REFLEXÕES

Património cultural 29
Ruinas romanas da Raposeira
Já muito escrevi acerca deste tema e muito vai ficar por escrever deixando-se assim por conhecer uma considerável fatia da História do nosso território concelhio. De qualquer modo tentarei por mais algum tempo juntar pontas para fechar o assunto. Já referi a área extensa com vestígios de ocupação romana que ficaram sinalizados no Levantamento Aerofotogramétrico na escala 1: 2000, o qual deverá encontrar-se nos dossiers da Câmara Municipal. Vestígios que, se tivessem mantido o Acordo emanado pelo antigo IPPAR pela década de 90, deveriam ter sido sujeitos a sondagens atentas antes que se autorizassem construções na zona, as quais poderiam trazer respostas sobre o assunto. Assim se fez durante alguns anos, depois…. Quando os horizontes são negros não valerá a pena insistir na caminhada porque a luz não chegará para enxergar o caminho direito. Ficarei, por isso, sentada à espera… fixando só, e de novo, as atenções nas ruínas existentes e das quais muito se perdeu pela força de interesses particulares. Em muitos casos, importa mais a soma dos euros na conta ou a imagem num cartaz do que um trabalho com verdade. É que um trabalho sério em arqueologia exige o escorrer de muito suor e ginástica na musculatura. Andar uma e muitas manhãs de picareta de quatro quilos a rebentar com solos duríssimos não é para qualquer um, mas estar sentado a uma secretária a escrever sobre algo que não conhece a não ser por recolha de informações escritas, isso sim, é extremamente suave, mas consideravelmente enganador. Espero que os intervenientes em todos os processos não fiquem demasiado agastados, na realidade não pretendo ofender ninguém, somente que meditem sobre os erros que cometeram e sobre os quais não se pode passar uma esponja, a realidade fala por si. Assim pretendo dar a quem tenha interesse nisso uma informação verdadeira sobre a dimensão dos achados e que quase toda a gente desconhece. Farei isso a partir da representação em planta do total da área descoberta e que nos permitirá avaliar toda a extensão do casario no interessante espaço que passou a designar-se por Ruinas Romanas. Quando em 1996 se fizeram escavações no terreno a oeste e sudoeste do caminho encontrou-se um conjunto de estruturas com variadas técnicas construtivas – algumas em pedras faceadas, criando muros com dois paramentos bastante regulares, outras pouco sólidas pela utilização, quanto a nós, de aproveitamentos de palhas, folhas e troncos de árvores ligados por argamassa. Também havia pavimentos em pedras de diversos tamanhos que seriam depois regularizados com saibro e areia bem prensados. Seriam pátios ? Depois de avaliarmos todos os dados recolhidos colocamos várias hipóteses : 1- Estaríamos na presença duma área de construções destinadas aos cuidados com animais e veículos (arreios, ferraduras, eixos e rodados dos carros ou carruagens ) e quaisquer outros. Também é suposto que na oficina de ferreiro que ficou perfeitamente definida com o local da forja, da bigorna ou safra e das têmperas, se produzissem todas as ferramentas necessárias às diversas tarefas na quinta. De tudo isto ainda falaremos.