Co(n)tradição


Certas práticas para melhorar o estado de saúde são originárias da tradição familiar, cultura passada de geração em geração sustentada em resultados de experiências sensoriais. Quase sempre transmitidas pelos antigos, sabedores iletrados desvalorizados pelos eruditos elevados pelos diplomas pendurados na parede a modo de evidenciar a sua superioridade dos demais… Charlatanice, bruxaria, magia são os termos quase sempre associados às medicinas tradicionais e alternativas, por quem o pensamento é fundamentado na evidência fornecida pelo método científico, alicerçado na razão.
No entanto muitas aplicações de base científica são oriundas de aplicações tradicionais, tais como os vapores, os chás\tisanas, a aplicação de calor. Com o retorno do frio é natural que o corpo se ressinta e fique mais permissivo a constipações, inflamação das vias respiratórias ou gripes. Tradicionalmente o senso comum imperava e iniciava-se a prevenção com ingestão de bebidas quentes (chás) porque é inegável o alívio do chá de limão com mel quando a rouquidão domina, para além da ingestão hídrica tão necessária para ajudar em eliminar as mucosidades dos pulmões. Também é inquestionável o poder aromático do eucalipto, lavanda que potencia mais o relaxamento muscular e remete a um repouso balsâmico que o sistema imunitário tanto precisa.
As inspirações profundas dos vapores de eucalipto, quase sempre vigiadas pela mãe ou avó zelosas, eram incómodas pela sensação claustrofóbica da toalha a tapar a visão, a eminência de irritação dos olhos e a potencial queimadura da pele para os mais incautos, no entanto a impressão de nariz desentupido e o frescor que advinha desta prática eram tão reconfortantes que facilmente caía no esquecimento o ardor dos olhos e o cheiro intenso de eucalipto.
O famoso escalda pés com sal grosso para espantar o frio; as compressas geladas na testa para atenuar a febre; o xarope de cenoura que qualquer criança adora… São muitas as intervenções preventivas, mas pouco promovidas pelos diplomados do método cientifico cuja o pensamento encaixotado à razão descartam a evidência secular de um conhecimento não financiado pela industria farmacêutica. Certo é que cada pessoa deve ser informada dos riscos da toma inadequada da medicação, e que a prevenção da doença nem sempre tem de vir sob a forma de receita. Nada se opõe à complementaridade do tradicional chá acompanhado de um comprimido para baixar a febre comprado na farmácia! Apenas esteja consciente que não podemos negligenciar as palavras e conhecimento de gerações e ficar subjugados ao poder da razão. Se assim é não surgiam novas ideias… seja criativo, consciente e responsável!