Arquivo diário: 15 de Junho de 2022

EDITORIAL Nº 824 – 15/6/2022

As Crises

Entramos no mês de Junho com a inflação maior dos últimos 30 anos.
Quem mais sofre, são os de sempre. Os mais pobres, os remediados, que são a maioria dos portugueses.
E para minorar estes efeitos vêm os “cabazes”, as “sopas dos pobres”, os peditórios.
Os pais sofrem e as inocentes crianças também, pois são as próximas vítimas !
E, todos os carentes contam os euros, que desaparecem e não chegam ao fim do mês, comidos pela crise, pelo aumento dos bens de primeira necessidade e por um “ladrão” que se chama inflação.
Esta inflação, come, devora, silenciosamente os ordenados mínimos, as baixas pensões e os apoios sociais.
Temos uma guerra na Europa, mas todos nós estamos na linha da frente, na linha de fogo !
O fim não está à vista ! Que políticas vai o Governo implementar para debelar os seus efeitos?
Portugal tem sido nos últimos 20 anos, assombrado por sucessivas crises.
A Crise de 1983/84 ( Petróleo), a de 1992/93 ( Guerra no Golfo), 2002/03 ( Recessão – do “pantano” de Guterres ao “país de tanga” de Barroso), 2008/2009 ( Crise financeira internacional, o Banco Lehman Brothers), 2010/2013 ( a mais longa e severa, a bancarrota de José Sócrates, a Troyka, Corte de Rendimentos), 2019/2020 ( a pandemia) e agora em 2022 a Guerra na Ucrânia.
Isto é, uma crise e num ciclo muito curto de tempo, o retorno à crise.
Todas estas crises estão a dar cabo de uma geração, a melhor preparada de sempre, que vive sem perspectivas de futuro, sem emprego, muitos precários e baixos salários. E fogem do País, emigram à procura de melhor futuro.
Estes jovens, sem emprego, vivem com a ajuda dos pais, dos avós, que com muita dificuldade conseguiram amealhar alguma coisa. Quantas carências, quanto sofrimento passaram estas pessoas?
Crises, recessão, inflação, pandemia, guerra, quebram completamente as expectativas, os planos para o futuro.
Desta forma sobe a taxa de pobreza, que tem tido o maior aumento nas últimas duas décadas, a taxa de desemprego, principalmente nas camadas jovens.
Os filhos saem de casa dos pais mais tarde, atrasam os seus casamentos, diminui a taxa de natalidade.
Seguem-se ainda problemas na habitação dado o parque reduzido e recua a esperança de vida por causa da pandemia.
Um dilema para o futuro próximo.
E sem soluções à vista…

IMAGINANDO

Parte 113
Você não é a sua Mente – Parte 1
Há muito que o ser humano interpreta que somos a nossa mente, o que não corresponde à realidade.
Nós não somos nossa mente.
Somos consciência e a mente é uma pequena parte desta mesma consciência.
A mente inclui o pensamento, emoções, assim como todos os padrões de reações mentais e emocionais inconscientes e este conjunto é uma fonte de alimentação do “EGO”, que a partir daqui começa a tomar conta do nosso Corpo Físico, porque:
A emoção nasce no local onde mente e corpo físico se encontram e que chamamos “Reação do corpo à mente”
(Eckart Tolle).
Razão, porque alguns pensam que não existem se deixarem de pensar, porque você é, o que pensa que é.
O pensamento é um pequeno aspeto da consciência, no entanto a consciência não necessita do pensamento e mais à frente vamos provar.
Aprofundemos um pouco este tema, sem dúvida de alguma importância, explicando a frase anterior:
Quando crescemos e à medida que o tempo avança, começam a formar-se imagens na base de condicionamentos pessoais e culturais e isto devido à mente
gerar pensamentos constantes.
Nunca um pensamento se foca no Agora.
Ele é produto do Ego, que para o controlar, apenas se fixa no passado e no futuro.
Este vai desviá-lo do presente, começando a dar-lhe imagens pelo pensamento, de factos passados e previsões para um futuro que imagina, mas desconhece.
Um Eu fantasma.
Com o Ego ao comando, a mente sempre prepara um ponto de energia e sabendo que decididamente vai existir um encontro com o Corpo físico, este último sente-se atacado psicologicamente com essa energia projetada.
Prepara-se para a luta.
Exemplo:
Vamos para o caso da Inveja.
Ao receber a informação, o primeiro propósito do corpo físico é contrair-se, porque está recebendo a projeção de uma energia que lhe é sensível.
A esta contração chamamos de Medo.
E aqui tenhamos algum cuidado.
Continua

