A MÚSICA


A música pode definir-se como uma forma de arte resultante da combinação de sons e ritmos, segundo uma certa organização, ao longo do tempo.
Suponho que não haverá alguém que, de um modo geral, não goste de música. Pode mesmo afirmar-se que não existe nenhuma civilização ou qualquer povo que não tenha manifestações musicais próprias. Parece haver evidências de que a música terá sido praticada desde a pré-história.
No concelho de Mangualde existem várias Bandas de Música em algumas das suas aldeias: Associação da Filarmónica da Boa Educação de Vila Cova de Tavares, Associação Humanitária e Cultural de Abrunhosa-a-Velha, Sociedade Filarmónica Lobelhense e Sociedade Filarmónica de Tibaldinho. Outras já foram extintas, mas estas têm uma duração superior a um século.
A de Lobelhe tem mais de um século e meio de existência. Inicialmente teria sido registada com a designação de “Contrato de Aprendizes de Música”, com cerca de 15 alunos. Lembro-me de que, quando jovem, tinha um lugar na sala dos ensaios, a convite do Regente de então, Júlio Teles Ferreira, de quem era amigo, para assistir aos ensaios. Algumas noites me desloquei à sala para ter o prazer de ouvir a Música de Lobelhe.
As referidas Bandas deram oportunidade a que muitas pessoas pudessem aprender a tocar um instrumento e algumas delas enveredaram pela carreira musical. É o caso de Joana Neves que, tendo aprendido a tocar clarinete, alcançou recentemente o primeiro lugar no concurso INATEL/ORQUESTRA METROPOLITANA de LISBOA, tendo sido homenageada pelo Município de Mangualde. Embora eu seja natural de Lobelhe, não a conheço, como aliás já não conheço muitos dos seus habitantes. Conheço, porém, os pais, pelos quais tenho apreço e simpatia. Segundo li, com o prémio pretende-se “estimular e promover a excelência da formação pedagógica e artística dos alunos da Academia Superior da Orquestra Metropolitana” e “tem também como objetivo a apresentação a solo do intérprete”.
Todos temos conhecimento de outros casos de jovens que estão a singrar na vida, graças aos conhecimentos de música que adquiriram junto da Banda de uma dessas aldeias. É claro que nem todos na vida seguiram uma profissão baseada em conhecimentos musicais. Mas sentir-se-ão satisfeitos por poderem cultivar o prazer de tocar algum instrumento. Por outro lado, as Bandas têm ainda o mérito de ocupar o tempo livre de alguma juventude, o que é de uma enorme importância, pois que evita que enveredem por certos caminhos que conduzem ao consumo de estupefacientes ou outros vícios. A minha vida profissional deu-me a conhecer inúmeros casos de jovens que não souberam furtar-se a esse consumo, o que os arrastou para a vida do crime.
Ainda hoje gosto imenso de ouvir qualquer orquestra. Esperamos que as Bandas Musicais se mantenham ativas e com capacidade para enfrentar todos os obstáculos que se lhes deparem. O Município de Mangualde também se preocupa com a sua sobrevivência, pois atribuiu-lhes um pequeno apoio económico que as auxilie a “enfrentar os tempos da pandemia”.