Arquivo diário: 1 de Setembro de 2023

EDITORIAL Nº 850 – 1/9/2023

Caro leitor
A ansiedade é muito má para viver o presente.
Para viver uma vida boa e ser feliz, tem de agir com bons pensamentos. Os seus pensamentos, determinam a sua vida e o seu futuro.
Lidar com a ansiedade deve refletir sobre a moral e os costumes. Tenha uma mente privilegiada, não seja infeliz antes da crise chegar.
A ansiedade é esperar o pior. Nunca sofra antes que a dor chegue (profetize) algumas coisas que acontecem na sua vida, nem sequer teriam acontecido, mas só pelo fato de ser ansioso em demasia, acabam por acontecer.
Tudo o que temos nas nossas mãos é o presente. O passado já foi, só serve de experiência rumo ao futuro. O que temos hoje, ninguém nos garante que possamos ter amanhã. Viva hoje, aproveite o presente, reduza a ansiedade e as preocupações.
Como viveu o dia a dia de hoje? Como passou tão rápido, quase sem se dar conta disso!?
Para viver uma vida boa é preciso construir hoje o que queremos amanhã. Dê um passo de cada vez com constância e determinação.
O futuro não está sobre o nosso controle. Viver com base no que pode acontecer num futuro incerto pode gerar ansiedade e preocupações, sobre contextos que podem nem sequer acontecer.
O maior obstáculo para a vida é a expetativa, aja de acordo com o que está e o que não está sobre o nosso poder. As ações dos outros, não estão sobre os nossos julgamentos, mas está a forma como reagimos aos acontecimentos. Quando não temos expetativas quanto ao destino, criamos situações e uma aceitação para tudo e qualquer coisa.
Nós somos uma parte de um todo.
Aceite que não muda o mundo, simplesmente, pode ajudar com as suas obras e seu cultivamento. A sua maior vitória é manter-se fiel ao seu carater.

Uma questão muito séria
O mundo que vamos deixar para os nossos filhos! E que filhas e filhos deixamos…? Assim será o futuro do mundo. Essencialmente que sejam sérios, verdadeiros, honestos e que também tenham vergonha na cara. Esta é uma geração excecional.
Sempre tive medo da estagnação.
A sorte, chama-se trabalho, inovar, ter coragem e preparar a coragem, ter audácia para a preparação da mesma coragem. Seja audaz, parar é morrer. Sempre quis morrer novo num corpo velho.

Abraço amigo,

Saiba como…

Direito de representação - Procuração
Não sendo omnipresentes, não nos é possível estar em mais de um lugar em simultâneo. Contudo, essa realidade não tem de constituir um obstáculo quando seja necessária a presença de qualquer interessado.
Sendo a procuração o documento que visa colmatar essa ausência, é através dela que conferimos a alguém poderes de representação em determinado ato jurídico ou junto de qualquer repartição pública ou privada.
Importa assim salientar a importância dos atos que poderão ser praticados em nosso nome e, consequentemente, a importância de escolhermos para nosso procurador uma pessoa da nossa confiança, de modo a evitar problemas de maior, como, por exemplo, alguém constituir dívidas em nosso nome.
O tempo tem mostrado que no momento da outorga da procuração é comum o mandante (pessoa que passa a procuração) solicitar uma procuração com todos os poderes.
Não existem procurações com todos os poderes e para melhor percebermos isso, vejamos os seguintes exemplos:

  1. o António está em França, quer comprar um terreno Portugal para construir a sua casa e pretende celebrar essa compra com dinheiro que depositou no banco em Portugal. Para isso, constituiu o Manuel seu procurador, dando-lhe poderes de compra de bens imóveis, movimentar a sua conta bancária e para o representar junto dos serviços das finanças, conservatória e câmara municipal.
  2. o José, que também reside em França, já tem o seu terreno em Portugal, e após ter procedido ao BUPi verificou que a área estava errada, pelo que outorgou uma procuração, onde deu poderes ao Paulo, para retificar a área do seu terreno junto dos serviços das finanças e da conservatória.
    Considerando os exemplos dados, verificamos que as razões que levaram o António a celebrar uma procuração, não são as mesmas do José e daí ser importante o Solicitador falar com o cliente e redigir uma procuração que se adeque às necessidades de cada um.
    Importa clarificar que quando damos poderes para comprar ou vender quaisquer bens, o mesmo não acontece no caso de doação. Aqui a procuração tem de ser mais específica e descrever o que vai ser doado e a quem.
    Outro pormenor a ter em consideração é quando mandatamos noutro herdeiro poderes para nos representar em determinada partilha, uma vez que há um interesse comum, deve constar na procuração a menção da autorização do negócio consigo mesmo, conforme decorre da lei.
    E qual é a validade da procuração? – pergunta o estimado leitor. Caso não declare um prazo de validade aquando da feitura da procuração, a mesma deixa de ser válida caso faleça ou seja considerado interdito/incapaz algum dos intervenientes (mandante(s) ou procurador) ou quando os mandantes a revogam, ou seja, a anule legalmente.
    Não deixe os seus direitos e as suas dúvidas por mãos alheias, procure um profissional habilitado, como o Solicitador, para o esclarecer.

A BANDA FILARMÓNICA DE LOBELHE DO MATO


Em 2013 publiquei, neste mesmo Jornal, um artigo em que, além do mais, punha em evidência o aniversário da Sociedade Filarmónica de Lobelhe do Mato. Fez então 150 anos.
Nesse artigo recordava o nome do seu fundador, o número de alunos que dela faziam parte e a atitude dissidente de um pequeno grupo de músicos que deixou a Banda para, em conjunto, formarem um grupo de Jazz. Este, porém, teve efémera duração e a Banda nunca deixou de existir.
Agora o mesmo Jornal noticia o 160º aniversário da Banda, assinalando que é uma das mais antigas Bandas Filarmónicas do Distrito de Viseu. Na verdade, assim é. Para gáudio de todos os Lobelhenses a Banda continua resistindo a todas as adversidades. Numa pequena aldeia como Lobelhe, a possibilidade de as pessoas poderem em conjunto contribuir para a formação de um grupo é de uma grande importância.
Como refere ainda a notícia do Renascimento, o aniversário dos 160 anos da Sociedade Filarmónica Lobelhense foi festejado com um desfile conjunto com a Associação Cultural e Recreativa a “Bacatela” que percorreu as ruas de Lobelhe do Mato, seguindo-se uma cerimónia religiosa em memória dos músicos já falecidos. Tive oportunidade de assistir, a partir da minha casa, à última parte do desfile, o qual englobava grande parte da totalidade dos habitantes da aldeia.
A Banda é atualmente composta por 38 participantes e a escola onde se formam os músicos contém 11 elementos. Estas notícias referentes à sua composição levam-nos a concluir que a Banda continua de boa saúde, graças ao esforço desenvolvido por todos os seus elementos sob a batuta dos seus dirigentes. Oxalá assim continue por muitos mais anos e que venha a ultrapassar os dois séculos de existência.
Quanto ao grupo acompanhante da Banda, confesso que me intriga a escolha do nome. Ninguém ignora o significado de bacatela ou “bagatela”, como sendo algo simples, insignificante. Só por excesso de modéstia se compreende a escolha deste nome, pois sendo uma associação cultural e recreativa, tem sempre importância no meio em que está inserida. Como associação significa uma união organizada de pessoas que se propõem conjugar esforços com um determinado objetivo. No caso concreto, tal objetivo é não só cultural como recreativo. Se o primeiro é de grande importância, o segundo também não deve ser menosprezado.
A Aldeia só tem a ganhar com eventos que unam e divirtam os seus habitantes.
Ainda há pouco tempo foi organizada uma feira medieval que deu muita vida à população e trouxe ao seu convívio muitas pessoas que há largos tempos não vinham à terra que lhes serviu de berço.

