Na edição anterior deste Jornal inseri um artigo de opinião sobre Mário Videira Lopes no qual, sob minha inteira responsabilidade, afirmei, entre o mais, que ele é, sem dúvida, o Politico, felizmente ainda vivo e de boa saúde, que mais influência teve no desenvolvimento do Concelho de Mangualde, pelo menos nos últimos 50 anos - e que para isso muito contribuiram as infra-estruturas básicas lançadas pela Câmara por ele presidida, na habitação, em estabelecimentos de ensino, em instalações desportivas, no campo da saúde e no apoio à cultura, o que tudo incrementou um extraordinário progresso económico e populacional neste Concelho.
Obviamente estas afirmações correspondem à minha opinião, mas resultam do facto de eu ter vivido e acompanhado de perto esses tempos da gestão autárquica de Mário Videira Lopes, que tiveram inicio há quase 43 anos e terminaram há já quase 27 anos; - por isso
Actualmente só aqueles que têm mais de 45 anos de idade (como eu, que até tenho muitos mais) é que poderão testemunhar, por experiência própria e conhecimento directo, as substanciais alterações que naquele período foram introduzidas na vida comunitária desta Cidade e seu Concelho.
Muito tempo passou entretanto - e novas gerações de homens e mulheres vivem hoje neste Concelho e comandam os seus destinos, mas, como referi no final daquele meu artigo de opinião, a obra de Mário Videira Lopes ficou, a marcar um período áureo da nossa história mais recente.
Os factos fundamentadores da homenagem que quis prestar-lhe são, a meu ver, objectivos e indesmentiveis.
Para justificar, julgo que será pertinente recordar alguns desses factos, cingindo-me aos mais emblemáticos. Assim,
Na área das infra-estruturas básicas salientou-se a resolução do gravíssimo problema da falta de água no Concelho, através da participação, forçada contra Viseu, no “consórcio” da Barragem de Fagilde e a construção e extensão das subsequentes redes de condução e de distribuição da água aí captada, não só para Mangualde, mas também para muitas das aldeias mais próximas desta então Vila.
Para aqueles que já não se lembram bastará dizer que em Setembro chegavamos a ter só 1 hora de água, ou até menos, em muitas das casas de Mangualde e arredores, o que felizmente nunca mais voltou a acontecer.
Recordo também a execução de novas redes de saneamento básico e de equipamentos para tratamento de águas residuais não só em Mangualde (na sua vertente norte, Lavandeira/ Roda e na sua vertente sul, Caminho ”velho” para Mesquitela/ Cubos), mas também em muitas das aldeias (onde eram práticamente inexistentes);
Marcante foi ainda a implantação de redes de electricidade em todas as 8 aldeias que ainda não as tinham (Almeidinha, aqui ao lado, era uma dessas povoações) e a construção de novas ou pavimentadas vias de circulação rodoviária por todo o Concelho;
Na área da urbanização destaco o arranjo urbanistico do Largo do Rossio, que até então era um terreiro mal tratado bem no centro da antiga Vila e que implicou a demolição da antiga “Casa do Conceição” existente absurdamente no meio desse Largo, bem como a construção dos jardins, arruamentos, rotundas e parques de estacionamento que ainda hoje aí se mantêm.
Terreiros mal tratados eram também o Largo das Carvalhas (ou das Escolas) e os Largos da Misericórdia e de Pedro Alvares Cabral, que igualmente foram transformados em espaços urbanos condignos e apraziveis, sendo que os dois primeiros foram recentemente reconvertidos, mas em minha opinião desnecessariamente e com novos arranjos e utilidades no minimo discutíveis.
Ponto alto foi no entanto a definição de um Plano Geral de Urbanização (PGU) para Mangualde, até então inexistente, o qual começou a ser executado com as actuais Avenidas Conde D. Henrique (através das antes vedadas “Quinta dos Condes de Anadia” e “Quinta Alpoim”), da Avenida Montes Herminios (que a prolongou até à Estação Ferroviária), da Avenida da Srª do Castelo e das complementares Avenida Sá Carneiro e Rua Tojal d’Anta, às quais se seguiram muitas outras.
Este PGU foi aliás um sub-produto complementar do 1º Plano Director Municipal (PDM) que também foi aprovado e começou a ser implementado.
E já que falei da Estação Ferroviária importa lembrar que, após uma acesa disputa com Nelas, a Câmara presidida por Mário Videira Lopes conseguiu ampliá-la e acrescentar-lhe uma vasta área destinada a mercadorias, de modo a transformá-la em estação ferroviária central ou regional, como naquele tempo se pretendia que acontecesse.
Na área da educação e do ensino, foram construídas as actuais Escola Secundária Drª Felismina Alcântara e a Escola Gomes Eanes de Azurara, tendo-se ainda captado para Mangualde um Instituto do Ensino Superior que foi instalado nos antigos Colégios, além de se ter começado a criar uma rede de ensino pré-primário por todo o Concelho, também até então inexistente;
Na área do desporto, foi construído o novo parque desportivo de Mangualde, com os novos estádio e pavilhão desportivo/ multi-usos e foi lançada a construção das piscinas municipais;
Complementarmente foi ainda lançada e iniciada a construção, na mesma zona e como fazia todo o sentido, da Biblioteca Municipal Dr. Alexandre Alves.
