2023 no Decorrer do Tempo

Os anos do nosso calendário não são unidades temporais estanques, fechadas sobre si mesmas. O tempo é continuo, imparável e sem fronteiras. Cada Ano Novo herda toda a história e dá-lhe algum desenvolvimento que passa ao ano seguinte.
Embora fisicamente o ano de 2023 comece a 1 de janeiro, muitas são as entidades e as circunstâncias em que, sobretudo no último trimestre de um ano, se começa a preparar e a trabalhar o ano seguinte. Em que se começa a influenciar o futuro de acordo com os recursos disponíveis e com a melhor conveniência e perspetiva.
Desde logo os processos de elaboração dos planos de atividades e orçamentos, a definição de estratégias, o estabelecimento de objetivos, a assinatura de contratos. A elaboração de projetos, os planos de vida, entre muitas outras dimensões pessoais e corporativas.
Meter em perspetiva um ano é de certa forma antecipar, antever o que pode acontecer. Em geral os organismos necessitam de cenários de referências para suportar a sua atividade e orientação. Em todo o caso, por melhor que se perspetive, a realidade sempre surpreenderá, para melhor ou para pior. Flexibilidade e capacidade de ajustamento sobre o planeamento são sempre fundamentais.
A exploração de novas oportunidades, a antevisão dos problemas e a gestão do risco devem estar sempre presentes.
Como escrevi em artigo anterior, a atividade económica, nos últimos séculos, nunca foi linear. Tem tido altos e baixos, com ciclos de expansão e de recessão económica .
Neste contexto o ano de 2022 deixa uma má herança a 2023 : uma guerra em curso, alta taxa de inflação, decrescente crescimento económico, taxas de juro a crescer a uma ritmo que não se via há muito tempo. Problemas geopolíticos, volatilidade nos mercados financeiros, tendência crescente de cyber ataques.
A expansão da globalização está em desaceleração dando lugar a um modelo de economia com ciclos de fornecimento mais curtos, com mais tendência para a reindustrialização na europa com maior autonomia em áreas criticas e menor dependência da Ásia e da China em particular. De forma irreversível, ganha cada vez mais ritmo a transição digital e energética.
O mundo continua errante, sem uma coesão global, sem paz garantida, com assimetrias económicas e sociais avassaladoras, com arsenais militares gigantescos e perigos sempre eminentes. Uma ameaça climática não controlada e com alguns danos irreversíveis.
2023 será um ano difícil, mas não será o fim do mundo, e à semelhança de outros anos difíceis, há- de ser ultrapassado e abrir nova esperança aos anos seguintes.
Cumpra-se, pois, 2022 e enfrente-se com coragem e esperança 2023.