Auf Wiedersehen Rui Rio


“O meu futuro político acabou aqui. Ponto final parágrafo” respondeu Rui Rio após ter exercido o seu direito de voto na eleição que decidiu o seu sucessor. Rui Rio anunciou sai de “consciência tranquila” mas não se livra de ficar com o rótulo de um dos mais polémicos líderes que já passou no PSD.
O PSD já teve 18 líderes. Os que governaram, sobretudo Cavaco Silva, nos seus longos 10 anos de poder, foram os que maior lastro deixaram no PSD e no país. Rui Rio é o terceiro com mais tempo de liderança, o primeiro é Aníbal Cavaco Silva e o segundo Pedro Passos Coelho.
Rui Rio enquanto líder do PSD falhou os objetivos. Foi atabalhoado na sua mensagem de não colocar o partido nem à esquerda nem à direita e sectário e divisionista na forma como tratou aqueles que não o apoiaram. Não deixa marca ideológica no partido onde Cavaco foi marcante e Passos ainda é desejado. Deixa, isso sim e mérito lhe seja dado, uma situação financeira mais saudável mas, por outro lado, também muitos menos militantes e António Costa e o PS confortavelmente instalados no poder com maioria absoluta.
Ao fim de 12 anos à frente da câmara do Porto, ficou com a fama de ser um gestor rigoroso. Mas também teve muitas polémicas: do Aleixo ao Bolhão, da cultura ao FC Porto, dos “popós” aos arrumadores.
Rui Rio sempre teve mais jeito para fazer oposição ao PSD do que ao PS, veja-se o que se passou em 2013, com o escândalo dos contratos swap financeiros, Rui Rio lançou-se a Maria Luís Albuquerque, então ministra das Finanças do Governo de Pedro Passos Coelho, dizendo que era o “elo mais fraco” do Governo e sugerindo que a governante não tinha condições para continuar no cargo.
Rui Rio, cuja estratégia fracassou em toda a linha, não deixa ao seu sucessor um legado muito auspicioso.
Com um governo de maioria absoluta do PS, Portugal precisa de uma oposição sólida, séria e mobilizada. Para já, não é nada disso que se perspetiva. Possivelmente será a partidos mais aguerridos como o Chega e a Iniciativa Liberal que caberá desempenhar esse papel. Quanto ao PSD, não se vê para já, como poderá ganhar protagonismo. Mas, claro, este ciclo político ainda mal começou e Luís Montenegro vai ter a árdua e hercúlea tarefa de voltar a unir o PSD (com os seus barões sempre à procura de um lugar ao sol!), em primeiro lugar, para depois tentar ganhar a confiança dos Portugueses.