Na área da saúde avançou-se para a construção do novo Centro de Saúde nas proximidades de Cubos, para substituir as inapropriadas, para o efeito, instalações do antigo Hospital;
Nos primeiros anos dos mandatos de Mário Videira Lopes foi possivel construir, em estreita colaboração com os responsáveis pela Igreja Católica em Mangualde, o Complexo Paroquial, o que implicou a mudança do Posto da GNR para a Casa e jardins que foram do Sr. Adelino Amaral (adquiridos pela Câmara para o efeito) e a desactivação definitiva da antiga Cadeia Comarcã, bem como a participação em diversas acções para a angariação de fundos destinados àquela construção;
A isto acresceram depois colaborações fundamentais para que fosse possivel também construir em Mangualde um novo Templo para a Igreja Evangélica Baptista e o novo Salão do Reino das Testemunhas de Jeová;
Foi ainda muito forte o investimento directo da Câmara na promoção da habitação nesta Cidade, com a conclusão dos 18 fogos que estavam parados no Bairro da Gândara e a construção de 24 fogos na Quinta Alpoim e de 48 fogos na Quinta Anadia;
A industrialização do Concelho foi igualmente uma forte aposta da Câmara, com o que se conseguiu a instalação da Fábrica da Sonae/ Arauco na Zona de Santa Luzia/ Água Levada (o que implicou a aquisição, pela Câmara e no curto tempo de 45 dias, de 250.000 m2 nessa zona, pertencentes a 75 proprietários privados) e o inicio da criação do Parque Industrial do Salgueiro/ Pedreles, além de colaboração estreita com a “Citroen”, com o que se conseguiu assegurar a permanência desta Empresa no Concelho.
E tudo sem esquecer as freguesias rurais, que também foram reconhecendo muito mérito a Mário Videira Lopes e às equipas de excelentes autarcas, na Câmara e nas Juntas de Freguesia, que ele superiormente foi organizando e orientando, ao ponto de, na sua primeira eleição, as listas do Partido Socialista terem ganho apenas em 5 das 18 freguesias então existentes no Concelho, mas na última eleição terem ganho em 17, sendo que, na freguesia onde o Partido Socialista não ganhou, a lista da Câmara encabeçada por Mário Videira Lopes também ganhou.
Naturalmente, tudo isto fez com que este Concelho de Mangualde tivesse, naquela época, vivenciado um extraordinário desenvolvimento social e económico;
A este propósito já assinalei, no artigo anterior - mas julgo útil voltar a acentuar - que, entre os finais da década de 1950 e meados da década de 1970, ou seja, no período de cerca de 20 anos imediatamente anterior à gestão autárquica do Mário Videira Lopes, este Concelho havia perdido cerca de um quarto da sua população;
Mas, nesse longo periodo de gestão autárquica de Mário Videira Lopes, o Concelho de Mangualde voltou a ser atractivo social e económicamente, tendo então recuperado práticamente, e depois conseguido manter, em número de residentes, a população que havia perdido, regressando a valores muito próximos dos seus anteriores melhores tempos - após o que, infelizmente, tem vindo a decrescer de ano para ano, conforme já demonstrei com o quadro publicado na edição anterior deste Jornal.
Foi por tudo isto que, procurando fazer justiça e homenagear quem, a meu ver, não pode deixar de ser homenageado pelos valiosos e concretos serviços que prestou a Mangualde e ao seu Concelho, decidi invocar aqui a pessoa ilustre que é Mário Videira Lopes.
Em cima dos acontecimentos, este Jornal Renascimento foi muitas vezes critico das suas decisões enquanto autarca, mas… com o distanciamento que o decurso do tempo nos proporciona a todos, hoje não tenho dúvidas quanto à veracidade e à fundamentação válida das afirmações apreciativas que proferi no meu anterior artigo de opinião - e que neste repito.
À boa maneira beirã, bem haja, pois, Mário!
António Fortes
Arquivo mensal: Outubro 2022
PRODUÇÃO e DISTRIBUIÇÃO

O contexto de crise, forçado pelos efeitos da pandemia seguidos dos efeitos da guerra da Ucrânia, tem fomentado múltiplas manifestações reivindicativas de vários setores. Os reformados reivindicam aumentos de pensões, que pelo menos reponham a perda do seu poder de compra real. Os funcionários públicos que tiveram aumentos muito inferiores á inflação apresentam as mesmas reivindicações. Também as empresas solicitam apoios imediatos de natureza fiscal e financeira. Os utentes dos serviços públicos reivindicam melhores serviços. O poder local reivindica mais fundos para compensar a inflação, a crise e a transferência de poderes.
Por seu lado o governo, que até tem aumentado as suas receitas, induzidas pela inflação, tem apresentado programas de apoio às famílias e às empresas.
O governo diz que dá o que é possível dar sem pôr em causa a sustentabilidade das finanças públicas, enquanto as forças sociais manifestam um sentimento de insuficiência.
