“Ar frio para alívio da tosse? Que disparate!”


No inverno, a tosse é uma constante, este sintoma, de som grave e rouco é o estilhaçar do silêncio solene e contemplativo. Nestes momentos ensombrados pela epidemia, cuja tosse é um dos sinais, livre-se de quem a tem, porque é brindado pelos olhares avaliadores e sobrancelhas franzidas. Infelizmente, a tosse é frequente nos asmáticos e bronquíticos, assim como quem padece de problemas crónicos do pulmão, no entanto há casos que nos marcam devido a simplicidade da resposta para o alívio da tosse.  
Um desses casos foi um miúdo que teria 3\ 4 anos, que tinha uma tosse cavernosa, a famosa tosse de cão. A vinda ao médico foi motivada pelo incómodo quer do garoto, quer do pessoal adulto com várias noites em claro devido à irritante harmonia. Assim o médico fez uma escuta ativa, pensativo, retorquiu: “Tem arejado a casa? Qual o aquecimento lá em casa? O garoto teve febre?” - “Como? Não, não vi a febre?” - responde a mãe incomodada, porque não estar já com uma receita de antibiótico na mão. Antibiótico, o salvador das dores de garganta, porque a pressa é sempre a solução! Ou será “A pressa é a inimiga da perfeição”?
Após o protocolo de avaliação física com muitos acessos de tosse rouca, o médico indaga ao gaiato: “Ouve lá, doí-te a garganta, não doí?” – ao que o rapaz acenou afirmativamente – “E tem estado muito quente lá em casa, tosses mais à noite, né?” - mesmo acenar. Com ar agastado informa: “Há um estacionamento lá fora, quero que ande com ele 10 minutos, sem cachecol e apenas com a camisola. Depois, se ele tossir mais de 2 vezes durante esses 10 minutos eu volto a avalia-lo!” - a mãe exclama: “Ar frio para alívio da tosse? Que disparate!” 
Certo foi que houve um “milagre” terapêutico, e a tosse não foi ouvida. Laringite, foi o diagnóstico. Afinal a inflamação das cordas vocais, foi aliviada pelo ar frio da rua e o garoto agradeceu com a sua voz grave, coisa que não conseguia fazer quer pela tosse constante, quer pela dor lancinante. A mãe saiu com uma receita, mas de terapias isentas de impostos: arejar o quarto; dar líquidos à criança, de preferência frios para alívio da dor de garganta, e avaliar temperatura. Para além de colocar a criança a respirar ar frio, agasalhada, quando tivesse um acesso de tosse mais persistente.
O pesar de constatar, que cada vez menos as pessoas sabem solucionar pequenas mazelas, faz recordar o antigo bom senso acompanhado com o senso comum, nomeadamente de ter um termómetro em casa e saber utiliza-lo.