar mais baixo de risco de pobreza (para a população com um rendimento abaixo de 40% do rendimento mediano), o aumento desta taxa foi de 29% face a 2019. Em 2020, 7.5% da população estava nesse nível de precariedade económica mais extrema.
Note-se também que o maior aumento no risco de pobreza ocorreu entre a população empregada, ou seja, uma população que não perdeu o seu emprego ou não fechou a sua atividade profissional durante a pandemia, mas que perdeu rendimentos. Em 2020, 11.2% das pessoas empregadas estavam em risco de pobreza. Contudo, o aumento do risco de pobreza foi também muito forte entre os reformados e os desempregados e são os desempregados os que permanecem como o grupo mais vulnerável a pobreza: 46.5% dos desempregados estão em risco de pobreza, mais 14% do que em 2019.
Ao olharmos para os grupos mais vulneráveis a pobreza (monetária), continuam a sobressair a pobreza infantil (20.4%) e a pobreza junto da população sénior (20.1%), o risco de pobreza nas famílias monoparentais (30.2%), das famílias com dois adultos e três ou mais crianças (29.4%) e dos idosos que vivem sozinhos (28.1%), juntamente com os desempregados e os outros inativos (30.8%).
A pandemia trouxe igualmente um agravamento das desigualdades sociais. Temos de recuar a 2016 para encontrarmos um retrato de Portugal com níveis semelhantes ou superiores de desigualdade. Todos os indicadores de desigualdade apontam para um importante aumento das desigualdades e este aumento é ainda maior quando a comparação é feita entre a população com maiores rendimentos em Portugal e a população com menores rendimentos. Temos 10% da população mais rica com um rendimento 9.8 vezes superior aos 10% mais pobres.
Por isso, é absolutamente que seja dada elevada prioridade ao combate à pobreza e às desigualdades em Portugal.

2- Para que isso aconteça que estruturas são necessárias criar?
Portugal viu recentemente aprovada em Conselho de Ministros, a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza 2021-2030 que visa ser um instrumento de política pública, com um conjunto de ações coerentes e articuladas, que permitam reduzir de forma expressiva a incidência da pobreza. A aprovação deste importante diploma legislativo representa, certa forma, uma conquista da EAPN Portugal, pois desde há vários anos que temos vindo a exigir a implementação de uma Estratégia desta natureza e inclusivamente criamos um grupo de trabalho que, em 2015 editou uma publicação denominada “Erradicar a Pobreza, compromisso para uma estratégia Nacional (2015). Para este trabalho conjunto muito contribuiu o Professor Bruto da Costa e a Professora Manuela Silva, entre muitas outras personalidades ligadas à causa da luta contra a pobreza em Portugal. O legado que nos deixaram não será esquecido e esperamos que possa agora ser concretizado da melhor forma possível. Por isso estamos muito gratos pela concretização desta nossa ambição e temos esperança de que este possa ser o momento de concretização de um modelo de intervenção capaz de atender às diferentes necessidades do ser humano. Importa que seja uma Estratégia capaz de articular as diferentes áreas, não devendo ser da responsabilidade de um único Ministério.
O diálogo da Estratégia com outros instrumentos de política pública é relevante, por isso é fundamental criar sinergias com as várias Estratégias em curso e outras que estão para ser aprovadas como a Estratégia Nacional de Longo Prazo para o combate à pobreza energética e a Estratégia para a habitação. A Estratégia nacional de combate à pobreza deve ser um contributo para a proteção dos cidadãos/ãs mais vulneráveis nas transições verde e digital em curso. Isso implica que a Estratégia nacional seja orientadora de outras estratégias, como a Estratégia Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional que está para ser definida, garantindo um equilíbrio entre as áreas da saúde, ambiente e social.
Por outro lado, tal como tivemos oportunidade de nos pronunciar em sede de consulta pública, o primeiro passo para garantir o sucesso de qualquer Estratégia é que esta seja clara, objetiva e capaz de designar os seus responsáveis diretos, sob pena de garantirmos uma declaração de intenções que não surtirá o efeito desejado em 2030. Para isso, é fundamental assentar a Estratégia num Plano de ação concreto que nos permita perceber como será operacionalizada (definição de metas), monitorizado cada um dos objetivos (definição de indicadores) e respetivos resultados.

