CONSULTÓRIO

SARAMPO
Sarampo, sarampinho, sarampelo sete vezes vem ao pêlo. Era, assim, o que se dizia nos meus tempos de infância…
Muitas das nossas crianças nunca o irão ter porque foram vacinadas… é das tais doenças que, com a vacinação generalizada, têm tendência a desaparecer.
Mas, por vezes, sobretudo com origem em países onde a vacinação contra o Sarampo não faz parte do plano de vacinação, ou porque alguns pais recusam as vacinas nos seus filhos, o Sarampo pode aparecer sob a forma de um surto. Ainda não há muito tempo houve um!
E, por me lembrar desses surtos de Sarampo, convém lembrar o que é esta doença?
O Sarampo faz parte do grupo das doenças exantemáticas da infância. É uma doença infecciosa aguda, viral, transmissível, extremamente contagiosa que era muito comum na infância.
Os sintomas iniciais são: febre acompanhada de tosse persistente, conjuntivite com irritação ocular, fotofobia (hipersensibilidade à luz) e congestão e corrimento do nariz.
Após o aparecimento destes sintomas surgem manchas avermelhadas no rosto (o exantema máculo-papular), que progridem pelo corpo todo, em direcção aos pés, com duração mínima de três dias. A doença pode durar até 10 dias.
Além destes sintomas e sinais, o Sarampo pode causar infecção nos ouvidos, pneumonia, ataques (convulsões e olhar fixo), lesão cerebral e morte.
O vírus do Sarampo pode atingir as vias respiratórias, causar diarreias e até infecções no encéfalo. Acredita-se que estas complicações sejam desencadeadas pelo próprio vírus do Sarampo que, na maior parte das vezes, atinge mais gravemente os desnutridos, os recém-nascidos, as grávidas e as pessoas portadoras de imunodeficiências.
Transmissão
A transmissão ocorre de forma directa, de pessoa a pessoa, geralmente através da tosse, pelos espirros, pela fala ou pela respiração, por isso a facilidade de contágio da doença.
Além de secreções respiratórias ou da boca, também é possível que a contaminação se faça através da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar por tempo relativamente longo no ambiente, especialmente em locais fechados como escolas e clínicas.
A doença é transmitida na fase em que a pessoa apresenta febre alta, mal-estar, o corrimento nasal, irritação ocular, tosse e dura até quatro dias após o aparecimento das manchas vermelhas.
Tratamento
Não existe um tratamento específico! O recurso ao Paracetamol ajuda no alívio dos sintomas, da febre, para além do repouso e da hidratação.
Prevenção
A susceptibilidade ao vírus do Sarampo é geral e a única forma de prevenção é a Vacinação.
Apenas os lactentes cujas mães já tiveram Sarampo ou foram vacinadas possuem os anticorpos transmitidos pela placenta e que conferem imunidade, geralmente ao longo do primeiro ano de vida.
Com o reforço das estratégias de vacinação (vacina VASPR incluída no PNV), vigilância e demais medidas de controlo que vêm sendo implementadas a doença, praticamente, desapareceu no nosso país.
Actualmente, tem havido o registro de casos importados que, se não forem adequadamente controlados, podem resultar em surtos e epidemias.
Os principais grupos de risco são as pessoas de seis meses a 39 anos de idade, que não foram vacinados. Dentre os adultos, os trabalhadores de portos e aeroportos, hotelaria e profissionais de saúde apresentam maiores possibilidades de contrair sarampo, devido à maior exposição a indivíduos (infectados) provenientes de outros países que não adoptam a mesma política intensiva de controlo da doença.