Arquivo diário: 31 de Outubro de 2022

EDITORIAL Nº 832 – 1/11/2022

DIAS DIFÍCEIS
Realizou-se em Mangualde no passado dia 14 de Outubro, no Salão Nobre da Câmara Municipal a Conferência sobre o combate à pobreza, tendo como conferencista Monsenhor Agostinho Jardim Moreira, Presidente da Rede Europeia Contra a Pobreza.
Ficou bem claro nesta exposição que a pobreza não se resolve com a caridadesinha. Hoje, estudada a pobreza, chegou-se à conclusão que só actuando em Rede se pode dar dignidade ao Ser Humano.
Actuar em Rede é juntar as sinergias do Governo, Autarquias e Sociedade para que se actue sobre a pobreza. Há muitos tipos de pobreza!
Portugal e o Mundo vivem momentos difíceis e de muita incerteza. Depois de uma violenta pandemia, uma guerra que ninguém esperava.
E que tudo indica que está para durar…
Vivemos um período de inflação. A inflação ameaça os orçamentos familiares. As subidas das rendas provoca protestos. A subida da energia e dos combustíveis obriga a fazer muitas contrações.
Os orçamentos familiares não aguentam!
Em resultado de tudo isto, as famílias portuguesas perdem poder de compra e a crise alimentar atinge as classes no limiar da pobreza, a classe média e os imigrantes.
Há muitos portugueses que trabalham, têm emprego e são pobres!
De todos os lados vêm más notícias, as perspectivas são cada vez mais sombrias. A Presidente do Banco Central Europeu antecipa para os próximos meses um agravamento da situação e as solicitações para apoios não pára de crescer.
Findou o Verão, a força do Turismo terminou. Acabaram muitos empregos ocasionais.
O regresso às escolas, que acarreta sempre grandes despesas, a subida desenfreada dos preços dos bens essenciais, dos combustíveis, gás, electicidade, estão a provocar protestos cada vez maiores.
O Governo, muito desgastado, perdeu o estado de graça. Os portugueses acreditam cada vez menos no Governo, como revelam as sondagens feitas nos últimos dias.
Hoje o Partido Socialista já não tinha maioria absoluta. Que governo para Portugal ? Outra vez com a esquerda, a “Geringonça”?
Desvalorizar as sondagem não serve de nada. Se servem para mostrar que estão em alta, também servem para mostrar que estão em baixa.
Vamos ter tempos difíceis, muita contestação, muitas greves.
Sofre o País e no fim sofrem todos os Portugueses.
Apesar de todos os esforços que o Governo está a fazer para minorar as situações mais difíceis, infelizmente não passam de paliativos.
E, os mercados? A História mostra-nos que o mercado deixado de rédea solta conduz invariavelmente à destruição da livre concorrência, mas e também da Democracia e do Estado de Direito.
Neste momento o que o Governo está a fazer é só empurrar os problemas para a frente.

IMAGINANDO

O ESPÍRITO SOB O OLHAR DAS FÍSICAS CLÁSSICA E QUÂNTICA - PARTE 4
A Física Quântica nos ensina que o observador é criador e espectador ao mesmo tempo.
Dando continuidade à Parte 3, constatamos contradições às leis da mecânica clássica de Newton e Einstein, por estas se aplicarem às partículas de sistemas macroscópicas.
Einstein acreditou sermos observadores passivos a viver num mundo pré-existente e com  uma influência reduzida. 
“Exteriormente havia sim, um imenso mundo independente dos seres humanos”, e considerado como um imenso e eterno enigma, acessível de forma parcial à nossa inspeção e pensamento.
Segundo Gregg Braden no seu livro “A Matriz Divina”, e  fazendo fé à Teoria de Einstein, a tese entre Artista e Tela, os Artistas são considerados independentes das suas obras. Apenas utilizam as suas ferramentas para comunicar uma criação interior, através de uma expressão exterior.
No seio da Matriz Divina “Mente Cósmica”, isto não acontece. Não existe separação entre Arte e Artista.
Somos a tela e também somos as imagens representadas sobre elas. Somos as ferramentas e somos também o Artista que as utiliza.
Somos criadores, criando a partir das nossas criações.
Quando o observador interage com o mundo atómico e como este é um mundo de probabilidades ele vai alterar os valores dessas probabilidades ou seja, vai criar para si uma realidade.
Mediante este facto, chegamos à conclusão que existe uma Consciência e Ela através dos nossos olhos, observa e leva informação ao nosso cérebro. Ela não está dentro de nós, porque é Não Local. Essa Consciência quando interage, participa com o observador e dá ao cérebro uma imagem ou realidade virtual ou seja, uma contribuição para que o conjunto de uma imaginação com uma forte emoção, dê vida pela vibração (porque tudo o que existe vibra),  a  possibilidade de ele criar uma realidade.  
Compreendamos quem é essa Consciência e qual o meio que utiliza para passar a informação ao cérebro:
Onde Ela vai buscar essa informação, para que possa interagir e participar?
Só podemos concluir que essa Consciência é o Espírito, parte da Mente Cósmica. Ele é Não Local, que está colaborando com nosso cérebro a informação pela sua interação, participando para determinado resultado.
Isto prova, que estamos conectados com o Universo e o Espírito está experienciando uma vida humana pela manifestação dos nossos desejos.
Como tudo o que existe é Átomo, em cada átomo há uma Inteligência.
Continua…