3- Que mudanças de mentalidade, que posturas políticas, são necessárias?
Muitas vezes, compreender a pobreza revela-se um tanto difícil, infelizmente, ainda está muito interiorizada e generalizada a ideia de que a luta contra a pobreza se faz pela via do assistencialismo. Somos uma das poucas ONGs a trabalhar para alterar e ajustar políticas sociais, atuar nas causas geradoras de pobreza e exclusão, a favor dos mais injustiçados, em nome de uma sociedade livre de pobreza. Trabalhamos áreas tão distintas como a pobreza infantil, minorias étnicas, envelhecimento, entre outras. Apostamos na formação e operamos na área de produção de conhecimento, disseminando-o, contribuindo para o desenvolvimento das políticas sociais.
Entendo que o ser humano deve ser compreendido e cuidado na sua integralidade, tendo em conta a sua inteligência, vontade, liberdade, a sua mente, os seus sentimentos, a sua felicidade, a sua espiritualidade e a sua verdade. O nosso trabalho passa também por esta visão global, ultrapassado o simples assistencialismo, elevando o ser humano, promovendo a sua condição de ser integral e relacional, analisado no seu todo. É este salto que temos de dar. Não basta dar uma casa a uma pessoa carenciada e não lhe dar mais nada! Não podemos dar-lhe cuidados de saúde, se não lhe dermos alimentação. Não é suficiente cuidar apenas de uma só dimensão pois, dessa forma, geram-se graves desequilíbrios; temos de cuidar, simultaneamente e progressivamente, das diferentes dimensões constitutivas, focando-nos em todas as necessidades e capacidades dos indivíduos e não apenas em algumas. Não podemos instrumentalizar e manipular o ser humano, fazer dele apenas um recetor de ordens. Neste momento as pessoas em situação de pobreza, recebem subsídios, diretivas, ordens! Não lhes é, ainda, permitido realizar os seus próprios projetos, cultivar os seus afetos, realizar as suas vidas a nível pessoal. São tratados como sujeitos passivos, impedidos de desenhar o seu futuro. Isto não conta para os conceitos políticos e sociais. E não podemos ignorar, desrespeitar aquilo que de mais pessoal e profundo está no íntimo de cada pessoa. Por isso, urge que a luta contra a pobreza tenha em consideração esta visão humanista e humanizada do ser humano.

4- Ninguém pode ficar de fora deste combate. Quais são os consensos necessários para o enfrentar ?
Acreditamos que a luta contra a pobreza é um processo inacabado, e requer a participação de toda a sociedade, havendo sempre metas a conquistar. A EAPN Portugal ao longo dos últimos 30 anos tem procurado desempenhar um papel crucial não só na denúncia das situações de pobreza no nosso país, mas também na consciencialização social de que a erradicação da pobreza deve constituir um desígnio nacional - porque a pobreza não é um problema exclusivamente dos pobres, mas da sociedade no seu conjunto, no avançar de propostas concretas e fundamentadas para os principais problemas sociais com que a nossa sociedade se confronta.
Entendemos que a pobreza, a desigualdade e o desrespeito pelos direitos humanos no interior das sociedades é eticamente inaceitável. E por isso temos procurado intervir a diferentes níveis:

  • Nível macro – o nível de decisão política
  • Nível meso -dos sistema, organizações e serviços
  • Nível micro -o local, pessoas afetadas e cidadãos em geral.
    Em vários momentos temos defendido que o combate à pobreza requer ações, medidas e políticas e medidas institucionais, as quais por sua vez dependem de mudanças culturais, bem como do quadro de valores dominantes numa sociedade. Temos igualmente defendido que a participação das entidades da sociedade civil e das próprias pessoas que vivencia situações de pobreza é essencial no combate à pobreza. Por isso, precisamos de investir na participação e na qualidade da mesma.

