
VIAS HISTÓRICAS DO CONCELHO DE MANGUALDE
Na sequência da abordagem feita relativamente às modestas e muito primárias vias de outrora, que seriam utilizadas pelos cidadãos do concelho, nas suas deslocações à vila de Mangualde irei sublinhar a importância da conhecida estrada de paralelos que liga ainda hoje a Estação a Mangualde. Era a única após a construção da via- férrea da Beira Alta nos finais do séc. XIX. O acesso à Gare era feito a partir de um pequeno largo recortado numa alta encosta e empedrado que tinha um portão de ferro corredio por onde passavam os modestos carros de bois ou carroças que se dirigiam ao cais das mercadorias. Também era por aqui que se deslocavam as ainda rudimentares camionetas de caixa aberta de um qualquer comerciante mais endinheirado que ganhava a vida fazendo o transporte, ou seja fretes pagos, de encomendas ou materiais variados a despachar. Vinham de todo o concelho e dos concelhos da beira Serra onde se localizavam diversas fábricas de tecidos de lã. Foi a partir deste Largo da Estação que se construiu a única estrada possível e em paralelos na direcção da vila que distava cerca de 3 Km . O percurso nos primeiros 2 km foi talhado a meio de uma encosta criando curvas e contra curvas relativamente apertadas. Mesmo assim foi uma bênção para as populações dos arredores e de aldeias mais distantes. A utilização da carroça, do carro de bois e dos burritos era o único alívio para os cidadãos nas suas deslocações à Feira com os carregos dos seus produtos do campo ou animais de criação, sobretudo. A estrada até era bem bonita – o piso central de paralelos em espinha era rematado com guias de granito e as bermas empedradas com uma espécie de seixos toscos. Em resumo, era uma via bonita só tinha o inconveniente de algumas curvas apertadas que, mais tarde, com o aparecimento dos automóveis de grande cilindrada exigiam cuidados na condução. Foi uma estrada que contribuiu por várias décadas para o desenvolvimento da vila e, embora velhinha e completamente “abandonada”, tem belas estórias para contarmos, e por isso continuaremos.