Afinal o que é o lítio?


José Bonifácio de Andrada e Silva, conhecido como o Patriarca da Independência do Brasil, para além de sua atuação política era também um reconhecido naturalista com expressão na mineralogia. Descobriu quatro minerais, incluindo a petalita. Em 1790 sabia-se que o mineral petalita queimava dando um tom carmesim à chama. Em 1817, durante a análise deste novo mineral, os químicos Johan August Arfwedson e Jons Jacob Berzelius verificaram que na sua composição existiam fragmentos de um novo componente, que era responsável pela chama colorida e que foi identificado como um novo elemento, o Lítio. O nome Lítio vem do grego lithos, que significa “pedra”. Em 1821, William Thomas Brande conseguiu isolar o elemento lítio aplicando técnicas de eletrólise em óxido de lítio. Mas só em 1855 o químico britânico Augustus Matthiessen e o químico alemão Robert Bunsen finalmente conseguiram purificar o lítio do cloreto de lítio
O Lítio, pertence aos metais alcalinos e é o metal mais leve conhecido. É também o elemento sólido menos denso, com uma densidade de cerca de metade da água. Não o podemos ver a flutuar, porque reage ao contacto com a água, tornando a sua superfície corroída e adquire a cor cinza-prateada com manchas pretas. Na sua forma pura é branco prateado e tão macio que é possível cortá-lo com uma faca. Para um metal, tem um ponto de fusão baixo e um ponto de ebulição alto. É extremamente corrosivo e como é altamente reativo com o ar e a água, tem de ser armazenado sob óleo ou fechado em atmosfera inerte. Inflamável, a sua reação com o oxigénio torna difícil extinguir as chamas.
O lítio, por ter baixa densidade e ser um bom condutor e armazenador de energia, ganhou importância recentemente como solução para armazenagem de energia renovável, pois concentram uma grande quantidade de energia em pequena quantidade de massa, muito utilizada no fabrico industrial de baterias para viaturas elétricas, computadores e telemóveis, mas também é utilizado na medicina para tratamento de transtornos bipolares, esquizofrenia e distúrbio da tiroide. Está também em estudo a sua eficácia no tratamento de crianças sujeitas a radioterapia com défices de memória e aprendizagem, podendo reverter os malefícios da radiação no cérebro. Também tem aplicação na indústria da cerâmica e da construção de aeronaves.
Devido á sua alta reatividade este mineral não existe na natureza em estado puro. A sua extração é efetuada com equipamento pesado que retira a rocha do solo, explorando jazigos de minerais de petalite, espodumena ou lepidolite. Como fragmento de outros minerais, a sua quantidade é escassa, obrigando à exploração de enormes áreas, podendo ser devastador para os locais que o possuem, interferindo na paisagem, clima, recursos hídricos, qualidade do ar e afetar ainda a flora e a fauna locais.
Apesar de tudo, o lítio será o motor da revolução energética, sendo preciso encontrar um equilíbrio entre a economia e a defesa da natureza.