5- Qual o papel das Organizações Sociais neste combate?
As organizações sociais surgiram como forma de dar resposta a questões que estavam sendo negligenciadas pelo governo e são, hoje, uma peça significativa na transformação por um mundo mais igualitário. Estas organizações desempenham um papel fundamental no combate à desigualdade social, já que possuem ferramentas para ajudar as comunidades a ultrapassarem as limitações que as prendem e mantêm em um estado de desvantagem.
A EAPN Portugal está a comemorar os seus 30 anos, e neste já longo percurso, a atenção sobre as Organizações do Terceiro Sector tem sido uma das nossas prioridades. Não só porque a EAPN Portugal é uma rede de Organizações, mas também porque estas Organizações têm um papel fundamental no combate à pobreza e à exclusão social.
O Terceiro Sector tem de se fortalecer e, para tal, tem que se unir e delinear um plano comum de ação, apostar cada vez mais na qualificação dos serviços que presta porque o futuro deste sector passa por envolver outros parceiros como a comunidade e as empresas. Paralelamente é importante congregar esforços para o reconhecimento do papel das organizações sociais, não só no domínio da prestação de serviços e respostas sociais, mas também ao nível da economia do país (uma vez que este sector emprega um vasto número de trabalhadores).
A mudança que se pretende imprimir no domínio da luta contra a pobreza é um processo lento, que exige um forte investimento de recursos humanos e materiais e, acima de tudo, exige a mudança de paradigma. Pensar nas pessoas em todas as fases do processo é essencial para que a mudança seja duradoura.
A luta contra a pobreza combate-se com solidariedade, com proatividade, com inovação e com investimento nas políticas sociais. É este o nosso entendimento e é com estes valores presentes que iremos continuar o nosso trabalho e a nossa missão.

MANGUALDE SENSIBILIZOU COMUNIDADE ESCOLAR SOBRE O CONSUMO DE FRUTA/HORTÍCOLAS E LEITE


No âmbito das medidas de acompanhamento do Regime de Fruta Escolar, a Câmara Municipal de Mangualde realizou, na passada semana, ações de sensibilização sobre a importância do consumo de fruta/hortícolas e leite. A iniciativa, que decorreu no auditório da Escola Ana de Castro Osório do Agrupamento de Escolas de Mangualde, abrangeu cerca de 900 alunos do Pré-escolar e 1.º Ciclo do Ensino Básico do ensino público do concelho de Mangualde.
Desenvolveram-se atividades lúdicas de interação com todas as crianças/alunos, através de uma apresentação, jogos e canções. O objetivo das medidas de acompanhamento, designadas medidas escolares do Regime de Fruta Escolar, é incentivar o consumo de hortofrutícolas e leite pelas crianças do 1.º ciclo do ensino básico, promover bons hábitos alimentares em idades precoces e contrariar, a longo prazo, o problema da obesidade infantil.

PISCINAS EXTERIORES DE MANGUALDE ESTÃO ABERTAS AO PÚBLICO


Mangualde já está pronto para receber o verão. Os mangualdenses e os demais visitantes já podem usufruir das piscinas exteriores do complexo das Piscinas Municipais de Mangualde. As piscinas estão abertas ao público até ao dia 31 de agosto, de segunda-feira a domingo (inclusive feriados), das 10h00 às 19h00.
As piscinas exteriores situam-se num grande espaço relvado, com e sem sombra, e são compostas por uma piscina grande (35m x 12m e 480m2), um tanque infantil (19m x 8m e 152 m2), um tanque de receção (8m x 7m e 56m2) e dois escorregas. No espaço existe, ainda, um quiosque de apoio aos utentes.

CERCA DE UMA CENTENA DE PARTICIPANTES NA “ROTA DE SANTO ANTÓNIO DOS CABAÇOS”


Terminou, no passado domingo, dia 5 de junho, mais uma edição dos Percursos Pedestres “Mangualde em Movimento”. Esta iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Mangualde, que pretende incentivar a prática desportiva e dar a conhecer o concelho, concluiu-se com a “Rota de Santo António dos Cabaços”, em São Cosmado.
Este percurso, organizado em parceria com a Associação Cultural e Desportiva “Os Ciências”, teve início nas novas instalações da Sede da Associação, em São Cosmado, e contou com cerca de uma centena de participantes. Ao longo dos 8 km foi possível desfrutar da paisagem da Serra de Sto. António e passar junto da Capela de Sto. António dos Cabaços, que esteve em festa no dia 13 de junho, dia de Stº António. A caminhada terminou com um almoço preparado pela Associação nas recentes instalações da mesma, com muita animação e entusiasmo.

