REAL MOSTEIRO DE FORNOS DE MACEIRA DÃO


Recebi com agrado a notícia, publicada no último número do Jornal, que dá conta da visita do Fundador e Presidente da Administração do Grupo Vila Galé ao Real Mosteiro de Santa Maria de Maceira Dão.
Só me lembro de o ter visitado quando ainda era criança, mas tenho acompanhado algumas notícias a respeito do Mosteiro. De entre elas destaco a adjudicação da empreitada da I Fase das obras de conservação, por um valor superior a 400.000 euros.
Pelo Decreto nº 5/2002, de 19/2, o Mosteiro foi classificado como Monumento Nacional, nos limites de Vila Garcia, num vale entre os maciços de Santo António dos Cabaços e de Fagilde, com acesso pelo caminho municipal nº1441 e por um caminho público não classificado com cerca de 600 m junto ao regato das Freiras, a oeste da Capela de Nossa Senhora da Cabeça, freguesia de Fornos de Maceira Dão.
O Mosteiro é muito antigo, tendo sido fundado pelo abade D. Soeiro Teodorniz por volta de 1160. Diz-se que D. Afonso Henriques teria estabelecido e fixado os limites do novo couto, o que significa que ficou a gozar de proteção régia. “Coutar uma terra é escusar os seus moradores de hoste, e de fossade, e de foro e de toda a peita”. Quer dizer, o couto tem, entre outros, o significado de território imune por efeito de uma concessão régia.
Para a sua localização foi meticulosamente escolhida uma planície fértil, junto a um rio, permitindo não só a meditação, por ser um local sossegado, mas também o sustento dos monges. A este respeito, podem ler-se algumas passagens do livro “O Padre Costa de Trancoso”. O seu autor, Santos Costa, descreve a condenação do Padre Costa, por ter gerado 299 filhos em 53 mulheres e a sua condenação à morte “arrastado pelo rabo de cavalos e ao esquartejamento do seu corpo”. Porém, o Rei D. João II, concedeu-lhe o perdão, obrigando-o a “sair para mais de cinco léguas e professar a ordem secular e sem hábito de um Mosteiro do bispado de Viseu”, o convento das terras de Azurara, por se situar isolado “das tentações mundanas”.
Quando se dirigia às terras de Azurara, parou na povoação de São Cosmado para beber água numa fonte de chafurdo e perguntou qual o melhor caminho para o Mosteiro de Maceira Dão. Um camponês, que disse ser de Moimenta, acompanhou-o ao seu destino.
A respeito da vida do Mosteiro descreve, além do mais, o seguinte: “encontravam-se 11 monges brancos ou bernardos e 1 noviço. Vestiam hábito de lã, de cor branca, com mangas, capeirote e cogula. Por conta do Mosteiro havia 12 criados residentes, 100 ovelhas nos pastos, 4 juntas de bois, duas mulas de sela e 3 machos”. “O celeiro e a adega…estava bem recheado com toda a espécie de géneros necessários à manutenção da comunidade”. “Os bens do Mosteiro atingiam à volta de mil e seiscentos “números” ou folhas rústicas”. “Muitas das propriedades encontravam-se em limites de outros concelhos, como os de Algodres, Besteiros Folgosinho, Melo, Gouveia, Manteigas, Penalva, Sátão, Tavares, Trancoso, Viseu e Vouzela”. “Os bens estavam avaliados em 75 mil reais e as rendas constituíam uma boa receita, capaz de assegurar o sustento dos frades”.