OS MENINOS QUE SONHAVAM SER JOGADORES DE FUTEBOL

Jogos de rua faziam parte da nossa meninice . Eramos felizes e não sabíamos.

  • Mãe , deixa-me ir jogar futebol com os meus amigos ?! …
    (E numa indefinida voz harmoniosa mas austera …)
  • Vai … mas se não fizeres os trabalhos da escola , não te deixo mais ir jogar à bola …
  • Uauuu…fixe …boa ! .. . (Toneca pulava numa alegria incontida)
  • Anda,… corre Toneca (gritava a turba irrequieta). Agitavam-se as ondas num íntimo alvoroço , fervilhavam os ânimos numa inquietude efervescente. (Ele era o todo poderoso dono da bola).
    O futebol era a paixão da criançada, a voz da sua alma que cintilava nos seus lábios, nosso meio de socialização, o desenvolvimento do nosso raciocínio lógico, o aumento do nosso foco e concentração, o aprender a lidar com as nossas emoções.
    Perder um jogo de forma inesperada ou mesmo injusta era uma reviravolta no nosso dia a dia, podia acontecer, causava-nos frustrações, tristezas e emoções, cargas negativas, mas que eram essenciais para a nossa aprendizagem, formação e crescimento.
    Atento a esta saudade minha, traslado nesta narrativa o fulgor anímico, o vivenciar experiencias vividas no passado contadas como lembranças no presente. Aqui o velho tempo primitivo o silencio das eras já remotas.
    Os jogos da minha infância vislumbravam alegria e pura diversão, neles me revejo infinito e sem idade. Sangue dos nossos pulsos que latejava e nele pulsava a vida. Mal pressentida ainda a vida ditava as suas regras, normas para um jogo de futebol que deviam ser cumpridas e aceites por unanimidade por ambas as partes:
    As balizas eram delimitadas entre duas pedras e as distancias entre si medidas em passos. Não havia árbitro, confiávamos na nossa decisão correta das faltas. O elemento com menos mobilidade, o gordo, era sempre o guarda redes. O jogo não tinha limite de tempo , eramos livres de o controlar. A partida só terminava quando os jogadores estavam cansados, em caso de rixa assanhada ou zanga do dono da bola. Dava sempre azo a barulho e discussão a marcação de uma grande penalidade. Impreterivelmente o dono da bola tinha sempre o direito a jogar e a exigir que o melhor jogador alinhasse na sua equipa, ou não haveria bola para o jogo. Ponto assente era a regra de que os dois melhores jogadores não podiam jogar do mesmo lado. Penalizado era o guara redes que desse “um frango “voluntário, era imediatamente posto na rua. Bola que era chutada para longe para fora do campo, o último a fazê-lo era obrigado a ir busca-la. E num lusco fusco anímico, humilhante era ser o último escolhido para o jogo.
    Era o nosso pequeno mundo, tudo que naquele espaço existia para que pudéssemos amar, ousar, sonhar, criar e viver o melhor da nossa vida.