TERCEIRA EDIÇÃO DA CAMPANHA “APOIE A ECONOMIA LOCAL – COMPRE NO COMÉRCIO TRADICIONAL DE MANGUALDE”


Foi assinado o acordo de colaboração entre o Município de Mangualde e a Associação Empresarial de Mangualde (AEM) que estabelece a terceira edição da campanha “Apoie a Economia Local – Compre no Comércio Tradicional de Mangualde”. Para o efeito estiveram presentes o Presidente da Câmara Municipal de Mangualde, Marco Almeida, o Presidente e o Tesoureiro da AEM, Pedro Guimarães e José Manuel Ferreira, respetivamente.
“Os nossos comerciantes têm sofrido diretamente com o impacto da conjuntura dos últimos tempos e o objetivo deste protocolo passa por revitalizar e alavancar a normalidade da atividade económica no nosso concelho.”, refere Marco Almeida.
NOVA EDIÇÃO DO CONCURSO “APOIE O COMÉRCIO LOCAL” COM APOIO DE MAIS DE 15 MIL EUROS
A iniciativa “Apoie a Economia Local – Compre no Comércio Tradicional de Mangualde – 3ª Edição”, promove assim uma nova edição do concurso “Apoie o Comércio Local”, com um apoio financeiro municipal de € 15.500,00 (quinze mil e quinhentos euros). No Posto de Turismo da Câmara Municipal de Mangualde será ainda criado o designado “Posto de Atendimento ao Concurso” que funcionará desde o dia 1 de julho de 2022 até ao dia 31 de dezembro. O regulamento poderá depois ser consultado em www.aemangualde.com

Homenagem ao Profissional Sr. António dos Santos


No passado dia 3, o Rotary Club de Mangualde realizou a Homenagem ao Profissional Sr. António dos Santos.
Esta homenagem, inicialmente agendada para Março de 2020, foi sendo adiada devido à crise pandémica.
Foram mais de uma centena de pessoas as presentes nesta homenagem pública a um mangualdense que ao longo dos seus 91anos se distinguiu sempre pela sua sublime postura como homem, como profissional e como cidadão. Não só a sua carreira profissional como gerente da agência de Mangualde da Caixa Geral de Depósitos mas também a sua intervenção cívica e de elevada proactividade na sociedade mangualdense, seja como dirigente do Grupo Desportivo de Mangualde, dos Bombeiros Voluntários de Mangualde, membro da Mesa Administrativa da Santa Casa da Misericórdia de Mangualde durante 22 anos, chegando a ser seu Vice-Provedor, ou ainda, como fiel e dedicado colaborador da Paróquia de Mangualde, acção que ainda hoje desenvolve com denodo e assiduidade, são exemplo de uma vida honesta, solidária e empenhada, digna desta justa homenagem que este clube levou a efeito.
Entre os muitos participantes, familiares, amigos, membros de instituições do Concelho e representantes da comunicação social, estiveram também presentes no evento, a Sra Dra Rosalina Almeida, chefe do Gabinete de Apoio à Presidência da Câmara Municipal de Mangualde em representação do senhor Presidente da Câmara, a Enfª Madalena Fátima, Secretária da União de Freguesias de Mangualde, Mesquitela e Cunha Alta e ainda a Assistente do Governador do Distrito rotário 1970, Compª Maria José Santos e representantes dos Rotary Club’s de Viseu, Trancoso, Guarda, Tondela e Figueira da Foz.