Em geral a “física económica” não engana. Em tempos de vacas gordas distribuem-se “farturas” e em tempos de vacas magras distribuem-se “misérias”. É assim em todo o tempo e em todo o lugar.
É por isso uma ilusão pensar-se de que é possível haver crise, traduzida em baixas de produção ou de inflação e todos os setores manterem a sua situação, como se nada se passasse. A implacável realidade impõe-se sempre.
Mas nem todos os setores, nem todos os países, sofrem as crises da mesma forma. Cada um sofre os ajustamentos á sua maneira e tão mais dolorosamente quanto menor for o seu nível de riqueza.
E é por isso que os governos para além da sua ação imediata e conjuntural, devem preocupar-se permanentemente com ações estruturais que levem a níveis de produção e a níveis de vida muito superiores. Com mais PIB per capita, com salários mínimos e médios mais altos a capacidade de resistência é muito superior. É diferente a situação de baixa para uma pessoa com um rendimento de 2000 euros para 1800 euros, do que de 1000 para 900.No fim do dia, apesar da mesma baixa relativa, um tem 1800 para viver e o outro só tem 900.
O próprio Estado de um país em que o nível de produção seja muito superior tem, com menos taxa de esforço dos cidadãos e das empresas, mais recursos para a governance do país.
Por isso deveria haver permanentemente uma ambição ativa e apelativa de mais produção nacional. A começar pelo Presidente da Républica, pelo Governo, pelas forças partidárias e por diversas instituições. Mas constata-se sobretudo um acento tónico na distribuição. Fala-se muito em distribuir e pouco em produzir. Há uma grande inércia política em falar em produzir mais e melhor. Mas há algumas exceções. Uma boa exceção, entre outras, é o caso da SEDES, que consciente do problema, proclama a ambição de duplicar o PIB em 20 anos. Outros organismos seguem semelhante ambição.
Ainda temos níveis de pobreza significativos e preocupantes. Salários mínimos e médios baixos. 30% dos pobres é gente que trabalha, mas ganha pouco. Sem mais produção só há ilusão!
Precisamos de modernizar o país e a economia, de aumentar a eficiência do estado e baixar a fiscalidade.
Precisamos de mais qualificações, de melhorar o nível tecnológico das empresas, de reforçar o ritmo de inovação e de I&D, de reforçar o Investimento e as exportações.
Em 2012 investíamos em I&D 1,5% do PIB e tínhamos como ambição para 2020 chegar a 3,3%. Temos ainda hoje cerca de 1,5%. e temos a ambição de ter 3% em 2030. Recentemente tem havido várias medidas nesse sentido. Ou fazemos esse caminho ou seremos, todavia, medianos. Precisamos de inovar, de investigar por via individual ou colaborativa, de subir de patamar de valor, de criar propriedade intelectual. De escalar na dimensão das empresas e de as capitalizar.
Podemos e devemos defender todas as justiças sociais e todos os direitos, é um imperativo moral e político, mas no fim do dia, precisamos dos meios necessários. Precisamos de mais e melhor produção. Sem mais produção todos ralham e ninguém tem razão.
Congresso Ibérico em Mangualde
Na passada sexta feira dia 7 de Outubro esteve na Cidade de Mangualde uma Delegação do Congresso Ibérico, vinda de Espanha, para acertar o Programa do mesmo, que se vai realizar nos dias 4, 5 e 6 de Novembro coincidente com a Feira dos Santos.
Depois de uma visita à Barragem de Fagilde, onde se vão realizar provas de pesca, seguiu-se uma reunião no Hotel Senhora do Castelo, onde vão ficar alojados os cerca de 40 Congressistas (Directores de Comunicação e Jornalistas).
O Restaurante Valério foi o local do Jantar, que primou pela apresentação de um menu típico e regional, muito apreciado e gabado, onde não faltaram os produtos regionais, enchidos e queijo e um vinho do Dão muito especial. E na sobremesa o requeijão e o doce de abóbora. Tudo delicioso…
No dia 8, pelas 10 horas da manhã, reuniu-se no Hotel Senhora do Castelo, o Presidente da Câmara Municipal de Mangualde Dr. Marco Almeida, com a Delegação do Congresso, onde ficou praticamente assente o vasto programa que inclui recepção oficial na Câmara Municipal dos Congressistas e participação dos mesmos no acto inaugural da Feira dos Santos. Segue-se uma degustação no local da Feira.
Este Congresso Ibérico, pela primeira vez realizado em Mangualde, reunindo a Comunicação Social Espanhola (Televisão, Rádios e Jornais) vai contribuir para a internacionalização da Feira dos Santos, principalmente no mercado espanhol de proximidade (Castela León/ Astúrias, Madrid e Galiza) e que é um dos objectivos da actual Câmara.
Seguidamente a Delegação seguiu para Espanha.
É de prever um grande sucesso para este evento, que projectará o Concelho de Mangualde e principalmente a Cidade em toda a Península Ibérica, realçando a sua posição estratégica, a sua riqueza Turística e Natural.