“É favor, falar um bocadinho mais alto, qu`eu sou surdo!”


A cena icónica de Vasco Santana, no filme “Canção de Lisboa”, a expor a dificuldade quotidiana de quem tem perda de audição, desencadeia uma risada, perante a necessidade de comunicar. Um simples funil, passa de objeto banal para uma descoberta milagrosa, e a alegria demonstrada pela audição recuperada é o sinal evidente da tristeza diária que o senhor padecia.
O ouvido é um órgão complexo, está dividido em três áreas: ouvido externo; ouvido médio e ouvido interno. O ouvido externo conduz os sons até ao tímpano, que ao vibrar, move os pequenos ossos localizados no ouvido médio, amplificando o som para o líquido que está na cóclea, localizada no ouvido interno. O som é transformado em impulso elétrico, para que a massa cinzenta (cérebro) o possa reconhecer. (Curiosidade do corpo humano: o estribo é um dos três ossículos que compõem o sistema do ouvido médio, sendo o mais pequeno osso do corpo humano!)
As causas mais usuais de perda de audição devem-se:

  • Traumas na cabeça (acidentes ou desportos de grande impacto, como por exemplo boxe, luta livre, rugby, artes marciais);
  • Inflamações do ouvido médio- otites médias recorrentes (muito frequentes nas crianças devido ao acúmulo de muco nasal que pode ser transportado para o ouvido médio);
  • Mudanças bruscas de pressão (o ouvido médio é oco, quando mergulhamos ou viajamos para altitudes mais elevadas a pressão no tímpano pode provocar danos severos. A sensação de som abafado e estalidos, pode ser revertida com a abertura da boca ou bocejar, para equilibrar as pressões entre o exterior e o ouvido médio);
  • Ruído contínuo, ou exposição a frequências sonoras altas, causa perda progressiva da audição.
    O envelhecimento é outra causa de perda auditiva, embora de forma natural, a pessoa é sujeita a desgaste do ouvido interno. Por vezes, a utilização de produtos no canal auditivo, como por exemplo cotonetes, fazem também diminuir a capacidade de ouvir devido à compressão da cera junto ao tímpano.
    Seja funil, seja aparelho, seja o engelhar do olhar quando quer escutar, seja a mão em concha para amplificar o som inaudível, todo o processo de não ouvir, prejudica a sua saúde psíquica e mental. Não perca a melodia que gosta, não perca o diálogo com a família, não seja dominado pelo silêncio ensurdecedor…. Há perdas auditivas, que podem ser recuperadas, procure ajuda e não se isole.