consultório

DORMIR BEM NUM BOM COLCHÃO
É tão frequente ouvir alguém queixar-se de noites mal dormidas!
E podem ser tantas, as causas!
Desde problemas de insónia, de apneia do sono, de preocupações que levamos para a cama, de dores articulares… sei lá, um sem-número de causas…
E se o problema não for nosso, mas da cama? Mais propriamente, do colchão?
Não será O COLCHÃO a origem de muitas das nossas noites mal dormidas?
O nosso bem-estar e a nossa saúde passam por um bom sono.
Se o stress e as actividades quotidianas condicionam o nosso sono, o ambiente e a nossa cama também desempenham um papel importante.
E a verdade é que passamos um terço da nossa vida a dormir… e, quantas vezes, mal?
O sono e o colchão
De acordo com estudos realizados sobre os movimentos registados no decorrer do sono, ficou demonstrado que mudar de colchão pode melhorar a qualidade de sono, embora não a quantidade do mesmo
Estima-se que um colchão e a respectiva enxerga (“sommier”) devem durar, no máximo, 10 anos: esse tempo corresponde a 30.000 horas de utilização e 150.000 movimentos (na razão de 40 movimentos por noite).
A enxerga deve ser firme - nem escavada, nem bombeada - para não deformar o colchão e favorecer a ventilação e, por consequência, a higiene da roupa da cama e do próprio colchão.
No caso de haver alergias deve escolher-se um colchão ao qual se possa aplicar uma cobertura apropriada e com tratamento antifúngico, antibacteriano e anti-ácaros; também os lençóis e as fronhas das almofadas devem ser protegidos por capas adequadas.
A almofada deve permitir que a cabeça e o pescoço fiquem no mesmo prolongamento.
Assegure-se que a sua escolha corresponde às suas necessidades
Deixe-se ficar esticado durante alguns minutos sobre o colchão e feche os olhos concentrando-se sobre o que está a sentir.
Deite-se de costas: se conseguir passar uma mão entre a zona renal e o colchão é sinal que este é muito firme.
Apoie-se sobre um cotovelo: se ele se afunda é sinal que o colchão não é muito firme.
Como cuidar da cama
Passar regularmente o aspirador sobre o colchão e a enxerga.
Arejar a cama e virar, com regularidade, o colchão.
Mudar frequentemente a roupa da cama.
Manter uma temperatura máxima de 19º C no quarto, para lutar contra o desenvolvimento de ácaros.
Arejar o quarto todos os dias (excepto na estação dos pólenes, se for caso disso!).
Se a cama é importante, também um ambiente calmo e uma luminosidade fraca propiciam um bom sono.
E, à noite, devem evitar-se as actividades e as bebidas excitantes, os jantares muito copiosos, o álcool, etc.
Do mesmo modo não deve levar para a cama os problemas do seu quotidiano: eles não se resolvem por ficar acordado (a) a pensar neles!
Durma bem ou, pelo menos, que o seu sono seja o melhor possível!

lendas, historietas e vivências

Da gare da Estação à Senhora do Castelo
Depois destes meses de verão bem escaldantes vamos entrar no outono já mais propenso à frescura por que se está a ansiar. Outrora já era sabido que a Sra do Castelo a 8 de Setembro “abre, ou abria as portas ao Inverno”. E digo abria, porque com o rodopio que as normas climáticas estão a mostrar, já ninguém sabe o que será o dia de amanhã mesmo que nos colemos diariamente ao sábio boletim metereológico.Dá para falar na extraordinária romaria do dia 8, que foi (e ainda vai sendo) naquelas décadas finais do séc.XX. Naquele dia, ainda de madrugada, era um corropio do “pessoal” em bandos vindos de vilas e aldeias com alguns dos bens que possuíam para aproveitar a sua venda na festa que também era feira. Dia de Festa, dia de grande movimento que se vivia na Estação de Mangualde. Para bem da população até se fazia o desdobramento de comboios com um a chegar à Gare da Estação, logo de madrugada, começando o alarido pela Estrada de Paralelos a caminho da vila. A miudagem que habitava nas primeiras casas construídas ao longo da via e que ainda devia estar a dormir, logo acordava turbulenta a pensar na bela merenda que a Mãe já fizera para se comer no Monte, depois da procissão. Era um dia muito querido para toda a gente. As barracas de venda de doces - beijinhos, cavacas duras como madeira mas apreciadas por muita gente, santinhas de açúcar e relógios que a malta miúda adorava pendurar ao pescoço e… ao mesmo tempo ia comendo o acúcar. Tudo era bom e bonito de se apreciar. O melhor de tudo era sem dúvida o convívio à mesa “toalha no chão”, com todos os petiscos que faziam parte da merenda mais ou menos folgada, com garrafão e refrescos e geralmente o celebrado “ pirolito” ao lado. E toda a cena animada por um rancho de danças e cantares de uma das aldeias do concelho, geralmente acompanhada do bailarico dos romeiros. Descreve-se este ambiente muito popular, muito genuinamente popular, sem colunas de som ensurdecedoras, nem cachopas de corpo bem roliço a saltarem e a levarem pelo ar os “seus louros” e longos cabelos numa repetição já a tornar a beleza uma vulgaridade… Não! Na “velha” romaria da Sra. do Castelo tudo era natural e genuíno, por isso se recorda com saudade… Até os rapazes e homens que calcaram demais nos copos de tinto vinham como sempre a fazer zigue-zagues pela ESTRADA de PARALELOS até à Gare da Estação aonde um comboio de passageiros já esperava pelos retardatários com os pés demasiado pesados e as jovens a cantarem o final das rimas. Boas memórias que já nem um punhado de gente recordará….

