
Assim se chamou ao local onde por volta de 1160 se construiu o Real Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão, por Carta de Couto dada pelo nosso primeiro Rei D. Afonso Henriques.
Volto a este tema, por se ter celebrado no passado dia 23 de Outubro a cerimónia que assinalou o início oficial das obras de conservação de tão importante monumento, situado na antiquíssima Freguesia de Fornos de Maceira Dão, que dista somente 4 Kms da Cidade de Mangualde.
Esta freguesia, uma das maiores do concelho, deve o seu nome a três elementos: Fornos pela abundância de fornos a lenha para cozer o pão, Maceira, que deriva da palavra latina “matianas” (maçãs) pelos muitos pomares na freguesia e Dão o rio que a banha e lhe dá àgua e fescura.
Povoamento muito antigo pelos vestígios arqueológicos aí encontrados: a Sepultura de Cancela, o Castro na elevação sobranceira à Ribeira dos Frades e a Vila Romana do Cabeço da Mota. Mas o que faz de Fornos de Maceira Dão importante e conhecido na História foi ser o local escolhido e bem para a construção do Convento dos Monges de Cister.
Escolheram um local recatado, mas não se pense que era uma brenha, isto é, um matagal, uma floresta. Maceira era uma vila, com muitas herdades cultivadas, rotas e povoados com casas, vinhas, soutos, moinhos e outras construções agrícolas. Terras ricas, com água, muita madeira de castanho à sua volta, caça, pesca no rio, gado miúdo, azeite e pão. Tudo o que era preciso para a Ordem viver. A Quinta, o cercado, isso sim, como ainda se conserva hoje uma grande propriedade com cerca de 180 hectares. Bastante grande para estas terras de pequena propriedade. Perto, dois povoados, Vila Garcia e Fagilde. Vila Garcia que pertencia ao Couto do Mosteiro e Fagilde ao Couto da Granja, também jurisdição do Mosteiro.
A Ordem de Cister, criada em França, rápidamente se estendeu pela Europa fora e em Portugal quase de Norte a Sul. O seu centro coordenador era Alcobaça pela sua grandeza e importância. Uma Ordem que tinha por divisa: “Ora e Labora”. Reza e trabalha. E foram verdadeiramente os Mestres do Vinho e da Vinha em Portugal. Mestres também na agricultura, que desenvolveram e ensinaram aos autóctones.
Quanto ao Mosteiro, classificado como Monumento Nacional, está em ruinas e a cair aos bocados. A capela usada como abrigo dos animais e os altares a servir de mangedouras. Infelizmente, esta situação não é única no nosso País. Já Eça de Queiroz, o Mestre Romancista, quando regressou de Paris para o seu Solar de Tormes, Baião, foi encontrar galinhas empoleiradas nos altares da capela.
E quantos mais casos não haverá?…