lendas, historietas e vivências

SEMPRE À VOLTA DA ARQUITECTURA NA BEIRAS e TRÁS OS MONTES
Sempre à volta das soluções construtivas que nos têm sido apresentadas ao longo de décadas apercebemo-nos que foram surgido nas diversas regiões do país “inovações” arquitectónicas que nem sempre correspondem ao gosto dos mais sensíveis e os mais informados. Recuando no tempo ainda lembramos os “estilos” que iam sendo apresentados por arquitectos, engenheiros ou simplesmente construtores civis. Alguns desses estilos surgiam por influência da informação que era colhida nas universidades ou mesmo nas Escolas Industriais. Outros eram por instinto.
Assim, por aldeias, vilas e mesmo cidades a par da construção de casas simples havia outras mais elaboradas que surgiam de ideias pré concebidas. Lembro-me de um estilo de casas que foram fruto da emigração. Em aldeias da beira Serra vêm–se ainda muitas moradias com estilo influenciado pelas vivências de cidadãos que tinham emigrado para a Venezuela e ao regressarem quiseram prolongar recordações numa casa que refletisse o mesmo ambiente. Eram dum estilo característico, que sempre utilizavam os materiais usuais, ao tempo, assim como outras construídas por portugueses regressados do Congo. Eram características e raramente construíam aberrações. Já em tempos mais próximos de nós, a partir de 1970 apareceu um estilo especial e logo se sabia que aquela construção pertencia a alguém regressado dum qualquer país da Europa. Era uma característica inconfundível com a construção dos telhados em telha preta com as duas águas desniveladas a partir do cume e muitas vezes azulejos de interior a “decorar” parte das fachadas!!! Verdadeiramente soluções feias. Foi uma verdadeira praga aqui pelas Beiras e Trás- os- Montes….e não era bonito, não ! Entretanto a indústria começou a descobrir novos materiais que facilitam a montagem de paredes, coberturas e pavimentos. Ora este facilitismo irá provavelmente tornar a construção duma casa ou de um prédio mais acessível. E isso é bom. Mas vai daí nem se olha ao clima, nem à tradição duma determinada região. E estamos a ver crescer como cogumelos as casinhas que apelido de ”caixa de sapatos”, isto é, as casas cúbicas, de terraços como cobertura, estilo algarvio!!!! E assim temos a “nossa” arquitectura beirã completamente adulterada e as paisagens conspurcadas. E quem devia controlar estas aberrações deviam ser os Serviços Técnicos das Autarquias, onde deviam existir pessoas com sensibilidade para conter estas ondas, já que podem, ou não, aprovar os projectos que lhes são apresentados ou aconselhar algumas alterações… Que cada um perceba o que está em causa…