Equilíbrio ou falta dele


Virus do passado, virus do presente, virus do futuro… Estamos todos fartos de virus!
O “virus” anda na boca de toda a gente, literalmente. É um inimigo invisível, o pior de todos.
Mas o que se está a passar? Será que sempre foi assim e é um efeito da comunicação social?
Ou os virus do passado, que estavam controlados, regressaram em força, juntando-se aos virus do presente que ainda estão em estudo e pior, dando origem a outros virus, ainda mais perigosos, que ainda não descobrimos que existem…?
Ele é varíola dos macacos, hepatite não sei o quê, o velhinho sarampo, o famoso covid, entre outros ilustres, quase desconhecidos como o ebola, o zika, o dengue, o chikungunya, a febre amarela,… Qual passadeira vermelha dos “Viróscares”.
O assunto é sério e está a ser estudado. Parece que o mundo reune atualmente características propícias à proliferação das doenças infecciosas. Recentemente foram anunciados sete factores principais que contribuem para este fenómeno:
1.A circulação de pessoas entre países, o aumento da mobilidade entre fronteiras, o contacto com outras culturas, a possibilidade de cruzar oceanos em poucas horas, facilitam a transmissão de agentes infecciosos para qualquer parte do mundo, mesmo antes de apresentarem qualquer sintoma.
2.A urbanização desenfreada assente em infraestruturas deficitárias, maus transportes, falta de saneamento básico e serviços de saúde incapazes, motivada pelo êxodo do mundo rural para as cidades. Esgotos não tratados a contaminar rios e nascentes, lixeiras a céu aberto e a acumulação de muitas pessoas em espaços exíguos.
3.As mudanças climáticas, com o aumento da temperatura média do planeta que é propícia à reprodução dos mosquitos transmissores de muitas doenças.
4.A alimentação à base de proteína animal, leva a criações em condições sanitárias por vezes inadequadas, em que os animais são mantidos em locais apertados, sem higiene e misturados com outras espécies. O local perfeito para um virus sofrer mutações e passar para os seres humanos.

  1. A destruição das reservas naturais e um maior contacto com zonas silvestres, desloca os animais e viabiliza o contato deles com outras espécies ou com os seres humanos. Os vírus, que antes estavam na natureza e conviviam em equilíbrio com os seus hospedeiros, passam para os humanos.
    6.A falta de vacinação, seja por insuficiência na produção farmacêutica ou por negacionismo. Doenças controladas pelo efeito da vacinação no passado, reaparecem em força, porque as pessoas deixam de dar a devida importância à imunização.
    7.As carências no serviços de saúde, no que respeita à falta de profissionais de saude e vigilância. A vigilância é fundamental para identificar e controlar pequenos surtos antes que assumam proporções descontroladas.
    Para além dos sete factores identificados, os avanços na medicina permitem uma maior capacidade de deteção e diagnóstico, e por isso conseguimos identificar muito mais doenças que antes eram desconhecidas. Especialistas dizem que surtos, epidemias e pandemias podem tornar-se mais frequentes nos proximos anos.
    Se ganharmos perspectiva e analisarmos a evolução do Mundo à distância de muitos milhões de anos, será o ecossistema a funcionar, na preparação do ciclo que se segue, lentamente, novamente à procura do equilíbrio alterado pela ação humana.