In memoriam – sempre na defesa do interior esquecido e ostracizado


Este sentimento de vazio que nos persegue desde que começou a pandemia afetou tudo e todos. Pior ficámos nesta primeira quinzena do mês de Abril com a perda do Presidente da Câmara Municipal de Viseu, Dr. António Almeida Henriques e do Dr. Jorge Coelho, ex-Ministro e empresário.
Ambos foram defensores acérrimos do interior do país. Bateram-se pelo desenvolvimento do interior e das suas terras e foram intransigentes na defesa da região de Viseu. Lutaram pelo desenvolvimento do interior do país, combatendo a desigualdade do território, promovendo a coesão territorial e a igualdade nacional.
O Dr. António Almeida Henriques tinha 59 anos e era Presidente da Câmara Municipal de Viseu desde 2013. Ocupou diversas funções de grande responsabilidade, tanto ao nível do associativismo, como a nível político. Foi deputado à Assembleia da República, nas IX, X e XI e XII Legislaturas e Vice-Presidente do Grupo Parlamentar do PSD entre 2005 e 2007 e 2010 e 2011. Entre 2011 e 2013, exerceu funções como Secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional do XIX Governo Constitucional, liderado por Pedro Passos Coelho. Era também um acérrimo defensor do poder local.
O Dr. Jorge Coelho tinha 66 anos. Nasceu em Mangualde, distrito de Viseu. Iniciou a vida política em 1969, apoiando a oposição ao regime em Viseu. Foi um dos fundadores da União Democrática Popular. Filiou-se no Partido Socialista em 1982. Foi ministro nos dois governos liderados por António Guterres: primeiro, em 1995, como Adjunto e da Administração Interna, depois, em 2002, como responsável pelas obras públicas na pasta da Presidência e Equipamento Social. Foi CEO do Grupo Mota-Engil. Mais recentemente dedicou os últimos anos à queijaria industrial que levantou na sua terra Natal e criou muitos postos de trabalho.
Temos o dever moral de continuar o que eles defenderam. Lutar em prol do interior e do mundo rural deve passar do campo das teorias para o terreno e para as pessoas que vivem esquecidas nas pequenas aldeias e lugares de Portugal e que ocupam a maioria do território. Não devemos ser só o local onde se come e bebe bem e onde podemos descansar em sossego com bonitas paisagens.
Estamos mais pobres porque perdemos o nosso Presidente da Câmara.
Estamos mais pobres porque perdemos o Jorge Coelho que era a nossa voz semanalmente na televisão.
Vamos fazer de tudo para que a voz de ambos continue a ser ouvida nos centros de poder e sempre na defesa do interior esquecido e ostracizado.