SANFONINAS

A informação camarária
Como docente de Comunicação Social no Curso de Especialização em Assuntos Culturais no Âmbito das Autarquias – agora, Mestrado em Política Cultural Autárquica, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – tive oportunidade de conversar com os estudantes acerca do que poderia ser uma correcta política de informação aos munícipes por parte do Executivo.
Hoje, com a criação das páginas informáticas, a ideia generalizada é que isso basta para manter o contacto entre governantes e governados. Creio que não.
Num concelho do Algarve, o presidente optou por responder, no jornal mensal local, às questões levantadas, sempre as mais candentes no momento. Não sei, confesso, se se trata de publicidade paga – o que, diga-se, até nem seria despropositado, na medida em que o jornal local, sabemo-lo bem, exerce uma função ímpar e carece de verbas para sobreviver; mesmo sendo publicidade, acho a ideia excelente.
Noutro concelho, do Alentejo, há jornal camarário mensal, que inclui separata a dar conta das resoluções tomadas nas mais recentes reuniões camarárias e da Assembleia Municipal. Tem o jornal larga difusão, gratuitamente distribuído porta a porta.
Num concelho, este da Estremadura, além de se ter mantido a agenda cultural em papel (atitude com que deveras me regozijo), há o boletim camarário mensal, onde também constam, em separata, as decisões da Câmara e da Assembleia.
Nas aulas, eu preconizei que o formando – caso viesse a integrar o Gabinete de Comunicação camarário – incitasse o seu presidente a fazer, pelo menos, uma conferência de imprensa semestral, em que também auscultaria a população – através dos jornalistas – sobre o que era mais premente e de que ele poderia não estar informado. Dir-se-á que para isso são as sessões camarárias abertas, com tempo para intervenções do povo; mas, confessemos, não é a mesma coisa.
Temos, de facto, os mais variados perfis de presidente: este convoca os jornalistas, sempre que há assuntos importantes; aquele diz «se me tivesse perguntado, não teria escrito assim» (mas a gente pergunta, pergunta, e as respostas tardam, tardam!…); aqueloutro, quando o jornal tem opinião diversa da sua, corre logo, ofendido, a enviar carta ameaçadora. Enfim…