Qual o significado de sangue fino?


A dificuldade em explicar a ação terapêutica de certos medicamentos à pessoa que os usa, torna a criatividade uma aliada para a comunicação. O bom senso é sustentado por verdades empíricas, e os provérbios são sínteses desse conhecimento, por isso “A necessidade faz o engenho”.
O sangue é líquido, no entanto tem propriedades viscosas, especialmente quando existe uma hemorragia, o sangue começa a ficar mais pegajoso. Se for uma ferida onde possa ocorrer uma pressão, começa a surgir o processo de coagulação, ou seja, o sangue torna-se sólido. Claro, que o objetivo primário do sangue é circular dentro do sistema circulatório (veias e artérias), para transportar recursos necessários para as células, tais como oxigénio, proteínas, açúcar entre outros. Logo tem de ser fluído o suficiente para circular, no entanto sendo um bem tão precioso no nosso organismo, quando existe uma perda momentânea surge a coagulação.
Há situações que este processo se torna instável, surgindo formação de um coágulo (trombo) numa artéria ou veia, correndo o risco de este interromper a circulação do sangue a uma parte do corpo, ou até separar do local onde se formou e alojar-se noutro local do corpo, onde a veia ou artéria é de menor calibre (êmbolo).Quando surgem estes problemas, existindo predominância nos doentes cardiovasculares, é habitual medicar com anticoagulantes, como forma de prevenção e em último caso, de tratamento agudo em situações de tromboses. Na forma preventiva, os anticoagulantes orais são os mais utilizados para evitar a ativação dos fatores de coagulação, tornando o sangue mais fluído, mais vulgarmente denominado por sangue fino. Existe uma panóplia de anticoagulantes, de 1ª e 2ª geração, como se de uma família se tratasse… O que importa é saber que todos comportam riscos, mas previnem situações fatais. Os de 1ª geração requerem cuidados mais assíduos a nível de análises, através de INR, que no fundo é uma avaliação do grau de coagulação do sangue; cuidados a nível de certos alimentos que possam potenciar ou diminuir o efeito do anticoagulante, assim como a introdução de medicação diária, devem ser equacionadas na provável alteração do efeito dos anticoagulantes.
É evidente que a “finura” ou “grossura” do sangue não define o estatuto social de quem o tem, senão a socialite portuguesa estaria pejada de medicação que altera a coagulação! E é um desafio diário, para quem está sujeito a esta vigilância. Mas, provavelmente se algumas cabeças tivessem o sangue mais fino, talvez o sangue lá circulasse melhor….