Nos 150 anos de Ana de Castro Osório


Ana de Castro Osório, Escritora, considerada a fundadora da Literatura Infantil em Portugal, nasceu em Mangualde em 18 de Junho de 1872. Faz precisamente este mês 150 anos.
É das figuras mais importantes nascidas em Mangualde.
Seu pai João Baptista de Castro, era um reputado bibliófilo, notário e magistrado.
Sua mãe Mariana Adelaide Osório de Castro de Albuquerque Moor Quintins, era filha do Tenente-General José Osório de Castro Cabral de Albuquerque, Governador de Macau.
Ana era a filha mais nova do casal, irmã do que viria a ser o poeta Alberto Osório de Castro e de João Osório de Castro.
Uma família distinta da sociedade portuguesa da época.
Em 1895 tornou-se jornalista e publica os seus Artigos e Crónicas num dos jornais da época.
Envolve-se na luta Republicana e defende os direitos da mulher e torna-se numa das principais divulgadoras da poesia e obra do poeta Camilo Pessanha.
Começa então a escrever diversas obras dramáticas, romances, novelas, contos e peças infantis, criando uma colecção de 18 volumes a que dá o título “Para as Crianças” e que lhe dá o lugar cimeiro como fundadora da Literatura Infantil em Portugal.
Casa com o poeta e publicista Francisco Paulino Gomes Oliveira em 1864.
Deste casamento nasceram dois filhos, João de Castro Osório que vem a ser poeta, dramaturgo, historiador e ensaísta e José Osório de Castro, escritor e jornalista, Crítico Literário, que falece em 2005.
Ana de Castro Osório era maçon, membro do Grande Oriente Lusitano.
Durante o período prolífero da sua vida literária, publica imensos artigos e obras de cariz político e social.
Em 1911 viajou para o Brasil, onde seu marido foi nomeado Consul em São Paulo. Torna-se professora e continua a escrever os seus livros.
Três anos depois, após a morte do marido, regressa a Portugal.
Nos seus últimos anos de vida passados em Lisboa continua a escrever e afirma-se como uma escritora de referência e reconhecida em Portugal e no Brasil.
Falece a 23 de Março de 1935, aos 62 anos. Repousa em Jazigo de Família no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa.
CONDECORAÇÕES E OBRAS
Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada ( 1919)
Comendadora da Ordem Civil do Mérito Agrícola e Industrial
Presidente da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas

Obras Publicadas
Para as Crianças (1897-1935):
Contos tradicionais portugueses, 10 volumes
Contos, Fábulas, Facécias e Exemplos da Tradição Popular Portuguesa
Contos de Grimm (tradução do alemão)
Alma infantil
Animais, 1903
Boas crianças
Branca-Flor e outros contos
Branca-Flor e outras histórias
O Príncipe Luís e outras Histórias, 1897
O Esperto: e outras histórias
Os Dez Anõezinhos Da Tia Verde-Água, 1897
Histórias escolhidas (tradução do alemão)
Viagens aventurosas de Felício e Felizarda ao Polo Norte, 1920
Viagens aventurosas de Felício e Felizarda ao Brasil, 1923 
Teatro Infantil
A comédia da Lili, 1903
Um sermão do sr. Cura, 1907
Infelizes: histórias vividas, 1892
A Garrett no seu primeiro centenário, 1899
Ambições: romance. Lisboa, Guimarães Libânio, 1903.
Bem prega Frei Tomás (comédia), 1905
A Bem da Pátria:
As mães devem amamentar seus filhos
A educação da criança pela mulher
A nossa homenagem a Bocage, 1905
Às mulheres portuguesas, 1905
A minha Pátria, 1906
Quatro Novelas: A vinha, A feiticeira, Diário duma criança, Sacrificada, 1908 (
A boa mãe, 1908 
A mulher no casamento e no divórcio, 1911.
Em tempo de Guerra, 1918 
De como Portugal foi chamado à Guerra: Histórias para Crianças, 1919 
A Capela das Rosas, 1920
Dias de Festa, 1921
A Princeza muda, 1921
Casa de Meu Pai, 1922
A Grande Aliança: A Minha Propaganda no Brasil. Lisboa: Ed. Lusitania, 1922.
Esperteza dum Sacristão, 1922
O Livrinho Encantador, 1924
O direito da mãe, 1925
A verdadeira Mãe, 1925
Mundo Novo, 1927
O Príncipe das Maçãs de Oiro, conto infantil, 1935

Fernando Vale
O Escritor viseense Fernando Vale, licenciado em Línguas e Literatura Modernas pela Universidade de Coimbra, com Grau de Mestre em Literaturas de Expressão Portuguesa, pela Universidade Católica de Lisboa é um Investigador de Literatura Popular e de Literatura para Crianças e Jovens, cuja especialização nesta área fez na Universidade de São Paulo, no Brasil.
Foi Leitor e Professor de Cultura Portuguesa no Brasil e Bolseiro do Instituto Nacional de Investigação Científica.
Pois este ilustre Mestre, que tem apresentado Comunicações em Encontros e Congressos e foi Professor no Instituto Piaget de Viseu, escolheu a Escritora Ana de Castro Osório, de quem organizou e (re)editou os seguintes livros em 1997 e 1998:

