Fagilde- a fonte escondida

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Publiquei em Março deste ano o livro-”Liquidação de uma Dinastia” escrito há mais de noventa anos pelo insigne escritor e investigador Dr. Maximiano de Aragão, nascido na aldeia de Fagilde e meu parente directo.
O livro foi apoiado pelo Dr. Almeida Henriques, Presidente da Câmara Municipal de Viseu, com quem tenho amizade e outro amigo o Vereador da Cultura Dr. Jorge Sobrado fez um magnífico prefácio. Por causa da pandemia a apresentação, na Biblioteca Pública de Viseu, foi adiada e vamos ver se será feita agora no mês de Julho.
Entretanto apareceu mais um manuscrito da autoria do Dr. Maximiano de Aragão, intitulado - O Pobre de Veneza, Florença, Nápoles e S. Lucar- onde conta a história triste de um italiano que se fez passar por D. Sebastião e que foi preso, enviado para Espanha e morto. Filipe II de Espanha e também Rei de Portugal, não gostou da peripécia e resolveu o assunto à sua maneira.
Na sexta feira, dia 26 de Junho, encontrei-me em Viseu, num almoço no “ Restaurante Cortiço” com o Dr. Jorge Sobrado, para tratarmos do novo livro que vai ser novamente apoiado pela Câmara de Viseu e por ele prefaciado.
Fiquei na minha terra, Fagilde, dois dias, a matar saudades, na companhia de minha filha Aida , do marido e dos meus três netos que há quatro meses se refugiaram na aldeia, para fugir à pandemia.
No sábado, precisando de uma fotografia da casa, hoje Cento Social, onde nasceu o Dr. Maximiano de Aragão (oferecida à Câmara de Mangualde pelos seus herdeiros) para figurar no novo livro, resolvi fazer um pequeno desvio, 100 metros, para visitar uma velha fonte.
Lá estava a velha fonte, abandonada, num recanto inacessível, junto às barreiras que protejem a aldeia dos barulhos da A25.
A fonte é um bonito monumento em granito, trabalhado, com duas bicas e uma estrela de cinco pontas na parte central. É encimada por dois pináculos. Muito bonita e conservada.
As nossas terras valem pela sua história e pelas obras que os nossos antepassados construiram. É isso que lhes dá valor e que as torna visitáveis.
Às vezes temos tão poucas coisas, mas belas e por isso não as podemos desperdiçar.
As Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia têm a obrigação de velar por esse património. Os lugares de chefia não são para benefício dos eleitos, mas sim para zelar, administrar o nosso património.
Aproximando-se as próximas eleições autárquicas, que são em 2021, era bom que se olhasse de outra maneira para as nossas aldeias e houvesse projectos de recuperação.
Aldeias, sem gente, não têm nenhum interesse. Um plano para recuperar as casas abandonadas, promover a sua ocupação, dar nova vida à povoação.
Sem gente e principalmente sem casais novos, que gerem filhos, não há escola, nem infantário. E passa tudo para a sede do Concelho, que põe um autocarro para levar os alunos, os pequenitos. E, assim, se vão esvaziando as aldeias, até desaparecerem.
Há imensos exemplos por todo o país. Fagilde, que é o que me interessa defender, tem uma situação previligiada, pouco mais de 3 Kms de Mangualde, 12 de Viseu, acessos fantásticos. Morar em Fagilde e trabalhar em Mangualde, ou Viseu, tem mais qualidade de vida e é muito mais barato.
Voltarei a este assunto quando começarem as campanhas eleitorais autárquicas.