Pior ano do turismo, mas não para todos…

É inegável que a Pandemia afetou o turismo a nível Mundial, mas também resultou numa oportunidade para aqueles que a souberam aproveitar.
O ano de 2019 foi o melhor ano de sempre no turismo do Algarve. Portugal tem sido considerado um dos melhores destinos Turisticos Europeus e do Mundo e previa-se uma evolução natural neste setor nos proximos anos. A pandemia trocou as voltas, não só aos portugueses, mas ao mundo inteiro. Os dados oficiais revelam que 2020 foi o pior ano de sempre no que toca ao turismo. As regras impostas pelos governos dos vários países, restrições à circulação, aliado ao medo generalizado e ao desconhecido, fez com que o mercado estrangeiro em Portugal reduzisse 74% face a 2019. Verificaram-se perdas de 60 milhões de euros e 600 mil postos de trabalho em risco.
Ainda assim, foram 6,5 milhões de estrangeiros que se deslocaram a Portugal, somados aos 4 milhões de portugueses que fizeram pelo menos uma viagem turistica em 2020. E para onde foram? Que destinos escolheram estes 10 milhões de turistas estrangeiros e nacionais? Que locais foram considerados seguros em plena pandemia?
Curiosamente, a pandemia fez inverter as preferências turisticas. Na região norte, o interior do país atraiu 80% dos turistas, especialmente os nacionais, tendo tido um verão excelente com lotação esgotada, a superar os resultados de 2019 e a atingir taxas de ocupação nunca vistas. Com Lisboa e Porto estagnados, também o Alojamento Local cresceu em várias regiões do interior do país. Bragança, Vila Real e Guarda lideraram as taxas de ocupação. O Turismo termal e as regiões onde se inserem também registaram aumentos da procura e têm nesta nova realidade uma grande oportunidade para se afirmarem como destinos turisticos de saúde e bem estar, seguros e saudáveis.
Longe de multidões, os nacionais dão preferência a férias em família e escolhem as zonas do interior do país, à procura de segurança. O Turismo rural é o motor desta procura do interior. Um destino desmassificado, em unidades de alojamento turisticos de menor dimensão e que proporciona momentos de lazer e contacto com a natureza. É uma grande oportunidade, que tem que ser trabalhada de forma a não voltar ao que era. Uma tendência que tem que se manter e que depende essencialmente dos turistas nacionais.
Em pleno verão, prevê-se que 2021 seja ainda pior que 2020, com mais insolvências e aumento do desemprego. O que ainda nos reserva esta pandemia? Ninguém sabe responder ao certo, mas há uma coisa que todos sabemos, vai levar anos para recuperar e voltar aos níveis atingidos em 2019.
Com o plano de vacinação em curso e a “luz ao fundo do túnel”, à medida que o turismo recupera gradualmente, é imperativo que as as autoridades de turismo e o governo apoiem empresas de pequena escala, em áreas do interior do pais, reduzindo as desigualdades económicas e criando novos meios de subsistência, especialmente em áreas rurais.