Desmotivação nos jovens: uma questão coletiva


Cada geração tem desafios diferentes, com base em necessidades próprias de cada época. Celebrar as vitórias e os sacrifícios dos nossos avós, não deve significar um revivalismo dos mesmos. Se ter dificuldades e conseguir ultrapassa-las, podem reforçar o carácter, típico “O que não me mata, me fortalece”, como dizia Nietzsche, cada individuo tem que ter as suas expectativas e experiências para dar valor à vida.
A geração do capitalismo, empurrada ao individualismo do querer-comprar- ter, desenvolveu a tecnologia por forma a responder a sua procura desenfreada. Trouxe uma evolução enorme dos meios de comunicação, de forma tão inacreditável que a nova geração não acredita na ausência de telemóveis e internet na maior parte das casas portugueses há 30 anos atrás! A imagem de obter algo e exibir era glorificado, e ostentar era uma atitude de sucesso, contrariando hoje o comportamento de simplicidade que é tão anunciado! De fato, um dos conflitos entre pais nascidos durante o regime Salazarista e os seus filhos, era o exagero do narcisismo comparado com a modéstia e critica à superioridade infundada. No fundo sempre existiu dificuldade em comunicar entre as gerações, especialmente na definição do percurso de vida dos os mais novos. Se por um lado todo o saber e experiência de um adulto deve ser transmitido, por outro lado quem dá essa informação deve ser consciente dos novos dilemas e desafios de quem inicia a vida. Impor ideias e valores, sem dar espaço a partilha ou ensinar o conceito de autonomia, estimula a desmotivação e o desinteresse.
É frequente escutar discursos pautados pela frustração, em indivíduos cuja a idade é reconhecida pela descoberta do Eu e luta pela independência. A juventude dá uma energia cuja a irreverência e rebeldia confronta o bom senso e juízo da maturidade. No entanto, o sistema reconhece as certificações académicas desvalorizando as competências autodidatas e inatas de cada pessoa, comprometendo a criatividade de inovar e criar. A arte de pensar é relegada em segundo plano, sendo a replicação das ideias enaltecida pela sociedade receosa da mudança. A juventude anda entorpecida pelo comodismo de alguns, que estão desatualizados socialmente do sentido da evolução. Esquecemos que todos fomos jovens, e que a prisão psicológica só promove o distanciamento. Assim, dignificar quem decide o quer na vida, não deve ter rótulos instituídos pelo sistema educativo, porque escolher o que se quer é um passo para ser ALGUÉM, e não apenas mais UM!