Quebrar a motivação


Existe uma corrente que suporta o acesso aos cuidados de saúde, um conjunto de pessoas que estão ocultas, omitidas e, por fim, desvalorizadas. Falar deste sistema, enaltecendo apenas os médicos e enfermeiros, exaltando os grandes feitos tecnológicos do meio hospitalar, louvando os resultados convenientemente positivos, e esquecer todos os outros elementos humanos, é esmorecer, é gerar fragilidade nesta corrente. A dedicação, a humanidade, a persistência em dar a mão, e não desistir perante o caos, são valores, pilares de toda a pessoa que é bombeira. Muitas são as dádivas que realizam diariamente, voluntariamente, sacrificando tempo e vida pessoal, no entanto, são penalizados, apontados, pela incúria e intolerância de uma população, que só vê defeitos. Ter uma corporação a realizar um peditório para bens alimentares, para quem vai combater incêndios, e ouvir: “Ajudar eu? Deixaram queimar os meus terrenos todos” ou “vão pedir ao Costa!”, dá uma perspetiva bem diferente em ajudar o outro, questiona o altruísmo de cada um, e fortalece o egoísmo e surge este pensamento “Afinal o que estou aqui a fazer?”
Especialmente nesta região árida, montanhosa, batida pelo vento, agredida pelo frio e calor, sempre existiu a tradição de união para conquistar a estabilidade, prevalecer a sobrevivência do grupo. Recordo-me do inferno que foram os incêndios da década de 90, em que os bombeiros sem meios materiais de proteção, nunca desistiam. Pessoas já com tradição familiar em pertencer aos bombeiros, porque alguém tinha de proteger, ajudar os mais fracos, os mais vulneráveis. Avô, pai, filho, era uma sucessão de famílias que eram bombeiros. Todos diferentes, mas respeitavam a crença de ajudar todos, sem discriminar ou tirar proveito próprio. Eram a família que desconhecíamos ter. Por terem essa proximidade, todos sabiam onde buscar os doentes, idosos e crianças, nos momentos de evacuação. Por serem da zona, sabiam os caminhos, as estradas já esquecidas pelos mapas. Conheciam, por que a terra que ardia, as pessoas que estavam a gritar, eram suas conhecidas, amigas nos momentos mais sofridos. Afinal quem transporta o acidentado, o moribundo, a grávida ao hospital? Quem vem sempre quando ligamos o 112? Estoicos sem dividendos, com emoções escondidas, ofendidos por serem poucos no seu trabalho. E neste continuar, serão cada vez menos.

