MANGUALDE UMA TERRA COM FUTURO

Liberdade e Transição Energética
No momento em que escrevo estas linhas, cumpre-se um dia histórico: o regime democrático nascido com a Revolução de 25 de Abril de 1974 supera em um dia a duração da ignóbil ditadura salazarista. A Democracia venceu a Ditadura que ao longo de 48 anos privou os portugueses das mais elementares liberdades de expressão, de imprensa e associação, manteve Portugal na cauda da Europa em todos os indicadores económicos e sociais e isolou-nos internacionalmente ao mandar os seus jovens para uma guerra injusta e fora do provir dos tempos.
Hoje, o Portugal livre e democrático, apesar dos seus constrangimentos, compara bem na maioria dos indicadores e lideramos mesmo alguns deles como por exemplo na mortalidade infantil ou no número de mulheres com doutoramento. O Portugal que renasceu a 25 de Abril é hoje incomparávelmente mais justo, mais rico, mais saudável, mais educado e mais culto.
No entanto, tal como todas as grandes construções humanas, a liberdade e a democracia são sempre tarefas inacabadas e que exigem de nós permanente empenho na sua concretização. A recente invasão da Ucrânia pelas tropas do czar Putin está aí para o comprovar.
Hoje é já claro que defender a Liberdade, a Democracia e o Estado Social passa por ter uma alternativa energética aos combustíveis fosseis. O bem-estar das famílias e a competitividade das empresas, que assegura a sobrevivência do Estado Social, exigem cada vez mais políticas de eficiência energética e o acelerar da transição energética para energias de carbono zero e de produção descentralizada. Portugal e os portugueses serão tão mais livres de decidir o seu futuro quanto menos dependentes formos de combustíveis fósseis.
A descarbonização dos transportes e logística - que representam um terço das emissões de gases de efeito de estufa -, pode ser esta feita pela opção puramente elétrica ou por combustíveis renováveis como o hidrogénio verde ou metanol verde, é já uma emergência. Travar o aquecimento global e as alterações climáticas exige ação rápida e decidida neste campo.
A pressão a que estará sujeito o sistema elétrico nacional será grande. Urge diversificar fontes. Continuar a aposta nas renováveis, sobretudo nas que podemos ter vantagens competitivas como o solar fotovoltaico e a eólica offshore. Há que reforçar a produção fotovoltaica para autoconsumo das empresas, para minorar o aumento exponencial dos custos energéticos, e das famílias para que a eletrificação da mobilidade seja possível e economicamente viável.
Aos poderes públicos, quer centrais, quer locais, deve caber a implementação de uma estratégia sólida de transição energética, que junte empresas privadas e famílias, na aposta no mix de produção energética renovável e sustentável, adaptado às condições locais.
As Comunidades Locais Energéticas são o instrumento adequado para tal. Participemos nelas.
A nossa Liberdade e sobretudo a das gerações futuras dependerão muito desse nível de participação.