Uma reflexão sobre o Concelho de Mangualde

Fez no passado dia 12 de Dezembro 45 anos sobre a data em que se realizaram as primeiras eleições autárquicas após a Revolução de 25 de Abril, no País e por conseguinte em Mangualde.
Passaram rapidamente 45 anos.
Nessas eleições democráticas tive o privilégio de ser eleito para a Assembleia Municipal pelo CDS, como independente, em número 2, já que rejeitei primeiros lugares.

Hoje, passados tantos anos, duas gerações, cá estou novamente na Assembleia Municipal de Mangualde na Coligação PSD/CDS-PP, como Independente, na defesa intransigente dos valores que levem Mangualde a um patamar diferente de maior desenvolvimento.
Sou o único resistente dessa época, mais velho, mais experiente e também mais desiludido.
Mas, vamos ao que nos interessa, ao estado actual em que se encontra o Concelho de Mangualde.
Vou apontar números, pois os números são indesmentíveis. As palavras, têm muitas vezes várias leituras, sentidos diversos, muitos significados.
Assim o entendeu o Padre Jesuíta Gabriel Malagrida, no Sec. XVII, quando dizia :- “a palavra foi dada ao homem para esconder os seus pensamentos”.
Mas, os números só podem ter uma leitura. Uma única!
E são esses números que nos têm de fazer pensar.
Uma Câmara nova em funções, uma Assembleia Municipal fiscalizadora, Juntas de Freguesia empenhadas no desenvolvimento dos seus territórios, é altura de todos pensarem seriamente no que nos afecta e de como o debelar.
O primeiro problema que nos afecta é a dinâmica demográfica do Concelho.
É sobretudo marcada pelo decréscimo populacional, pelo acentuado envelhecimento da população e pelas mudanças ocorridas ao nível das estruturas familiares com novas formas de vida.
Por outro lado o saldo migratório é negativo, pois Mangualde não consegue prender os estrangeiros residentes que estão a abandonar o Concelho.
Vejamos o decréscimo populacional. Em 1950 atingiu o seu máximo 25.340 habitantes. Em 2021 diminuiu para 18.294. Como disse o Eng.º Guterres em tempos passados “é só fazer as contas”.
Se o Governo Central, articulado com a Câmara Municipal não articular políticas apropriadas só podemos esperar o despovoamento e a desertificação das nossas terras do Interior.
Outro ponto importante é o da população empregada que tem decrescido, em parte, também consequência do ponto anterior.
O emprego é um meio privilegiado para a inclusão social, pois constitui a principal fonte de rendimentos das pessoas que trabalham e por isso garante os meios essenciais para se possuir o mínimo de condições de vida.
O Concelho de Mangualde tem um enorme Património Histórico e Cultural. A sua história remonta ao Neolítico cujos testemunhos estão espalhados pelo Concelho em muitos monumentos.
Este Património Cultural que liga o passado e o presente é uma das bases do desenvolvimento turístico. Mas, não chega.

O verdadeiro motor de arranque da economia é a industrialização. Produzir e exportar.
Mangualde pela sua posição geográfica estratégica, pelas importantes acessibilidades que possui, tem de apostar forte, muito forte na sua industrialização.
Mangualde tem indústrias, algumas de importância e dimensão, mas tem de criar uma verdadeira Zona Industrial.
Ter uma Zona Industrial, é muito diferente. É ter uma plataforma de serviços, em terrenos camarários, poder fazer uma política de preços, de escolha de empresas.
Tal como no Turismo interessa menos a quantidade que a qualidade. Escolher as melhores empresas, de tecnologia avançada e que não venham pagar ordenados mínimos.
Os principais responsáveis pela governação do Concelho de Mangualde não podem esquecer as infraestruturas básicas para um desenvolvimento equilibrado.
O aproveitamento do Caminho de Ferro para os transportes, principalmente da indústria automóvel, com a criação de uma plataforma, a ligação do Nó de Mangualde a Nelas por autoestrada, a criação de uma verdadeira Zona Industrial, o desenvolvimento turístico da Barragem de Fagilde, a recuperação do Convento de Maceira Dão, Monumento Nacional com 900 anos, criando uma nova acessibilidade e a digitalização de todos os serviços.
São estes os pontos que deviam unir todos, sem olhar à política partidária, para que possamos alcançar um verdadeiro desenvolvimento. E não se conseguem resultados de um dia para o outro, é necessário um caminho,longo e duradouro.
Todos nós estamos fartos, cansados de ouvir as mesmas frases, em todos os actos eleitorais, a dizer, agora é que é, vamos ser a mudança e afinal tudo vai ficar na mesma.
É bom que de uma vez por todas tenhamos consciência do que será o nosso futuro, dos nossos filhos, netos, da herança que queremos deixar ficar, se não tivermos a coragem de mudar.
Termino com uma frase de Alexandre Dumas: -“Os Homens às vezes podem mudar o futuro …”

António Fortes