Vai-te Qatar!


Começou no dia 20 de Novembro o Mundial de Futebol de 2022, desta feita no Qatar, no médio Oriente. Envolto desde o início em grande polémica devido a acusações de corrupção no processo de escolha, este Mundial fica desde já para a história não só porque está a ter lugar a meio dos principais campeonatos de futebol mas principalmente porque o Qatar não é propriamente um país que tenha os mesmos princípios democráticos e civilizacionais da maioria dos países que lá estão a participar.
O Qatar tem estado a ser criticado pelo tratamento dos trabalhadores migrantes, principalmente os que estiveram envolvidos na preparação desta competição, mas também pelas leis conservadoras que o Ocidente entende colocarem em causa os direitos e liberdades dos cidadãos.
Na semana passada, Marcelo Rebelo de Sousa foi também alvo de críticas, devido a declarações que foram interpretadas como de desvalorização desta temática: “O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal…, mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio”, atirou, na altura, o Presidente da República.
Um Mundial deve ser um momento de união à volta de um desporto que é tão útil para tantas comunidades, que tanto trabalho de integração de jovens com dificuldades tem feito. Mas não este… este Mundial não traz nada disso.
Neste Mundial que ocorre no emirado absolutista do Qatar, um dos países mais ricos do mundo, aconteceu tudo ao contrário. O poderio financeiro do petróleo e do gás natural sobrepôs-se aos valores do Desporto e somos convidados a dissimular as mais gritantes violações dos direitos humanos em troca de gás natural e petróleo.
Pouco importam as posições públicas de seleções como Inglaterra, Dinamarca, Austrália e Estados Unidos, assim como as cartas abertas da Amnistia Internacional ou da Human Rights Watch.
Este Mundial não é para todos, mas a indignação termina quando a bola começa a rolar. A partir daí, nada mais interessa e de todos os “poderosos” que governam o mundo, ninguém deixará de bater palmas nas tribunas. E, apesar da nossa indignação, a hipocrisia dos organizadores e dos políticos irá continuar e não irá terminar com o último apito final do último jogo, por mais que isso nos custe!