FILHOS OS ELOS DE UMA CORRENTE


Era uma vez uma corrente feita de elos, elos que trazem consigo assombro de milagres ou maravilhas. A cada dia aumenta quando outros elos a ela se juntam numa ondulação de espírito e harmonia.
A roda da vida não para em todas as latitudes entre violentos ou serenos sobressaltos no meio de clarões e de silêncios. Diariamente nos confrontamos com a as mais diversificadas e inesperadas situações de misteriosas simpatias, vivemos novas realidades, assistimos a constantes transformações. Quando em paz tudo dorme a família sonha o silêncio da terra, a paz do céu e a harmonia dos filhos. Enorme é a mudança nos valores da educação, da moral, nas regras da gentileza da polidez de hábitos e atitudes. Ter família é o despontar da alma da nossa própria raça é algo que muitas vezes só sentimos a importância quando perdemos os elos. Uma corrente feita de amor não se quebra se os elos que a compõem vibram mais com acções e menos com palavras.
O passado, o presente e o futuro são os elos que se entrelaçam pela mesma força do destino na transparência alegre na pureza de uma lágrima.
Eles são inquebráveis quando valorizam a perseverança, o sonho infinito da amizade envolta em luz radiosa, a união que nos dá a força.
Elos que nos fazem pensar e reflectir, controlar as emoções que nos fazem ir além da vida, proporcionar momentos de alegria e levar-nos a um fortalecimento da nossa fé um reforçar da união familiar. Filhos de uma família estruturada são elos que não dispensam o real valor da afabilidade, da cortesia, do respeito pelo próximo. São elos inquebráveis. A história de uma família sólida com filhos que revelam um infinito fulgor de intimidade num espaço onde esvoaçam anjos, é animada por uma constante movimentação da procura do bem e do conforto na conquista da vitória da vida num profundo enlevo de um resultado e a melhoria do prazer absoluto de sermos família numa busca da paz e do amor numa infinita transparência cristalina. Os elos do amor dos filhos para com a família marcam profundamente, completam lacunas no espaço e no tempo, fortalece das saudades e das dores que sofre. Filhos felizes bebem na fonte do seio familiar água de puro amor, água de vida eterna e redentora, água meditativa de um sol nascente. São o reflexo de um fogo ardente e não crepúsculo duma bruxuleante claridade onde este seu Universo não é mais que um ponto de partida. A sua vida é mais ampla do que a vida que julgamos viver.
Pedimos compreensão para os filhos falamos de “calor humano” mas no seio da família nem sempre os filhos estão receptivos a tais sentimentos. Filhos com alegria no coração enobrecem suas família com carícias luminosas e doces, com valores que vêm de dentro para fora e se derramam pelo agregado, pelos homens, pelas flores, pelos animais, pelos insetos, por tudo que nos cerca e com esse tudo fortalece e une a família.
Valores morais dos filhos para com a família como honestidade, lealdade, cooperação, empatia, gratidão, tolerância, sinceridade, honradez, cultivam-se e aprendem-se.

25 de Abril : O reverso das medalhas (II)


Os primeiros tempos pós 25 de Abril, soltaram em Portugal uma revolução mais anacrónica e indesejável, que a própria ditadura que tinha derrubado. Tudo era revolucionário: não por ideologia mas por simpatia. Era tudo moderno e reformável. O país precisava de uma nova face, que convencesse os mais sépticos que a quimera do “socialismo científico” era o sistema ideológico mais adequado, para reger os destinos de Portugal e das suas Colónias. A nova face do progresso apresentava-se agora de barba hirsuta, e até as próprias forças armadas superaram esse dogma, acrescentado-lhes o cabelo gadelhudo, assemelhando-se em tudo: aos ursos do Alasca. Era tempos de glória e pândega, que pela primeira vez conviviam de mãos dadas neste país, que se aprimorou a festejar a revolução e se esqueceu completamente da produção. No futuro imediato colhemos a fruta amarga, dessa estranha e irreconciliável união.
Para Angola e em força… e com a finalidade de entregarem o poder ao movimento de guerrilha, de índole ideológica preconizada pelos pelos progressistas civis e do MFA portugueses, foram enviados: o novo representante do estado português e a nova geração de militares, com camuflagem natural, para renderem e passarem à disponibilidade compulsiva, todo o pessoal militar que lá serviam a Pátria, agora, com ideias obsoletas e que urgia despachar do ativo.
Com a nova geração dos militares portugueses já no ativo, e a entrada em funções do Alto Comissário Português, Almirante Rosa Coutinho, cunhado de Agostinho Neto, líder do MPLA e lacaio do imperialismo soviético, iniciou-se uma insidiosa campanha de terror contra os portugueses, visando a sua debandada para Portugal, para instalação a seu bel-prazer, e em todo o território, do regime comunista, já que os deficientes acordos do Alvor, nunca foram para ser cumpridos, e não o seriam garantidamente.
Os acordos com os movimentos nacionalistas para a independência de Angola, foram feitos, com os representantes portugueses ajoelhados, e quase pedindo por favor, aos nacionalistas, que aceitassem a independência, porque eles desconheciam o rumo que deveriam dar aquele território. Sem qualquer noção da realidade que se vivia no terreno, excluíram os portugueses que lá viviam e nasceram, numa irresponsabilidade acanalhada e completamente acéfala, que resultou num dos maiores êxodos da história contemporânea, com centenas de milhares de pessoas humilhadas e despojadas do esforço do trabalho das suas vidas, deixando Angola sem a maioria dos seus quadros, indispensáveis ao futuro daquele país, e sobrecarregando o desemprego em Portugal, que não estava minimamente preparado para absorver tanta mão de obra.
Foram tratados e abandonados como cachorros sem dono: os portugueses, que viviam e nasceram nas colónias portuguesas, bem como os cidadãos naturais, que
serviram civil e militarmente Portugal. Aviões, carregados de silêncio, repletos de mágoa e tristeza, iam e vinham, humanitariamente, trazendo o vexame de uma nação, e desprovendo, por décadas e décadas o futuro de outras. Não há perdão para os promotores desta vergonha nacional, e pior ainda para as guerras fraticidas que geraram, onde perecerem mais de um milhão de seres humanos inocentes.
Não se pode condecorar gloriosamente gente, que contribuiu, por ação ou omissão, para a desgraça e expiração de tantos milhares de inocentes, só porque os fins nos parecem altruístas e patrióticos. Nem todos os portugueses estão distraídos ou têm memória curta.

