RECONHECIMENTO DO VALOR


Hoje vou desviar-me de assuntos ou situações simples que gosto de descrever, porque este me tem dado que pensar. Vemos pelo país, de vez em quando, a notícia em alguns órgãos de comunicação que se vai homenagear determinada pessoa ou personalidade. Normalmente é porque a cidadã ou cidadão fez obra ou teve atitudes dignas de louvor seja em que área for. Cá pelo País desde há muitas décadas que se criou o bom hábito de dar notoriedade a pessoas com VALOR, através de certas cerimónias. Por mim acho bastante interessantes estas iniciativas e se puder colaboro com aplauso. Qualquer pessoa que demonstre por actos, por comportamentos, que é sã de espírito, revela ou revelou ao longo da vida o seu carácter humanitário, a sua capacidade de trabalhar em prol do bem - estar dos seres vivos, que os respeita qualquer que seja a sua espécie, porque todos, mesmo todos, têm de cumprir o seu “programa” de Vida. No entanto é do ser humano que se esperariam atitudes coerentes, harmoniosas com os outros, seja no campo da criatividade, da ciência, na capacidade de executar….Isto sou eu a divagar, porque analisando com isenção determinados comportamentos humanos, ficaremos forçosamente desiludidos e não chegam filosofias, psicologias, análises intrínsecas do cérebro humano com que tantos estudiosos nos querem ajudar, até aos construtores das viagens ao espaço com tanto conhecimento e sabedoria que deixam, verdadeiramente alguns de nós, humildes “pensadores” da cadeira junto à secretária, a cismar nesta estranha engrenagem que é o Universo. É que há muitos “ pensadores da cadeira, ou poltrona, à secretária a quem falta a sabedoria daquele que viveu, mas viveu mesmo a plenitude dos seus setenta, oitenta, noventa e mais anos de lúcida dádiva aos outros. Os jovens e os ainda meio jovens deverão meditar nisto e respeitar a sabedoria ainda que empírica de quem sabe trabalhar com a enxada, com a tesoura de podar, com os fios duma teia, com um martelo numa bigorna, como quem sabe usar a caneta, o rato do computador ou carregar no manípulo do foguetão que vai ao Espaço. O RECONHECIMENTO DO VALOR REAL DE ALGUÉM veio-me a propósito da obra fabulosamente arrepiante que nos deixou a estranha e misteriosa PAULA REGO, a quem testemunho, aqui, a minha humilde e derradeira homenagem.