Os professores que, silenciosamente, já desistiram


Na última reflexão abordei o “quiet quitting” ou desistência silenciosa, no que poderá ser entendido como uma demissão passiva e consiste em realizar o mínimo, básico e essencial do trabalho, sem fazer horas a mais ou esforçar-se além do necessário.
Na grande maioria dos casos, a motivação para o trabalho não se resume apenas à remuneração e à carreira, apesar da sua importância, mas começa pelo sentimento de que a pessoa se sente respeitada e reconhecida. A falta de valorização humana, pessoal e remuneratória é a principal causa da “desistência silenciosa” de grande parte dos funcionários. Vou abordar o exemplo dos professores:
Num mês em que se conheceu mais um caso de agressão a uma professora, quando se sabe que a cada três dias é agredido um professor, o ministro declarou “apoio e solidariedade” e acrescentou que todos “devem dar o exemplo de respeito” pelos docentes. Esta afirmação seria bem recebida por todos os docentes se, quem a proferiu, desse, em primeiríssimo lugar, o exemplo.
Na realidade, o respeito pelo próximo passa poucas vezes por declarações vãs. O respeito por alguém demonstra-se com ações concretas. E estas têm faltado ao atual ministro e aos próprios governos do PS! Se não vejamos: nas duas vezes que as carreiras dos professores foram congeladas, quem governava o país era o Partido Socialista. Quando se alterou o modelo de gestão das escolas, passando para o atual, que é unanimemente considerado não democrático, quem governava era o Partido Socialista.
Não basta vir com um ar consternado para a televisão dizer que está solidário com os professores e que todos os devemos respeitar, quando diariamente se decide e legisla contrariamente. No caso das agressões, por exemplo, deveria o ministro ser assertivo o suficiente e ser o primeiro a garantir que os agressores seriam identificados, detidos e oportunamente presentes a tribunal. Mas o que se vê são os professores a desistirem da profissão e os agressores continuarem impunes. Respeitar os professores é ter humildade para os ouvir e resolver os problemas que não são deles mas do sistema educativo, com repercussões diretas naquele que deveria ser o foco: a aprendizagem do aluno!
Uma das maiores consequências do desnorte que vai no Ministério da Educação é o clima de facilitismo no que diz respeito à aprendizagem e avaliação dos alunos. Tanto se dá que aprendam como não que a ordem “vinda de cima” é sempre transitar o aluno.

A GUERRA


A guerra da Rússia contra a Ucrânia é todos os dias motivo de notícias em que se relata a destruição de prédios de habitação, a morte de soldados e civis, as dificuldades das pessoas que permanecem na Ucrânia, as quais cozinham na rua servindo-se da madeira proveniente dos prédios destruídos para acender o fogo necessário.
Desde os tempos mais remotos, sempre existiram guerras. Os motivos podem ser vários, mas geralmente não é difícil identificar o principal. No caso da guerra da Rússia contra a Ucrânia não restam dúvidas de que está em causa a disputa territorial. É lamentável que tal fundamento ainda seja capaz de desencadear uma guerra nos dias de hoje.
Nas guerras, a vida humana é completamente desprezada, não merecendo qualquer respeito. A segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945) causou a morte de 60 a 70 milhões de pessoas. A propósito, o livro “Histórias Desconhecidas da II Guerra Mundial”, de Jesús Hernandéz, relata alguns factos que põem em destaque o desprezo pelas vidas perdidas. Na batalha mais conhecida e mais importante desta guerra, a batalha de Estalinegrado, não se conhece quantos soldados soviéticos morreram, porque os historiadores russos não estavam autorizados a investigar, porque as autoridades receavam que se pudesse concluir que o preço pago por infligir aos alemães aquela derrota tão decisiva pudesse ser considerado demasiado elevado. Acredita-se, porém, que a vitória terá custado pelo menos meio milhão de mortos entre as suas tropas, a que deve ser acrescentado um número indeterminado de mortos civis, mas talvez um milhão ou mais, devido às ordens “categóricas” de Estaline para não abandonarem a cidade. Uma grande quantidade de soldados soviéticos morreu antes mesmo de chegar à cidade ao tentar atravessar o Volga desde a margem oriental, que estava a ser constantemente sujeita a bombardeamento aéreo, de artilharia e de fogo de metralhadora. Os que conseguiam chegar à cidade, ou seja, à margem ocidental, tinham de se colar ao chão e resistir. Se recuassem seriam executados por cobardia, como aconteceu a 13 mil soldados. Como conclui o autor do livro, a violência dos combates em Estalinegrado levou a que a esperança de vida de um soldado soviético, naquele cenário, fosse apenas de 24 horas.
No mesmo livro, um outro caso elucida igualmente acerca da importância que merece a vida humana, o que procurarei relatar em poucas palavras. De um modo geral, os generais evitam dar o corpo às balas, ficando longe dos locais onde elas sibilam. Porém, um general americano teve de se expor, ao liderar um assalto a uma colina. O general Orlando Ward, estacionado na Tunísia à frente da 1ª Divisão Blindada, tinha de liderar os seus homens sob as ordens do general George Patton, faminto de glória. Numa certa ocasião, Ward comentou com Patton que tinham tido muita sorte por não terem perdido oficiais no combate desse dia. Ficou, porém admirado com a resposta de Patton: “Raios, Ward, isso não é ter sorte! Isso é mau para o moral dos recrutas; quero que morram mais oficiais.” Incrédulo, Ward perguntou-lhe se estava a falar a sério. “Claro que falo a sério – respondeu-lhe. – Quero que envies vários oficiais como observadores para a primeira linha de fogo e que os deixes lá até que matem um par deles”.
Isto parece que não só ultrapassa o desprezo pela vida humana como chega ao ponto de valorizar o número de mortos do seu lado.