RECONHECIMENTO DO VALOR


Hoje vou desviar-me de assuntos ou situações simples que gosto de descrever, porque este me tem dado que pensar. Vemos pelo país, de vez em quando, a notícia em alguns órgãos de comunicação que se vai homenagear determinada pessoa ou personalidade. Normalmente é porque a cidadã ou cidadão fez obra ou teve atitudes dignas de louvor seja em que área for. Cá pelo País desde há muitas décadas que se criou o bom hábito de dar notoriedade a pessoas com VALOR, através de certas cerimónias. Por mim acho bastante interessantes estas iniciativas e se puder colaboro com aplauso. Qualquer pessoa que demonstre por actos, por comportamentos, que é sã de espírito, revela ou revelou ao longo da vida o seu carácter humanitário, a sua capacidade de trabalhar em prol do bem - estar dos seres vivos, que os respeita qualquer que seja a sua espécie, porque todos, mesmo todos, têm de cumprir o seu “programa” de Vida. No entanto é do ser humano que se esperariam atitudes coerentes, harmoniosas com os outros, seja no campo da criatividade, da ciência, na capacidade de executar….Isto sou eu a divagar, porque analisando com isenção determinados comportamentos humanos, ficaremos forçosamente desiludidos e não chegam filosofias, psicologias, análises intrínsecas do cérebro humano com que tantos estudiosos nos querem ajudar, até aos construtores das viagens ao espaço com tanto conhecimento e sabedoria que deixam, verdadeiramente alguns de nós, humildes “pensadores” da cadeira junto à secretária, a cismar nesta estranha engrenagem que é o Universo. É que há muitos “ pensadores da cadeira, ou poltrona, à secretária a quem falta a sabedoria daquele que viveu, mas viveu mesmo a plenitude dos seus setenta, oitenta, noventa e mais anos de lúcida dádiva aos outros. Os jovens e os ainda meio jovens deverão meditar nisto e respeitar a sabedoria ainda que empírica de quem sabe trabalhar com a enxada, com a tesoura de podar, com os fios duma teia, com um martelo numa bigorna, como quem sabe usar a caneta, o rato do computador ou carregar no manípulo do foguetão que vai ao Espaço. O RECONHECIMENTO DO VALOR REAL DE ALGUÉM veio-me a propósito da obra fabulosamente arrepiante que nos deixou a estranha e misteriosa PAULA REGO, a quem testemunho, aqui, a minha humilde e derradeira homenagem.

