POVOS PRIMITIVOS DA PENÍNSULA IBÉRICA


Como deixámos escrito em texto anterior, faremos agora referência aos Fenícios, Gregos e Cartagineses.
Os Fenícios eram um povo de comerciantes e navegadores. Criaram entrepostos comerciais ao longo do Mediterrâneo, chegando às costas da Península Ibérica e do Norte de África. No século IX a.C. estabeleceram colónias e feitorias ao longo da costa africana, dentre as quais sobressaiu Cartago. Na Península estabeleceram-se na costa meridional onde fundaram Málaga, Cádis, etc.
Aos Fenícios seguiram-se os Gregos, os quais, igualmente movidos por interesses comerciais, se estabeleceram na Andaluzia Oriental onde fundaram várias colónias. Estenderam-se depois para o Norte, ao longo da costa, ocupando as Ilhas Baleares e fundando Marselha no ano 600 a.C.
Os Cartagineses, quer pela força das armas, quer pela fundação de colónias, procuravam obter o predomínio político e comercial do Mediterrâneo. A princípio limitaram-se à colonização costeira, à semelhança do que fizeram os fenícios e os gregos, mas depois essa colonização transformou-se em verdadeira ocupação territorial, o que deu origem a várias lutas com os povos indígenas e com as colónias gregas. A sua ocupação territorial terminou com a 2ª guerra púnica e a invasão da Península pelos romanos.
Antes dos Romanos, as instituições políticas variavam de povo para povo. Na impossibilidade de fazer uma referência a cada uma dessas instituições, limitar-nos-emos a referir o tipo mais vulgar, que corresponde ao que era adotado pelos Lusitanos, dos quais descendemos.
O grupo social que estava na base de toda a organização política era a cidade. Esta era um centro populacional, formado quase sempre por uma população fortificada, a que os romanos chamavam oppidum, envolvida por outras povoações de natureza rural.
A estrutura da cidade compreendia várias gentilidades, em tudo semelhantes às “gentes” da primitiva organização social romana. Eram formadas por um conjunto de famílias que se julgavam descendentes dum antepassado comum e, por isso, adotavam idêntico culto religioso e obedeciam ao mesmo chefe. Este exercia um poder absoluto sobre todo o grupo, à semelhança do pater familias romano.
Num plano superior existia a tribo (grupo de cidades). Cada tribo formava um estado independente, com o seu chefe político e governo próprios. O seu número variava de povo para povo. Escritores latinos referem que os Lusitanos estariam divididos em 30 tribos, o que equivale a dizer em 30 estados independentes. Quando se sentiam ameaçados por um invasor estrangeiro, uniam-se para o enfrentar, formando uma espécie de confederações de tribos, sob o comando de um chefe único. De entre os chefes mais aguerridos dos Lusitanos destacam-se Viriato e Sertório. Por vezes uma tribo era anexada por outra.
Entre os povos primitivos da Península também existiam classes sociais. A nobreza, a classe preponderante, era constituída pelas famílias mais poderosas, quer sob o aspeto económico, quer sob o aspeto militar. A seguir vinham os homens livres, a classe mais numerosa. A situação económica desta classe social era muito variável. Alguns viviam em condições miseráveis e, por isso, se acolhiam como clientes à proteção dos poderosos.
A classe dos clientes e a dos servos formavam os estratos sociais mais desfavorecidos. Quanto aos primeiros, por vezes preferiam estabelecer um acordo de clientela, que definia a relação permanente entre o patrono e o cliente, segundo o qual o primeiro dispensava proteção económica e pessoal ao cliente e família. Em contrapartida, o cliente prometia submissão e fidelidade ao patrono.