Ouvidos de tísico? Mais ouvidos de mercador…

É cada vez mais notório a surdez coletiva perante a poluição sonora constante. Já nem reparamos o aumento de volume da colocação de voz ao dirigirmos a terceiros; ao ruído das cidades que assola o tímpano desencadeando o infeliz zumbido. Toda esta exposição sonora acarreta uma adaptação da sensibilidade auditiva, traduzindo-se numa redução da função auditiva (hipoacusia).
Nostalgicamente, recordo os relatos de futebol ouvidos pela rádio; as cantigas cantadas nas colheitas; a moça que cantava enquanto trabalhava num corredor que potenciava a sua voz… De fato, tudo isto era apreciado devido à escassez de ter um aparelho que nos fornecia sons. Hoje a rádio é tão negligenciada, mas foi companhia diária para afastar a solidão. Quando a tuberculose era uma doença difícil de controlar, quem padecia era obrigado a isolar para prevenir o contágio até contornar a maleita. E esse processo aprimorava os ouvidos devido ao silêncio persistente de estar em isolamento. Também denominar uma pessoa de “tísica”, é uma forma pejorativa de julgar a sua compleição física, extremamente magra. Tal fato era devido à dificuldade que existia em deglutir com a tremenda falta de ar, que demovia o paciente em ter um apetite saudável para combater a doença.
Já ouvidos de mercador, são típicos dos dias atuais! “Eles falam, falam, mas não dizem nada de jeito!” é uma forma simplista de aludir ao enfado da frustração e da desilusão dos assuntos diários. No entanto isto sujeita a perda de informação viável dentro da inutilidade das novidades cor-de-rosa. A confiança é um valor quase colocado em vias de extinção, e escutar é um conceito pouco edificado dentro do meio familiar e escolar. Copiar, imitar, reproduzir é estimulado para evitar a perda do status quo. Porque… Deus, nos livre do pensamento crítico! O que outrora era exorcizado com benzeduras e crucifixos, hoje é demovido com estudos científicos financiados pela indústria farmacêutica. Até a própria ciência surgiu do pensamento livre, e escarnecia o agrilhoamento das ideias, que promovem a dormência do conhecimento!
Assim, para evitar os problemas auditivos, proteja-os do frio característico do Inverno que tantas otites desenvolve e não utilize os cotonetes para a limpeza do canal auditivo externo. Por vezes desvalorizamos os sintomas dos ouvidos, mas as complicações podem ser severas. Informe-se com um farmacêutico ou profissional de saúde e solucione quais as palavras que ainda deseja ouvir para melhor escutar!