UCC: mesma sigla, significados distintos


Aquando da extinção da Sub-regiões de Saúde, surgiram os Agrupamentos de Centro de Saúde (Aces), que compõem uma carteira de Unidades Funcionais (UF), sendo as mais difundidas as USF (Unidades de Saúde Familiares) e as UCSP (Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados), por manterem uma resposta semelhante aos antigos Centros de Saúde, ou seja, consultas individualizadas com acesso aos cuidados de saúde preventivos ou curativos. No entanto as UCC (Unidades de Cuidados à Comunidade), surgiram para dar resposta à necessidade de cuidados de saúde específicos às famílias e comunidade. É constituída por enfermeiros, assistentes sociais, médicos, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas da fala e outros profissionais, cujo objetivo é serem mais próximos da comunidade, quer a nível domiciliário quer a nível de preventivo através de programas para educação para a saúde (Saúde Escolar entre outros) quer a nível da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) com a equipa de domiciliária (ECCI- equipas de cuidados continuados integrados).
Já as UCC (Unidade de Cuidados Continuados Integrados) são conhecidas pela população em geral, como um internamento para indivíduos com alto grau de dependência devido a doença crónica ou com maior vulnerabilidade física, psíquica e social. É constituída por uma equipa multidisciplinar (enfermeiros, fisioterapeutas, auxiliares de ação médica, assistentes sociais, médicos entre outros), cujo a finalidade é manter ou recuperar a pessoa que detém um processo crónico ou agudo de doença,
É crucial que a população tenha conhecimento em diferenciar estas unidades, para melhor gestão dos recursos que dispõem nos cuidados de saúde primários da sua área de residência.
A título de curiosidade, as UCC (comunidade) são as principais protagonistas dos ganhos em saúde na comunidade onde estão inseridas, o resultado do seu desempenho. No fundo é ganhar anos de vida, apostando na qualidade de cuidados prestados, quer de forma preventiva ou paliativa. A equipa é multidisciplinar devido às várias áreas que envolve; desde inicio de vida com ações formativas para futuras mães a ações de sensibilização a adolescentes acerca de temáticas como os comportamentos aditivos a sexualidade. Sendo que a ECCI é a área que mais absorve a UCC devido ao envelhecimento populacional e consequente vulnerabilidade dos indivíduos à doença crónica.
Por vezes omisso, nos discursos inflamados dos atores políticos locais, as UCC (Comunidade) têm poucos recursos para as metas que tem de atingir. Talvez omisso por os coordenadores serem quase sempre enfermeiros; talvez omisso porque as apostas nos cuidados de saúde primários evitam muitos custos e previnem muitos lucros a certas indústrias!

SANFONINAS

A mosca!
Chata que ela é! Bem gordinha, decerto uma daquelas que fica grávida e depois busca um cantinho como que para hibernar e aí depositar os ovinhos. Põe, dizem os entendidos, 100 a 150 num dia e realiza umas 5 posturas durante uma quinzena. As crias demoram 24 h a sair e aumentam, em 4 dias, 54 vezes a sua estatura. Calcula-se que um casal de moscas pode gerar, num Verão, mais de 300 biliões de descendentes!
Foi por saber disto logo na minha juventude, que, anos seguidos, sem dó nem piedade, eu agarrava numa folha de papel, encostava a mosquinha a um dos caixilhos da janela e… era uma vez! Irritava-me vê-la a voar dum lado para o outro. Distraía-me.
Agora, mercê de tantas campanhas em prol do valor dos insectos, acabo por me levantar (bom pretexto para exercício físico), abro uma das folhas da janela, agarro numa folha de papel e insisto com ela: saia para a Natureza! E digo insisto, porque habitualmente teima em não querer seguir os meus mecânicos conselhos, esgueira-se por baixo da folha e volta a bater nos vidros mais afastados. Ganho paciência e consigo libertá-la.
As varejeiras – desculpem! – essas, apesar do corpo azul-esverdeado, tão luzidio quão repelente, não gosto delas, porque me lembro sempre delas a poisar no peixe e, até, descaradamente, a depositarem lá os ovinhos. Agora, as vulgares até as aprecio, sobretudo após ter visto macrofotografias dos seus olhos, com as suas 4000 (quatro mil!…) lentes hexagonais – agradeço a Fernando Ferreira, o fotógrafo da Natureza, ter-nos facultado uma! – e saber que batem as asas ao ritmo de 350 por segundo!…
Tive acesso a uma ficha moscométrica: nome – mosca; apelido – insecto díptero; olhos – salientes; cabeça – elíptica, com antenas e tromba; cor – negra; estatura – 7 milímetros; profissão – aborrecer e contagiar!
E não resisto a transcrever o que li numa revista, em Julho de 1963:
«E se o trazer mosca (meia dúzia de pelos sob o lábio inferior) é moda masculina, como igualmente o sinal preto no rosto (mosca) foi, e é, enfeite para algumas damas; se ter mosca é sinónimo de dinheiro – não desejamos que nenhum dos nossos leitores ande com a mosca ou mereça o epíteto de mosca-morta com que os vocabulários familiares costumam brindar as pessoas sonsas ou indolentes».