lendas, historietas e vivências

O insólito acontece quando menos se espera
… Pois, ia eu muito tranquila numa pequena volta pelas avenidas circundantes, quando ao aproximar-me duma rotunda dou - me de frente com uma placa dizendo “CITÂNIA“! Quê? citânia? Aquilo parecia-me uma bruta grua!!! Mas, como nos dias de hoje já nada nos deve espantar, deduzi que alguma coisa estaria para ali programada…. pois claro! Era mais um disparate que estava ali a oferecer-se ao pacato cidadão, sem que as autoridades competentes tenham mexido um dedo (penso eu) para elucidar o investidor mais ou menos erudito, quer seja construtor, quer seja arquiteto ou engenheiro, que esta expressão “citânia” tem muito que se lhe diga! Ainda mais naquela extensa área, pela qual pessoas de boa vontade, conhecendo parte da sua estória, se deixaram derreter ao longo de oito meses de agosto, por amor à Arqueologia e à História da sua terra.
A expressão “citânia” tem tanto que se lhe diga que o comum cidadão teria de se dedicar a ler vários livros e Escritos de modo a inteirar-se dos factos e formular as suas conclusões – por que é que já houve placas antigas com a designação de citânia e agora se encontram placas, e muito bem, com a expressão “Ruinas romanas”!! Então é porque nos últimos tempos alguém “aceitou o saber de outros“ para colocar a ordem que era necessária, haja Deus!… Quando parecia que a história e os caminhos se estavam a acertar, eis que surge mais uma carambola de decisões, quanto a nós, muito errada… Se não vejamos, conhecendo-se a larga área de ocupação romana no sopé do Monte Sra do Castelo seria de toda a conveniência que QUALQUER OBRA para a qual fosse necessária a remoção de terras haveria a obrigatoriedade de sondagens prévias programadas pela Câmara M. Para isso lá se encontram DOIS arqueólogos que deveriam estar atentos já que a eles caberá esta cadeira. Espero também que ainda exista para sua orientação nos Arquivos da Autarquia um “levantamento topográfico” aonde se encontram assinaladas as áreas mais sensíveis as quais deveriam estar sob vigilância prévia aquando fossem previstas obras de construção, tal como o antigo IPPAR acordou com a Autarquia por volta de 1997… Aqui chegada continuarei na próxima meditação imposta por esta mania que tenho de defender a nossa História, as nossas origens, a nossa cultura.