SANFONINAS

«A era da burrice»
A frase não é minha e cheguei a ela depois de ter recebido o excerto de um artigo de Christophe Clavé, autor que eu também desconhecia, que começa assim: 
“O QI médio da população mundial, que sempre aumentou desde o pós-guerra até ao final dos anos 90, diminuiu nos últimos vinte anos. É a inversão do efeito Flynn”.
Fui ver quem era Christophe Clavé. Nascido em 1968, um dos seus livros mais conhecidos é «Les voies de la stratégie», que não trata dos meios para uma estratégia militar ou económica, mas de uma outra, muito mais complexa e sorrateira: a do empobrecimento da linguagem.
Também fui saber de James Flynn, psicólogo americano que, ao escrever, em 1982, o livro «A era da burrice», demonstrou haver um «aumento sistemático e progressivo dos resultados nos testes de inteligência». A isso se chamou o efeito de Flynn. Explica-se: o normal seria que, devido às novas potencialidades tecnológicas, o quociente médio de inteligência da população aumentasse, pelo que os testes à inteligência careciam de ser periodicamente reavaliados, para os seus resultados serem credíveis. Ora, o que ora se verifica é que se está a ir, como diz o Povo, «de cavalo para burro». Esta, a referida ‘inversão do efeito Flynn’.
Daí o progressivo empobrecimento da linguagem, desejado pelos potentados que pretendem governar o mundo, aniquilando a diversidade. O erro que Mark Bauerlein, escalpelizou no livro The Dumbest Generation, «A Geração Mais Burra» (2008), de subtítulo bem sintomático: «Como a era digital estupidifica os jovens americanos e põe em risco o nosso futuro». Hoje, as crianças de 7 ou 8 anos crescem de telemóvel na mão, quando deviam começar a ler livros!…
Agora compreendo porque é que, quando eu escrevo «dera atenção», a escrita inteligente me corrige para «será atenção». O pretérito mais-que-perfeito é areia de mais para o algoritmo! E porque é que Alice Marques me disse: «Tu usas formas verbais que já ninguém usa!».
Aí está: quanto menos tu dominares a linguagem, mais facilmente nós te dominaremos a ti! Daí a urgente necessidade de dar apoio aos falares locais e ao estudo cada vez mais afincado da língua materna.
Contra os canhões da uniformização, lutar, lutar! E nessa luta ninguém – ninguém! – está dispensado de aprender a saber disparar os canhões!

Jornada Mundial da Juventude, 2023

“Substituí os medos pelos sonhos, não sejais administradores de medos, mas empreendedores de sonhos!”
(Papa Francisco, JMJ Lisboa, 2023)

A Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de 2023 decorreu em Portugal de 1 a 6 de Agosto, na cidade de Lisboa, com uma passagem pelo Santuário de Fátima, e foi um êxito total que ultrapassou as fronteiras do país, como facilmente se verificou na cobertura que foi feita pela imprensa internacional do que aconteceu e foi dito pelo Papa Francisco.
Foram 5 dias de fé e alegria, entre promessas, música e muita emoção em que Portugal acolheu os milhares de pessoas que quiseram ver e vivenciar um acontecimento único e marcante. Eu fui um dos que acompanhou pela televisão e não pude deixar de me emocionar perante os discursos e atitudes do Papa Francisco.
Mas a Jornada Mundial da Juventude, como o nome indica, tinha os jovens em primeiro lugar e foi precisamente isso que aconteceu, como todos vimos. Nestes tempos em que tanto se questiona a ausência de valores, enquanto paradigma dominante de um mundo por vezes tão superficial e ilusório, os jovens aderiram massivamente ao evento, mostrando toda a sua força, mas também pertença e crença de que é possível fazermos todos um mundo melhor se soubermos trabalhar em conjunto, se soubermos ajudar os jovens a sonhar, a não terem medo, a acreditarem que é possível fazer acontecer e a terem esperança.
Além desta importantíssima reflexão com que o Papa Francisco nos brindou em Lisboa, acrescento a certeza de que a Igreja está aberta a “todos, todos, todos”, sem exceções e sem estigmas, bem como a coragem e a frontalidade que, mais uma vez, demonstrou no seu pedido de perdão e “purificação humilde e contínua” pelos abusos sexuais cometidos pela Igreja Católica, sendo disso prova não só as suas sempre bondosas palavras como também o encontro que manteve com 13 das vítimas.
Desta Jornada Mundial da Juventude, que certamente tão cedo não deverá ser esquecida, retenho a importância de se governar sempre com as pessoas em primeiro lugar, como bem realçou o Papa no primeiro discurso que proferiu, no Centro Cultural de Belém.
Nesse sentido, é fundamental conseguirmos aliar, na ação governativa, a juventude aos mais velhos. A criação de políticas verdadeiramente intergeracionais, que a todos incluam, que façam com que consigamos unir e fluir sem dividir a sociedade e o país que somos, aliando energia e otimismo à experiência e à sabedoria, é vital para o nosso futuro. Se isto não acontecer, falharemos redondamente o nosso destino coletivo.
Termino esta reflexão com uma citação que o Papa Francisco fez durante a vigília e que reflete bem o espírito com que se viveram estas Jornadas e que lições para o futuro “O único momento em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo: quando queremos ajudá-la a levantar-se”.