  • Contos Tradicionais Portugueses para as Crianças, Ana de Castro Osório, organizado e reeditado por Fernando Vale (1997-1998) (1997)
    -O Príncipe Luís e Outras Histórias, Ana de Castro Osório, organizado e reeditado por Fernando Vale (1997)
  • Os Dez Anõezinhos de Tia Verde-Água, Ana de Castro Osório, organizado e reeditado por Fernando Vale (1998)
  • Casa de Meu Pai, Ana de Castro Osório, organizado e reeditado por Fernando Vale (1998).
  • Viagens Aventurosas de Felício e Felizarda ao Brasil, Ana de Castro Osório, organizado e reeditado por Fernando Vale (1998), (1988)
  • Viagens Aventurosas de Felício e Felizarda ao Pólo Norte, Ana de Castro Osório, organizado e reeditado por Fernando Vale (1998)
  • A Grande Aliança, Ana de Castro Osório, organizado e reeditado por Fernando Vale (1997)

EDITORIAL Nº 823 – 1/6/2022

A Velha Azurara

A velha Azurara da Beira deu lugar ao Concelho de Mangualde nos fins do Sec. XVIII, princípios de XIX.
Azurara do nome do Alcaide Àrabe, Zurara, governador do castelo islâmico, que viveu no Monte da Senhora do Castelo e que representava o poder dos Emires na Península.
Castelo que era a “Sentinela da Beira”, de onde se avistavam as Serras da Estrela, Caramulo, Buçaco, Montemuro, Gralheira e ao longe as terras de Castela.
A origem do nome Mangualde suscita várias interpretações, de “mangual” alfaia agrícola, ao do proprietário visigótico/germânico “Mannualdus”, ou ainda da junção das palavras “Mann” (homem) e “Waldan” (floresta).
Deixemos a decifração para os estudiosos e voltemos ao nome Azurara da Beira, que se perde nos tempos e tem um certo ar lendário.
Esta terra tem um lugar primacial na História, na Literatura e na Cultura, quer no contexto local, quer no nacional, para o que muito contribuiu.
Aqui nasceram Poetas e Poetisas, Escritores, Artistas, Homens da Cultura, que deixaram obras que prestigiam esta Terra e que ainda hoje são marcas para o futuro.
O Homem ocupou esta Região desde há 6.000 anos. E as sucessivas gerações foram marcando a sua presença.
O gesto ancestral que transformou o Homem recolector, usando as mãos para produzir os objectos de que precisava é um primeiro e grande passo de humanização. Este passo deu à imaginação o conseguirmos fazer o que sonhavamos.
E ao longo de sucessivas gerações foi inventando os artefactos para facilitar a sua vida quotidiana.
Um dia inventou como se fazia um tecido! E fez um abrigo para a sua companheira! Amassou o barro e fez um prato! Amontoou pedras e fez um templo para adorar as suas divindades.
Mais tarde bordou flores no vestido. Pintou o prato e ornou-o com desenhos!
Pôs torres no templo, estátuas, esculpiu pedras, tudo de forma a dar prazer aos seus olhos.
Foi assim que apareceu a Arte! A Arte é tudo o que serve para dar graciosidade, beleza, para a admiração, para a alegria, de forma que nos emocione, a nós e aos outros, o coração.
A Arte e a Cultura às vezes confundem-se. São dois conceitos importantíssimos do Conhecimento Humano.
Podemos concluir que a Cultura é a “mãe” da Arte.
Por isso, não existe um povo, uma sociedade que não tenha Cultura.
A Câmara de Mangualde, cujo Concelho está pejado de Património, tem desenvolvido programas de valorização e de promoção cultural, dignos de aplauso.
O Turismo, que hoje é um fenómeno global, pode trazer mais valias.
Mas nunca devemos esquecer que o Património, a Cultura e as Artes são as bases do Turismo.
Porém, o Turismo, essa “ Sorte Grande”, como lhe chamou o Poeta Pedro Homem de Mello, é acima de tudo um acto económico.
E só como “Acto económico” nos interessa!