A importância da alimentação na saúde


Longe vão os tempos, cuja sabedoria culinária era domínio da matriarca da família. Receitas decoradas na memória, cuja medida era à mão, os ingredientes eram guardados a setes chaves até à passagem de testemunho, sendo que o clã sabia que em momentos de aflição, era a sopa da avó\ mãe\ tia, que confortava e recuperava o sofrimento.
De fato, existem guias de ervanária datados do Sec. XVI em Portugal, que evidenciam a confeção de tisanas, caldos ou apenas cozedura de ervas para remediar diversas maleitas e passo a citar, “o caldo de couves com galo velho, que sara a cólica e dores de tripas, é muito proveitoso para a pedra dos rins e achaques do fígado e baço” ou a salsa, que adicionada ao caldo de galinha “é de grande proveito às paridas”, frases eruditas retiradas do trabalho “De caldos esforçados e receitas para doentes. Culinária e Saúde no Portugal Moderno (sécs. XVI e XVII)” realizado POR João Pedro Gomes (URI:http://hdl.handle.net/10316.2/45231)
A pureza do vocabulário antigo, é conotada de rústica e simplória, para os ouvidos mais sensíveis, já habituados aos estrangeirismos, e ao “porreiro, pá!”, tão diário nos diálogos, no entanto a crueza das palavras é bem esclarecedora do seu significado. Assim eram as pessoas nesses tempos, cuja utilidade era mais valiosa do que o aspeto, e não era necessário ser chef ou nutricionista para saber que uma boa refeição era remédio para muitos males! Marias Lurdes Modestos e Filipa Vacondeus, donas de casa que traziam os cozinhados para a televisão, sabiam embelezar o prato e falam das histórias à volta da comida e a saúde, esse bem tão precioso. Agora chefs e nutricionistas (outrora chamadas de dietistas…), elaboram pratos com pinças e sprays, que mais parecem umas obras de arte, do que umas refeições para serem saboreadas!
Ter uma alimentação adequada a cada faixa etária é essencial para uma boa saúde, quer no desenvolvimento físico e mental (crianças), quer na estabilização de doenças crónicas (idosos), e isso já a minha avozinha sabia! (E nem a 4ª classe tinha…)
A alimentação é o suporte para uma boa recuperação física, especialmente quem padece de feridas crónicas, deverá saber que um aporte vitamínico é meio caminho andado para cicatrizar aquela chaga que domina há meses as pernas ou pés. As vitaminas são essenciais para uma boa cicatrização, assim como o zinco e selénio têm evidência demonstradas para a construção de tecido de regeneração, no entanto cada caso é único e deverá ser acompanhado por um profissional de saúde, antes de iniciar qualquer suplemento. Porque os tratamentos só podem ser eficazes, se todos colaborarmos! Por isso coma bem, para se sentir melhor!

SANFONINAS

Carta Gastronómica de Viseu
Houve um tempo em que cada município fazia questão em ter a sua Carta Arqueológica. No âmbito dos planos directores municipais, havia necessidade de se identificarem no terreno os vestígios arqueológicos dignos de serem devidamente salvaguardados perante a sugadora vontade de urbanização. Surpreende, pois, a iniciativa de se elaborar um carta gastronómica, com a mesma intenção, aliás: salvaguardar – perante a sugadora vontade de ser diferente, de ser (como é que se diz?) gourmet (ora toma!) – as iguarias tradicionais; afinal, aquelas que melhor se adequam às características físicas, geológicas e climáticas de cada região.
Dir-se-á que é falar exagerado esse da adequação às características regionais. Não é, pese muito embora aos chefs e às suas estrelas Michelin. Se até aquela conhecida empresa de hambúrgueres está a adaptar os condimentos ao paladar regional!…
Muito oportuna, pois, a publicação, pelo respectivo município, da Carta Gastronómica de Viseu, neste ano de 2022. Obra de monta e de prestígio, digna de figurar em lugar de destaque numa sala de visitas e, ainda mais, à mão de semear da dona de casa cozinheira que se preze.
Só um etnógrafo dos quatro costados – senhor de muito saber e arte! – como é o Dr. Alberto Correia é que ousaria propor, e obter aprovação camarária para a elaboração de uma obra deste precioso quilate. Investigou (e muito!), redigiu (com a prosa tersa que lhe conhecemos) e coordenou a edição, bem secundado pelas invulgarmente bonitas fotografias de José Alfredo. Aliás, uma colaboração, esta, que muito tem enriquecido Viseu no quadro das suas publicações de índole cultural.
Sim, que gastronomia é cultura – e da boa!
Mais de 330 páginas, servidas por rija encadernação de luxo e ilustradas por fotos de antologia!
Escreve, primeiro, o etnógrafo, a contar do território viseense, seus recursos e gentes, as matérias-primas… Ele são as actas da Câmara, os livros de contas do Seminário, o testemunho das Memórias Paroquiais, o que se comia até ao século XX, como e quando, os artefactos usados… A História vista através dos comeres!
Depois, o receituário: das refeições autónomas, dos complementos de refeição, a doçaria tradicional… O pão quotidiano (aquele de que se fala no Pai Nosso) e o pão cerimonial e festivo, a fogaça pão de oferenda ritual.
Só visto, folheado e lido, Amigos – que, contado, ninguém acredita!