REFLEXÕES

Património cultural
Janeiro 2022
No dia a dia dou comigo a recordar acontecimentos passados, outros mais recentes, que me levam muitas vezes a sorrir, outros…nem por isso! Afinal é com tudo isto que se constrói uma vida. Mas não tenho dúvidas de que à medida que os anos vão passando foi-se construindo uma vida - a minha vida - com imensos tijolinhos subindo no espaço a caminho da dimensão dum arranha-céus… afinal a existência de cada um não é mais que uma construção. Umas vezes fica muito tosca, atarracada como as igrejas românicas, sempre lindas aos olhos de quem sente; outras uma mansão bem estruturada com belas varandas e escadarias em caracol, ou outras enormes, altíssimas- querendo furar o Universo e que demonstram a enorme criatividade, imaginação e capacidade de execução a que chegou a Humanidade. E aqui já nem penso nas minúsculas descobertas que, no seu todo, levam o homem a viajar por biliões de quilómetros nesse Espaço misterioso que nos envolve! Desço à Terra e vejo-me metida num grosseiro e térreo espaço que se resume a uma mina – um túnel escavado ao longo de, não se adivinha, quantos metros… Pelo saber do povo seria apenas uma amostra da hipotética rede de fuga dos soldados franceses. Ficaríamos por aqui, se entretanto um outro facto não viesse aguçar a nossa curiosidade. Passado pouco tempo sobre a descoberta do túnel no quintal do senhor Valentim, outra situação semelhante ocorreu junto ao quintal da Mangualdense - famosa pintora do séc. passado D. Beatriz Pais – ou talvez fosse no próprio quintal. Foi feito um desaterro entre a rua da Igreja e a dos Combatentes da Grande Guerra exactamente no local onde agora foi construído o “centrinho de refeições rápidas”
Não sei quem precisou daquele túnel, quem o fez, donde vinha, nem para que efeito. O certo é que no corte justamente encostado à Rua da Igreja ficou visível a bocarra de um outro túnel! Com a curiosidade própria lá fui entrando, mas “aquilo” não oferecia segurança. Estando nesse tempo ao serviço da direcção da ACAB e já com o peso das descobertas arqueológicas, entendemos que o problema da “rede” de túneis não estava no nosso âmbito pesquisar, mas antes por técnicos ligados à Espeleologia. Para tal ainda resolvi contactar o GRUPO DE ESPELEOGOGIA DO POMBAL, convivências de Conímbriga, que era especializado neste tipo de investigações nas Grutas de Mira d’Aire. Este grupo ficou de imediato disponível e curioso por fazer o seu estudo. No entanto a sua deslocação e instalação acarretaria despesas que a autarquia não se dispôs a suportar…. e assim sendo, foi mais um mistério da história de Mangualde que ficou no escuro do NÃO SABER!…. Faz-me muita pena tantos documentos da vida cultural de Mangualde que já se perderam para sempre …. e assim também a hipótese de se fazerem roteiros maravilhosos. Enfim, ficamos com o que temos… um pouco mais pobrezinhos!