reflexões

Patrimonio Cultural (17)
Citânia da Raposeira
As campanhas de escavações sempre tiveram continuidade na larga área para norte do caminho rural. Nos anos de 1993, 94 95,96 foram feitas descobertas muito interessantes que nos permitiram compreender toda a dimensão daquela enorme casa. A questão da GRANDE CONDUTA estava por resolver e quando em 95 tentamos saber a sua dimensão para o outro lado do caminho nada ficou decidido.
Assim em 96 resolvemos ter um grupo de trabalho a terminar as descobertas da casa a norte do caminho e com outro grupo continuamos as pesquisas no terreno das aveleiras facultado por tempo limitado. Por mais cuidado que tivéssemos a proprietária achava que estávamos a destruir as árvores. Era portanto fundamental que colocássemos aqui a força de trabalho. Não tínhamos a mínima informação de que alguém nos trabalhos agrícolas tivesse encontrado algum pedaço de cerâmica ou qualquer peça romana que nos desse uma pista. Resolvemos então alargar a escavação nas imediações do já referenciado empedrado convexo. Foram descobertos alguns alicerces em pedra que sugeriam a existência de uma qualquer pequena construção. Depois à medida que alargávamos a área, surgiu--nos um conjunto de “alicerces” construídos com terras várias muito prensadas. Demarcavam um numero de espaços bem definidos que nos davam indícios de restos de pequenas casas. Porém não nos davam informações precisas naquele momento, havia necessidade de continuar a alargar a área a escavar. Aqui chegados a proprietária começou a mostrar o seu desagrado pela “nossa teimosia”. Valeu-nos o seu filho médico ( dr. Rui Sacadura) um bom Amigo, que era também um amante da arqueologia e intercedeu nas negociações. Assim estava assegurada a campanha. Com os trabalhos de escavação deixamos a descoberto um espaço de empedrado muito irregular entre dois muros perfeitos. Toda esta área que já estava descoberta neste terreno estava a deixar-nos surpreendidos. Era a confusão das estruturas de execução muito variada, e de aparência um tanto precária. O material retirado também não era elucidativo de qualquer datação. Talvez ainda não tivéssemos chegado às áreas de melhor leitura
Foi já na campanha de 1997 que se revelou uma grande e agradável surpresa. É que ao lado daquele empedrado entre dois muros, escavamos um largo espaço ligeiramente quadrangular que teria sido uma FORJA !!!! Ficamos maravilhados. Localizamos o sítio onde se fixaria a SAFRA, a boca dum indispensável FOLE, um tanque raso para água das têmperas, uma área com miríades de partículas de ferro, outras áreas indefinidas….. E uma LAREIRA !!! SEM dúvida que estávamos na presença de estruturas muito especiais que no seu todo constituiriam instalações para serviços de apoio à casa grande !!!! E fico agora por aqui …. PORQUE TUDO O QUE SE SEGUIU FOI REVELADOR DA IGNORÂNCIA E INSENSIBILIDADE DE QUEM GOVERNOU E TEM GOVERNADO ESTA AUTARQUIA. Vamos ter tempo de analisar decisões e negações nestas páginas, que contribuíram para anular, direi antes, APAGAR O QUE FOI A CITÂNIA DA RAPOSEIRA.
Fevereiro 2021